Carta ao director do Diário de Noticias
02 de Junho de 2009

Registamos que na vossa edição de 2 de Junho, na secção dedicada a cartas dos leitores, foi incluída, com grande destaque face ao restante enquadramento, uma fotografia de um acto de campanha da CDU, ilustrando o que chamaram de “duras críticas” dos leitores à forma como está a decorrer a campanha eleitoral das eleições para o Parlamento Europeu.

 

Ex.mo Sr. Director - Diário de Notícias
Registamos que na vossa edição de 2 de Junho, na secção dedicada a cartas dos leitores, foi incluída, com grande destaque face ao restante enquadramento, uma fotografia de um acto de campanha da CDU, ilustrando o que chamaram de “duras críticas” dos leitores à forma como está a decorrer a campanha eleitoral das eleições para o Parlamento Europeu.


É com profunda indignação que registamos a ostensiva associação do descontentamento dos vossos leitores à campanha da CDU, através de um inaceitável acto de manipulação.


O DN constrói uma peça em que destaca com caixa própria e cor diferente do restante enquadramento, duas cartas dos leitores, da responsabilidade dos mesmos, caracterizando de forma depreciativa e ofensiva a campanha e os seus intervenientes. Receando a insuficiência do destaque, decide dar-lhe como título um esclarecedor: “Os pretensos candidatos à Europa”. Não satisfeito com a eficácia face ao objectivo pretendido, associa à operação de manipulação uma fotografia de campanha da CDU. Acto tão mais abusivo quanto raras têm sido as ocasiões em que o DN tem dado igual notoriedade à campanha da CDU e aos seus candidatos.


Não se invoque que o DN não é responsável pelas cartas dos leitores. Mesmo que se aceitasse, o que não aceitamos, que um jornal ou quem o edita, é inimputável pelo seu conteúdo, o que aquela peça revela está muito para lá da opinião dos leitores.


Pelo enquadramento e ilustração, o que o DN quis construir, num eloquente testemunho de que pode valer tudo para atingir fins não confessados, foi um acto de pura instrumentalização para atingir fins políticos e eleitorais. Desejando que não prevaleça nesse órgão de comunicação social uma postura ditada pela total ausência de princípios, subscrevemo-nos.


Com os melhores cumprimentos,
Jorge Cordeiro
Membro da Comissão Política do PCP e da Coordenadora da CDU