A noite de dia 7 nas televisões

Vítor Dias
 

Vítor Dias

Tudo ponderado, não é excessivamente cedo para pedir quer aos eleitores fiéis da CDU quer a todos aqueles e aquelas que têm tantas boas razões para desta vez dar o seu voto à CDU que, por favor mas a favor de si próprios, pensem bem na importância de não faltarem com o seu voto no dia 7 de Junho.

Ao contrário do que fez o Parlamento Europeu na sua campanha político-publicitária contra a abstenção em que, a par de argumentos mais sensatos, não deixou de incluir a ideia de que o dia de voto também é uma ocasião «para ir a um jardim ou beber um copo», o nosso apelo para uma participação massiva e poderosa na votação de dia 7 de todos os que confiam na CDU tem outros fundamentos mais sérios e cruciais.

Com efeito, não sendo difícil admitir que mesmo na área de influência eleitoral da CDU haja não poucos cidadãos para quem a Europa, o Parlamento Europeu e as chamadas «questões europeias» dizem pouco, ou então que consideram que estas eleições ainda são a «feijões» (rima mas não é verdade), então é necessário dizer-lhes e lembrar-lhes que o Parlamento Europeu pode ficar longe, mas a votação é cá e é cá que os seus resultados terão incontornáveis repercussões.

Sobretudo porque, ninguém duvide, ou darão – como esperamos, queremos e é necessário – um sinal de dinâmica e esperança a favor dos que lutam por mudanças reais e profundas na política nacional ou darão um sinal de resignação e desistência a favor de um futuro de imobilismo que, como a palavra indica, só terá para nos oferecer mais do mesmo.

Os eleitores que já confiaram no passado e estão disponíveis para confiar pela primeira vez há bastante na CDU, sendo como são cidadãos e cidadãs conscientes e empenhados, de uma coisa não podem ter a mais pequena dúvida: é que aquele Secretário-geral do PS e primeiro-ministro que agora, dia sim dia não, nos diz que as eleições são só para o Parlamento Europeu e não terão projecções directas na vida política nacional, será o Secretário-geral do PS e primeiro-ministro que, se no dia 7 o resultado do PS for bom ou pelo menos razoável, estará em todas as televisões a atirar-vos à cara que os resultados mostraram um sólido apoio à política do seu governo, mostraram que tanto falatório sobre descontentamentos e manifestações contra a política do seu governo eram afinal obra de pequenas minorias e que nada nem ninguém pode falar mais alto e mais claro que as urnas.

E a pergunta franca, directa e sincera que quero aqui fazer a todos e a todas que tanto e tão generosamente lutaram contra a injusta política deste governo nos últimos quatro anos é apenas esta : querem passar pela situação de, sentados em casa, terem de ouvir José Sócrates a amesquinhar e desvalorizar a vossa indignação, o vosso descontentamento e a vossa luta, sem ao menos terem a consciência tranquila de que, tendo ido votar CDU, tudo fizeram para que isso não acontecesse?

Quero crer que não querem. E quero crer que perceberão que a nossa frase «Levar a luta até ao voto», longe de ser uma coisa esquisita, é a consigna de maior profundidade e valor democráticos que está presente nesta campanha eleitoral.