A quadratura dos números
29 de Maio de 2009

Para os que julgavam ver na matemática uma ciência exacta a última sondagem da Intercampus desenganou-os.

Rigores à parte, sejam eles fruto da amostra ou dos cálculos de distribuição de indecisos, o que releva com indesmentível novidade nesta sondagem é a elástica propriedade com que os conceitos matemáticos e aritméticos se apresentam revestidos. Aos que confiavam ainda que à proporcionalidade corresponderia alguma relação de medida – do tipo quatro ser o dobro de dois ou nove o triplo de três – esqueçam. Para a Intercampus alguém com 9,9 % de intenções de voto pode eleger três deputados enquanto com 3,5% se não elege ninguém, tipo 3,3% (9,9%:3) maior que 3,5%. Ou melhor ainda alguém com 7,7% pode ter 1 deputado mas alguém com 9,9% pode ter 3 deputados! Ou seja, para forças com pouca variação de votação em que a proporcionalidade é mais respeitada, como é o caso, os 3,3% (9,9%:3) de um pode representar mais que os 7,7% de um outro em matéria de distribuição de deputados. A menos que, na linha da autenticidade cientifica da coisa, se venha alegar que assim é porque as margens de erro foram jogadas em favor de uns e a desfavor de outros.