Diziam os activistas da CDU de Ovar que era preciso recuar vinte anos para recordar um comício de tal dimensão no concelho. As centenas de pessoas que se dirigiram ao jardim do Caster deram corpo à ideia de que a CDU está a crescer e que é possível eleger um deputado pelo distrito de Aveiro. O mesmo fizeram muitos outros que já ali estavam e que se foram aproximando à medida que os discursos avançavam e se avançavam as propostas de ruptura que a CDU tem para o País.

Se os preconceitos anticomunistas estão a ser vencidos passo a passo, com a intervenção diária de centenas de militantes e activistas do PCP e da CDU, o boicote da EDP, que não cedeu energia para o comício apesar do contrato assinado com a coligação, seria ultrapassada com a solidariedade – e o gerador – dos Bombeiros Voluntários de Ovar. Mas como afirmaria Jerónimo de Sousa, a empresa escusa de voltar a tentar calar a voz à CDU, porque «mesmo à luz de candeeiros e com megafone o comício seria feito».

Para o Secretário-geral do PCP, não foi para realizar esta política que as pessoas deram a maioria absoluta ao PS. Fizeram-no porque foram enganados pelas promessas eleitorais: a criação de 150 mil postos de trabalho; a redução dos impostos; a garantia de que nenhum reformado viveria com 300 euros.

Não foi, certamente, para que alterasse para pior o Código de Trabalho nem promovesse o aumento do desemprego e da pobreza. Não foi também para que permitisse que as empresas, «à primeira dificuldade, rumassem a outras paragens, aplicassem lay-offs, despedissem»... Não só na Califa, por onde a comitiva passara ao fim da manhã, mas em muitas empresas do sector do calçado, da cortiça, entre outros.

Ao mesmo tempo, lembrou, cinco administradores da REN receberam apenas em prémios 1 milhão 340 mil euros.

Antes, já Miguel Viegas, apresentado por Lúcia Gomes como o «futuro deputado eleito por Aveiro», tinha destacado o trabalho realizado pelos deputados do PCP e do PEV em prol do distrito. O candidato apresentou ainda os compromissos da coligação, «com os trabalhadores e o povo, com a defesa do emprego com direitos», com um Estado ao serviço dos interesses das populações, com o investimento público,com o desenvolvimento económico e social. E apelou aos activistas para serem «as televisões que não temos».

Tomaram ainda da palavra Antero Resende, membro do PEV e candidato às legislativas, e António José Macedo, candidato à Câmara Municipal de Ovar. Manuel Freire lembrou, antes, que O Sonho comanda a vida...