Intervenção de Jerónimo de Sousa, Secretário-Geral do PCP no Comício do Campo Pequeno
24 de Setembro de 2009
Jerónimo de Sousa

Uma primeira saudação a todos os que aqui estão e aos muitos outros milhares que têm contribuído para a construção desta campanha: aos nossos parceiros de coligação do PEV e da ID, aos milhares de independentes e a todos os activistas e militantes que, com a sua acção, têm afirmado a CDU como a mais coerente e decisiva opção de voto dos que aspiram a uma ruptura com a política de direita e a um novo rumo na vida do país.

Essa militância generosa que nem nós vemos, mas que é feita nas pequenas acções, no esclarecimento e na mobilização para o voto por esse país fora!

E uma saudação especial aos Toca a Rufar, ao Samuel e à Luísa Basto que com a sua presença trouxeram a este comício uma expressão de alegria, essa alegria que anima e faz confiar quem se bate pela construção de uma vida melhor.

Este grande comício e a impressionante expressão de confiança que dele transborda é testemunho da campanha eleitoral de uma força a crescer e que a crescer continuará até ao dia das eleições. Como observámos em muitas iniciativas, são muitos os que nos querem ouvir seja nas arruada ou mesmo nos passeios ao lado do comícios.

Uma força que transporta um caudal imenso de esperança de que sim, é possível uma vida melhor, de que é possível uma ruptura com a política de direita, de que com a força do povo e a sua vontade é possível a mudança a sério que o país precisa e construir com a CDU um outro rumo e um outro caminho de justiça e de progresso para Portugal.

Dia 27, os trabalhadores e o povo português têm uma oportunidade única para mostrar que o país não está condenado ao retrocesso, às injustiças e à desigualdade. Uma oportunidade para, com o seu voto na CDU, condenar um governo e uma política que tantas dificuldades e amargura causou. Uma oportunidade para, com o seu voto na CDU, fazer ruir o falso dilema das soluções construídas em mais do mesmo que PS e PSD há mais de trinta anos vêm impondo ao país. Uma oportunidade para, com o seu voto na CDU, afirmar uma política e um governo de mudança, verdadeiramente de esquerda, ao serviço dos trabalhadores, do povo e do país.

No próximo domingo aquilo que verdadeiramente novo e decisivo pode resultar das eleições é uma expressiva votação na CDU e o reforço do número de votos e de deputados.

Decisivo, para que no dia seguinte muitos não se apercebam tardiamente quanto o seu voto poderia ter contribuído para evitar que aqueles mesmos que tantas dificuldades impuseram e tantos direitos liquidaram se encontrem com as mãos livres não apenas para prosseguir, mas para agravar essa ofensiva.

É vê-los e ouvi-los, como ontem o PS enfunado pelas sondagens, perder o verniz e voltar a ajustar contas com a luta e com quem lutou contra a sua política.

Decisivo para que aqueles que ofenderam direitos e feriram a dignidade e as condições de vida de milhares de portugueses se não sintam a «cantar de galo», com a arrogante certeza de que façam o mal que fizerem, as promessas e a demagogia eleitoral tudo resolvem em vésperas de eleições. Decisivo para, com o seu voto na CDU, impedir mais quatro anos de penosos sacrifícios, de inaceitáveis injustiças e de impune aumento da exploração de quem vive do seu trabalho e honrada actividade com pequenos rendimentos.

Um voto decisivo para aqueles muitos e muitos milhares de eleitores do PS que, desencantados com o engano de há quatro anos, podem ter agora na CDU a opção certa para ver realizada a sua profunda aspiração a uma política de esquerda que lhes assegure uma vida digna e com direitos.  

Um voto decisivo para todos aqueles que, desiludidos com as falsas promessas e desencantados com o que PS e PSD têm trazido ao país, muitas das vezes com o seu apoio eleitoral, encontrem agora e, finalmente, com o seu voto e a sua confiança na CDU uma prova de que é possível mudar, uma prova de que não são todos iguais, uma prova de que há quem respeite a palavra dada e honre os compromissos assumidos.

Um voto decisivo para todos aqueles que hesitando ainda sobre o voto certo para derrotar PSD e a política de direita do PS, encontrarão na CDU a opção mais segura, não apenas em palavras ou em frases feitas, para assegurar uma alternativa verdadeiramente de esquerda. Aos que connosco convergiram na luta social, convirjam connosco na opção eleitoral, votando na força amiga, combativa e solidária.

O voto de quem não troca o certo pelo incerto, de quem confia em quem conhece das pequenas e grandes lutas, da presença solidária na hora em que foi preciso defender os direitos.

A todos quantos hesitam ainda sobre se vale a pena daqui lhes queremos afiançar que  na CDU  se ancora a força em quem se pode confiar pelo que faz e propõe.

Aos que parecem de novo atraídos pelas palavras doces e delicadas do PS, daqui lhes dizemos: basta ver de novo, ainda os votos não estão contados a soberba arrogância que nos últimos dias invadiu a sua campanha para se perceber quantas arrogâncias mais, os trabalhadores e o povo português terão de suportar se Domingo à noite PS e Sócrates vissem premiadas as suas desastrosas políticas.

Para aqueles que agitam o fantasma da falta de governabilidade e de uma suposta instabilidade em que a perda da maioria absoluta colocaria o país, daqui lhes dizemos também:  o país está farto de maiorias absolutas,  destas maiorias que promovem a tal estabilidade para os grandes negócios e tornam instável, insegura, incerta, se não mesmo insuportável, a vida de milhões de portugueses.
Não, o país não precisa de uma nova maioria absoluta facilitadora dos negócios e dos lucros dos grandes grupos económicos. O que vai na cabeça de alguns quando falam de estabilidade é a estabilidade para despedir trabalhadores, para fechar empresas; para jogar milhões na bolsa e beneficiar de apoios do Estado. É a estabilidade para baixar salários; comprar por “tuta e meia“ empresas públicas, no fundo, é a estabilidade conveniente, para prosseguir o rumo dos sacrifícios que têm sido impostos aos trabalhadores e ao povo português.
É por isso que nós dizemos que o voto na estabilidade, mas na estabilidade da vida das pessoas é o voto na CDU. 
Aqui na CDU está quem mais pode pesar e decidir de uma nova política, o voto que não trai esperanças e confiança, a força que não faltará na hora de dar combate à política de direita, os deputados que hão-de pesar para impor uma nova política, um outro rumo e um outro governo para o país.

O voto na CDU é o voto mais certo, mais seguro e coerente para uma politica de esquerda. O voto que conta e pesa sempre para derrotar a direita e a política de direita. O voto que, garantidamente, não servirá de muleta a uma qualquer política que não rompa decididamente com o rumo e as opções que têm dominado a acção de sucessivos governos, quer do PS quer do PSD. O voto numa força com um trajecto de trabalho e intervenção, propostas e soluções para os problemas nacionais, pronta e preparada para assumir todas as responsabilidades que os portugueses lhe quiserem dar com o seu voto no próximo domingo.

Esta campanha tornou evidente que os que têm governado o país não têm nenhuma resposta nova, nenhuma nova solução para resolver os problemas do país e dos portugueses.

Mandato após mandato a prometer um país no pelotão da frente do desenvolvimento do Portugal que está na moda, PS e PSD o que têm para apresentar é o caminho que nos  tem conduzido  à degradação económica e social e à crise.

Uma campanha que mostrou quanto ilusórios e equívocos são os três proclamados grandes feitos do governo do PS de José Sócrates – o da defesa do Estado Social, o do combate às desigualdades e o do combate ao défice. Fica claro nesta campanha que não foi o Estado Social que o governo de José Sócrates defendeu nestes quase cinco anos de governação.

Estranha forma de defender o Estado Social, encerrando serviços públicos essenciais ao bem-estar das populações e aumentando as taxas moderadoras e os custos do ensino, para em seu lugar floresceram os negócios privados dos grandes grupos económicos.

Absurda forma de defender o Estado Social quando se atacam os direitos sociais concebidos como direitos gerais e universais que são direitos de todo o povo, a favor de uma visão e uma prática assistencialista disfarçada de discriminação positiva às camadas mais desfavorecidas. Inaceitável forma de defender o Estado Social quando se retiram e mutilam direitos laborais duramente conquistados pelos trabalhadores.

Não se combatem as desigualdades sociais, mantendo intocáveis as grandes fortunas e perpetuando a injusta distribuição do rendimento nacional, promovendo uma reforma da segurança social que degrada as pensões e eterniza as situações de pobreza na velhice.

Não se combatem as desigualdades permitindo, como o permite o governo do PS, que a banca pague menos de IRC do que qualquer trabalhador paga de IRS ou qualquer pequena e média empresa paga de IRC.

E, quanto ao défice, essa vitória efémera, esse grande feito que já não é e que agora dispara, conseguida apenas à custa de mil sacrifícios dos trabalhadores e do povo, da destruição de direitos sociais e do desenvolvimento do país, foi esbanjado, no fundamental, não como se diz, em medidas de combate à crise que permanece, mas para encher o bolso dos banqueiros e em ilusórios expedientes de distribuição de migalhas de limitado alcance social e económico.

Défice sobre o qual agora fazem um religioso silêncio, acerca de quem vai pagar a factura.

Que ninguém se iluda, este silêncio tem “água no bico”. Este silêncio não é sério porque esconde deliberadamente o que de novo preparam se tiverem força e votos para isso.

Uma campanha que deixou bem claro as requentadas opções e objectivos do PSD e também do CDS.

Que ninguém duvide. O que PS e PSD (para não falar do CDS) têm nos seus programas são mais sacrifícios para o povo, mais desemprego, mais degradação dos sectores produtivos, mais falências em série e roda livre à gula dos que dominam os sectores estratégicos da economia e impõem os seus preços de cartel a toda a economia.  Uns e outros não dizem ao povo como se combate a pobreza, o desemprego, a injustiça fiscal e propõem que se mantenha intocável o privilégio e benefício dos intocáveis.

É por isso que no próximo dia 27 é preciso dizer Basta! Basta de Injustiças! Basta de uma política que sacrifica sempre os mesmos.

Há quem diga que o PS é a esquerda possível, para justificar o voto útil. Mas esta é apenas a esquerda que copia a direita e torna inútil o voto do povo. A esquerda que deixa a direita sem saber mais o que fazer, porque tomou as suas principais políticas e propostas.

A esquerda que abre garrafas de champanhe, por cada privatização; que classifica como privilégios corporativos os direitos laborais; que passou a eleger em uníssono com os partidos da direita e o grande capital, os direitos colectivos e as funções sociais e económicas do Estado como a origem de todos os males; que rejubila com a eleição do neoliberal Durão Barroso e acena com o fim dos offshores para “inglês ver” e nunca concretizar.

Esta “esquerda possível” é tão só  “esquerda faz de conta” que acena com o papão da direita para que a sua política sobreviva. 

É por isso que é preciso muito claramente dizer: o voto no PS é fortalecer a política de direita; é dar força à política que o PSD não desdenharia realizar!

Foi por isso que vimos em toda a campanha e ainda vemos o PSD de Manuela Ferreira Leite a falar de TGV e dos prazos das auto-estradas e a dar corda ao interminável romance da asfixia, para esconder no acessório aquilo que no essencial os identifica. 

As mesmas respostas formatadas pelo modelo neoliberal de construção europeia que ambos abraçam e não questionam; as mesmas respostas do Pacto de Estabilidade da estagnação; as mesmas respostas do monetarismo do Banco Central que secundariza a criação de emprego e o crescimento económico; as mesmas respostas da submissão à Estratégia de Lisboa, das privatizações e das liberalizações que arruínam a nossa economia. 

A direita, os partidos da direita, não se combatem tomando em mãos as políticas que estes não desdenhariam fazer. Os partidos da direita derrotam-se dando mais votos à única força de esquerda com um projecto claro de ruptura – a CDU. 

É por isso que a verdadeira opção no próximo dia 27 não está em escolher entre Sócrates e Ferreira Leite. A verdadeira opção no próximo Domingo é entre deixar que prossiga esta mesma política que o país conhece ou decidir  pela ruptura e pela mudança, votando na CDU, na grande força verdadeiramente empenhada na oposição a esta política e a este rumo que o país leva. 

Esta campanha mostra que não está escrito nas estrelas que as injustiças são uma fatalidade e que os portugueses estão condenados à eterna dependência de dois partidos que, com o contributo do CDS, têm fechado as portas a uma verdadeira alternativa capaz de promover o desenvolvimento e o progresso do país. Que há cada vez mais portugueses que compreendem que o país precisa de um novo rumo, de um novo governo, de uma política alternativa de esquerda para construir um país mais justo, mais solidário e mais desenvolvido.

Nesta campanha ficou claro que existe uma política e um modelo de desenvolvimento verdadeiramente alternativo e uma força – a CDU – disponível para encontrar os caminhos da sua concretização.

É na CDU que está a mais sólida garantia de construção de um Programa de mudança e de ruptura capaz de responder aos problemas do país, dos trabalhadores e do povo.

Um Programa de ruptura, patriótico e de esquerda que perspectiva um novo rumo para Portugal recentrado na afirmação de um desenvolvimento económico sustentado e vigoroso, na criação de emprego, na redução dos défices estruturais, na valorização do trabalho e dos trabalhadores, no aprofundamento da democracia e na afirmação da independência e soberania nacionais.

Estamos a três e decisivos dias de confirmar a CDU como a grande força de alternativa necessária ao país e a uma nova política. A três dias de encetar o caminho, com o apoio e o voto dos portugueses na CDU, a ruptura e a mudança que o país precisa e que a dimensão dos problemas reclama.

O voto mais seguro e coerente para derrotar a política de direita, o voto mais sério e decisivo para derrotar o PSD e o CDS, o voto de facto útil para todos quantos desejam uma viragem à esquerda na política nacional.

A três dias de poder dar, com o voto na CDU, coerência à indignação e ao protesto pelas promessas não cumpridas pelo PS e o seu Governo e de afirmar com o voto na CDU que não estão esquecidas as responsabilidades passadas do PSD e do CDS.

Na CDU reside o voto que não trai, que não esquece os seus compromissos depois dos votos recolhidos, que não deserta de nenhuma luta em defesa de direitos e mais justiça social.

O voto que conta verdadeiramente para uma nova política, tão mais próxima e possível quanto mais votos, mais deputados, mais força a CDU tiver no dia 27.

Vamos, nestes três dias que faltam, acabar de construir aquele resultado que desmentindo presságios e ilusórias alternativas, está em condições de decidir uma nova política.

Vamos nestes três dias que ainda faltam assegurar que esta corrente imensa de confiança na CDU; que este reconhecimento de que é com a CDU que contam para uma vida melhor; que esta esperança grande que anima muitos trabalhadores que se nos dirigiram de que com a CDU é possível mudar; que esta alargada consciência feita de experiência vivida de que, dêem as voltas que derem, não há uma política de esquerda sem a CDU – desaguará em mais votos e deputados indispensáveis a um outro governo e a uma outra política, de ruptura, patriótica e de esquerda.

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«A razão mais importante para o alargamento das taxas moderadoras (...) não foi nem o objectivo moderador, nem o objectivo financiador, mas sim uma preparação da opinião pública para a eventualidade de todo o sistema de financiamento ter de ser alterado.» -- Correia de Campos, ex-ministro da Saúde do PS, no seu livro Reformas da Saúde - o fio condutor

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