Nove e meia da manhã de uma segunda-feira feriado não será propriamente o momento mais indicado para uma acção de campanha eleitoral. Mas isto não impediu que largas dezenas de pessoas estivessem à espera de Jerónimo de Sousa numa praça de Montemor-o-Novo. Vários eram jovens, empenhados na construção de uma vida melhor, muitos outros tinham nas rugas marcas impressivas de uma vida já longa marcada pelo duro trabalho do campo e pela aspereza de tantas e tantas lutas travadas antes e depois do 25 de Abril. Entre eles, contavam-se dirigentes e militantes locais do Partido, o presidente da Câmara Municipal, Carlos Pinto de Sá, o deputado eleito pelo distrito de Évora, João Oliveira, e o histórico dirigente do Partido António Gervásio.

O povo de Montemor-o-Novo nunca esperou que a liberdade e os direitos lhes caíssem do céu. Nos anos sessenta, juntamente com os trabalhadores de muitas outras localidades, esteve na primeira linha da conquista da jornada de trabalho de oito horas. Sem leis que a regulamentassem nem autorização de nenhum agrário – simplesmente recusando-se a trabalhar um minuto mais. Nos dias, anos e meses da revolução, ocupando terras e trabalhando-as, distribuindo de forma igualitária os proventos da produção – forçando, depois, o poder político a consagrar em lei e na própria constituição as conquistas alcançadas. Por isto, Montemor é especial, como o são outras localidades do imenso Alentejo...

Quando Jerónimo de Sousa chegou, foi recebido com entusiasmo. Não daquele que muitos sentem ao ver e cumprimentar alguém com notoriedade e fama, mas daquele que manifesta quando se vê um amigo de longa data – mais do que a uma pessoa, cumprimentando o Secretário-geral do Partido, é todo o Partido que se saúda e o seu percurso de heroísmo e combate pela liberdade, pela democracia e pelo socialismo.

Saudando os presentes, o presidente da Câmara Municipal e novamente candidato Carlos Pinto de Sá lembrou que em Montemor-o-Novo, os activistas e candidatos da CDU trabalharam e lutaram e «a CDU cresceu», tendo sido a força mais votada nas eleições para o Parlamento Europeu e para a Assembleia da República. No próximo domingo, acredita, «voltaremos a dar uma grande contribuição para o crescimento da CDU».

Com esta «grande vitória da CDU» que se espera no dia 11, prosseguiu o candidato, não só se dá mais força à luta pela ruptura e pela mudança como se garante a continuação da construção de um «concelho melhor».

Jerónimo de Sousa, que falou com um cravo na mão (que lhe tinha sido oferecido momentos antes), mostrou-se confiante num bom resultado em Montemor-o-Novo. Pela obra feita no concelho, pelo «trabalho, honestidade e competência» manifestados pelos eleitos locais da coligação. Após recordar que o PS foi penalizado nas urnas pela política que realizou nos últimos anos, o dirigente comunista destacou ter sido a luta que o derrotou. Mas, alertou, se puderem retomam a ofensiva.

Em sua opinião, votar na CDU é também reforçar aqueles que sempre que foi necessário – e contra ventos e marés -estiveram ao lado dos trabalhadores e das populações nas suas lutas em defesa de direitos tão fundamentais como o direito ao trabalho, à estabilidade, à saúde, à educação. É um voto que «não trai» e que serve, e muito, a quem vota.