Tão diferentes e tão iguais

José Neto
 

José Neto

Nestes dias de campanha temos assistido a trocas de mimos e a fogo mais ou menos “rasteiro”, entre os principais candidatos dos partidos da política de direita, PS, PSD E CDS/PP, cujo objectivo é encobrir as semelhanças e fugir à quase identidade que estas três forças têm relativamente às questões europeias. 

Perdem-se, e querem que os eleitores se percam, em polémicas estéreis e questões laterais, pois, na verdade, nada têm de diferente a dizer entre eles, já que, durante este mandato, votaram juntos, da mesma maneira, 93% das propostas apresentadas no P. Europeu. Não é por acaso que não fazem o balanço destes cinco anos – apenas os deputados eleitos pela CDU o fizeram. 
Seria até interessante que essas candidaturas apresentassem aos portugueses duas ou três diferenças essenciais que fossem, sobre questões europeias. Não diferenças abstractas, do tipo de ser mais ou menos europeísta ou federalista, mas sobre problemas reais e concretos. 

A verdade é que essas candidaturas têm a sua assinatura por baixo das políticas neoliberais europeias que têm levado ao crescimento do desemprego, à liquidação dos direitos dos trabalhadores, à desprotecção social e à concentração da riqueza. PS, PSD e CDS/PP aprovaram juntos a famigerada Directiva Bolkenstein, de liberalização dos serviços públicos, a malfadada Directiva da organização e tempo de trabalho, contra os trabalhadores ou a vergonhosa Directiva do retorno.

Como pode, hipocritamente, Vital Moreira criticar as leis, fascizantes, de Berlusconi sobre imigração, quando o seu Partido lhes abriu as portas na Europa? 
Como podem Vital e Rangel fingir desentender-se acerca da proposta de um imposto federalista europeu sobre transacções financeiras, quando, um dia depois, os seus partidos, mais o CDS, votam na AR contra os projectos-lei do PCP que permitiriam taxar bens de luxo, transacções bolsistas e lucros milionários das empresas, de forma agravada, neste período de crise financeira? 
E como podem, despudoradamente, as campanhas de Vital e Rangel acusar, mutuamente, os respectivos partidos de envolvimento em corrupção, quando os seus partidos não só a favorecem, como ambos têm telhados de vidro? 

Há efectivamente um bloco central em acção, na Europa. Lá, como cá, na Assembleia da República, onde PS e PSD forjaram juntos o Pacto de Justiça e juntos com o CDS votaram o Código do Trabalho ou o chamado “Tratado de Lisboa”.

Mas, e é preciso não esquecer, há também os que, como o BE, continuam a falar, de forma fraudulenta, no nosso alegado “nacionalismo” e “soberanismo”, até para esconder o seu federalismo constituinte na defesa da “Constituição europeia”. 
 

Aparecem agora, PS e PSD, muito preocupados com a previsível elevada abstenção. Que “seria uma vergonha para Portugal”, diz Vital. Que seria “má para a democracia”, diz Rangel. Os mesmos cujos partidos impediram, na prática, a discussão sobre a construção europeia e recusaram o referendo que haviam prometido sobre a Europa. A provar como não é séria a sua preocupação com a abstenção, que em última análise os pode servir. 
Estamos a dias das eleições. Como é costume, os outros têm as sondagens e as encenações da política espectáculo. Nós na CDU, como sempre, estamos no terreno, olhos nos olhos, com os trabalhadores, com os portugueses. 

No próximo domingo,dia 7, faremos do voto na CDU um grande jornada de luta contra a política de direita. 
 
 

José Neto