Faz agora 33 anos...

José Casanova
 

José Casanova

Em Setembro de 1976 – faz agora 33 anos – tomava posse o I Governo Constitucional, presidido por Mário Soares. Era um Governo minoritário: o PS rejeitara sistematicamente as insistentes propostas do PCP no sentido da criação de um Governo de esquerda – rejeição que indiciava a intenção do PS de levar por diante uma política de direita. Como de facto aconteceu.

Com esse Governo era dado o arranque oficial da política de direita que, desde então, viria a ser praticada por sucessivos governos PS/PSD (às vezes com o CDS/PP), chefiados por dirigentes desses dois partidos, designadamente, para além de Mário Soares, Sá Carneiro, Cavaco Silva, António Guterres, Durão Barroso/Santana Lopes, José Sócrates. Esse I Governo Constitucional PS/Soares deu os primeiros grandes passos na ofensiva contra-revolucionária, tendo como alvos prioritários as grandes conquistas da Revolução, os direitos dos trabalhadores, a independência e a soberania nacionais, os direitos, liberdades e garantias dos cidadãos, a Constituição da República Portuguesa, enfim a Democracia de Abril.

E os governos que, ao longo dos anos e até hoje, lhe sucederam seguiram-lhe os passos à risca, cada um levando mais longe a contra-revolução do que o anterior, cada um flagelando mais a democracia do que o anterior – e todos assumindo-se como autênticos conselhos de administração dos interesses do grande capital. Foi assim, então, em consequência de 33 anos de aplicação dessa política de direita, ora pelo PS, ora pelo PSD, que Portugal chegou à grave situação actual.

Tudo isto torna grotesco – e insultuoso para a inteligência dos eleitores - o espectáculo que dirigentes do PS e do PSD, em especial José Sócrates e Manuela Ferreira Leite, têm vindo a representar: sempre assobiando para o lado em relação a esses 33 anos em que os dois partidos, eles e só eles, estiveram no Governo; sempre apresentando a política que até aqui fizeram como solução para os problemas criados por essa política; cada um apresentando-se, e aos seus partidos, como a alternativa.

Ora, como a história e a realidade mostram, a questão que se coloca ao eleitorado no dia 27, não é a de optar entre o PS e o PSD; nem entre José Sócrates e Manuela Ferreira Leite – porque essa seria a opção pelo mais do mesmo, pelo tanto-faz, na medida em que o voto no PS ou no PSD é um voto com 33 anos de idade, é o voto na política de direita comum aos dois.

A verdadeira opção que se coloca aos portugueses é: ou a velha política de direita, há 33 anos praticada pelo PS e pelo PSD, e responsável pelos problemas existentes - ou uma nova política, de esquerda, que inicie de facto a resolução desses problemas. Dito de outra forma: ou o prosseguimento dessa velha política de direita, com que o PS e PSD têm vindo a afrontar a Constituição da República Portuguesa e os ideais de Abril e a empobrecer a democracia - ou uma nova política, de esquerda, respeitadora da Lei Fundamental do País e inspirada nos ideais de Abril, rumo a Abril de novo.

E é nessa política de esquerda que está a política alternativa.

E é na CDU que está a alternativa política.