Apresentação de candidatos em Braga
27 de Junho de 2009

ImageJerónimo de Sousa, na apresentação dos sete primeiros candidatos da lista da CDU pelo distrito de Braga, encabeçada por Agostinho Lopes, sublinhou a necessidade se pôr termo ao círculo vicioso da alternância sem alternativa entre PS e PSD e que está na origem do crescente descrédito dos portugueses em relação à vida pública e da falta de resposta aos verdadeiros problemas do país.

Jerónimo de Sousa

Amigos e Camaradas:

Apresentámos aqui, hoje, os sete primeiros candidatos da lista da CDU às eleições para a Assembleia da República pelo ao Círculo Eleitoral de Braga.

Candidatos conhecidos pela sua capacidade, generosidade e empenho nas causas, problemas e aspirações dos trabalhadores, dos reformados, dos agricultores, dos micro e pequenos empresários, da sua terra, das suas gentes e do seu distrito, mas também da economia nacional e da nossa soberania nacional.

Candidatos de uma força política que é reconhecida por honrar os compromissos assumidos, fazer o que diz, cumprir o que promete. Valores que, a par de outros, são património que nos orgulhamos de afirmar, particularmente quando à nossa volta se vêem rasgados os compromissos de um governo que tudo prometeu para garantir uma maioria absoluta, mas que não só não cumpriu, como fez exactamente o contrário do que anunciou.

Candidatos que estarão sempre do lado da justiça social e no combate às desigualdades sociais, com um olhar e intervenção atentos aos problemas concretos e aos dramas dos que enfrentam o desemprego, o trabalho precário, os baixos salários, as baixas reformas e os baixos rendimentos das suas actividades, os que não têm acesso aos serviços de saúde, à educação e à segurança social, dos que enfrentam uma vida precária e dos que, afogados em dívidas, procuram os caminhos para salvar da ruína as suas actividades e garantir um futuro melhor para si e para os seus.  

Candidatos de uma força sem paralelo no contexto da intervenção política nacional que dá garantias de trabalho responsável e constante e que não se fica perante os problemas e a adversidade, mas que os enfrenta com a determinação dos que têm fortes convicções e um desejo imenso de servir o seu povo e o seu país.  

Candidatos de uma Coligação que se diferencia pelo seu distinto projecto alternativo e de ruptura com a política de direita e pela sua enorme capacidade de intervenção e realização. Projecto e capacidades de uma organização que o país precisa para superar a crise e os graves problemas que a sociedade portuguesa enfrenta. 

Candidatos de uma força de luta e que luta, que não se fica pelas palavras, mas que age, sempre, com a perspectiva de servir os trabalhadores, o povo e o país e não de se servir.
Camaradas:

Acabámos de travar com êxito a primeira de um conjunto de batalhas eleitorais que vão determinar em grande medida a evolução da situação política nacional nos próximos anos.

A próxima batalha eleitoral que temos pela frente para a Assembleia da República é, agora, o mais importante e decisivo combate que no imediato temos que travar pela tão necessária mudança de rumo da política e da vida nacional.

Os resultados das recentes eleições para o Parlamento Europeu mostraram uma CDU a crescer, atraindo muitos milhares de novos eleitores para o campo da nossa Coligação Democrática Unitária e esse é um motivo da redobrada confiança com que encaramos a batalha eleitoral que aí está e que hoje iniciamos neste distrito com a apresentação dos primeiros candidatos.  

Resultados que abrem promissoras perspectivas no combate que estamos a travar para a da criação das condições para a viragem na situação política nacional.

Um resultado que contou com o importante e positivo contributo de todos os camaradas, amigos, apoiantes e votantes da CDU que, aqui no distrito de Braga, permitiram um crescimento de mais 7 700 votos, um aumento da massa eleitoral de 55%, quando comparado com as últimas eleições para o Parlamento Europeu.

Uma contribuição para um resultado tão mais significativo quanto corresponde à maior expressão eleitoral obtida pela CDU nos últimos 15 anos e à maior votação dos últimos 20 a nível nacional.

É com este bom resultado obtido que partimos para a próxima batalha das eleições legislativas com o claro objectivo de prosseguir o nosso ascendente processo de reforço eleitoral, de forma a garantir um novo êxito que se traduza em mais votos e mais deputados e num substancial reforço do campo dos que se batem pela concretização uma verdadeira alternativa de esquerda para o país e que tem na CDU a grande força capaz de a protagonizar.

É este resultado que projecta na vida política do país confiança na luta visando a derrota da política de direita que sucessivos governos maioritários do PS e do PSD têm concretizado em Portugal de forma desastrosa para o país e os portugueses. Confiança na real possibilidade de garantir uma viragem na política nacional que se alicerça também no facto do PS e o seu governo terem sofrido uma estrondosa derrota nestas eleições e na evidente erosão do bloco central que tem governado o país em todos estes anos. Uma erosão que se vê também quando se soma a votação agora obtida por PSD e CDS. Um resultado que está longe de poder ser lido como uma significativa progressão da direita como querem fazer crer, já que se situa num valor muito próximo do que estes dois partidos haviam alcançado em 1999.

O resultado obtido pelo PS, o mais baixo dos últimos 22 anos, traduzido na perda de 5 deputados e mais de 550 mil votos constitui uma expressiva condenação da política do Governo e uma indisfarçável erosão da sua base social e política de apoio. Um resultado que é consequência da luta travada pelos trabalhadores e pelas populações que confrontaram a brutal ofensiva do governo do PS e que defendendo os seus legítimos interesses e direitos, conduziram ao mesmo tempo ao isolamento do governo.

Uma luta que uniu e juntou populações em defesa dos serviços públicos de saúde, contra o encerramento de escolas e outras conquistas sociais e centenas de milhar de trabalhadores de todos os sectores de actividade na defesa do direito ao trabalho, contra o desemprego, por melhores salários, reformas dignas e direitos laborais.
Uma diversificada e vasta luta que é em si expressão de uma clara condenação da política e orientações deste governo do PS e que confirmam que não só é possível, como indispensável, com o reforço da CDU, impor uma nova e expressiva derrota a este governo e à sua política.

O PS foi derrotado, mas temos consciência que o êxito da decisiva batalha que vamos travar exige mais do que confirmar a derrota do PS e do seu governo. Exige igualmente que do seu resultado final resultem as condições necessárias para derrotar também a política de direita. Essa política que tem sido protagonizada não apenas pelo PS, mas também pelo PSD e CDS e seus governos que nestas últimas três décadas conduziram o país ao atraso e à crise.

É para atingir o magno objectivo que nos vamos empenhar para seja possível por termos ao círculo vicioso que se instalou na vida portuguesa e que tem conduzido à situação do “vira o disco e toca a mesma”, para gáudio e vantagem de uns, muito poucos, que têm enriquecido e centralizado fortunas à custa do país e do trabalho dos portugueses. 

A grande batalha que temos pela frente nestas eleições para Assembleia da República é criar as condições para pôr termo a esse círculo vicioso da alternância sem alternativa entre PS e PSD, que está na origem do crescente descrédito dos portugueses em relação à vida pública e da falta de resposta aos verdadeiros problemas do país. Romper com este falso dilema que alimenta uma bipolarização artificial entre dois partidos tão próximos nas propostas e nas soluções, exige um substancial reforço eleitoral da CDU e esse é o grande combate de esclarecimento que temos que travar na batalha que se avizinha.

Não há alternativa à situação actual que não passe pelo reforço substancial da CDU e pela consequente diminuição e redução conjunta da influência politica e eleitoral dos partidos que dão vida a essa empobrecedora bipolarização da vida política. Bipolarização que é o salvo-conduto que permite passar do governo do PS para o do PSD e vice-versa o testemunho do essencial da política de direita e salvar e garantir os interesses que tal política representa. Bipolarização que se alimenta de um conjunto de mistificações que ocultam as opções e respostas aos verdadeiros problemas de fundo do país.

Mistificações que vamos precisar de combater, sem desfalecimentos e sem descanso, como as inventadas “eleições para primeiro-ministro”, as fantasiosas teses que fazem depender a estabilidade do país da manutenção das actuais políticas e dos partidos que as têm conduzido.

Mistificações que têm na empolada personalização da vida política, também o principal instrumento de “desresponsabilização” dos partidos, como agora e mais uma vez acontece com o PSD e Manuela Ferreira Leite que quer apresenta ao país um PSD impoluto, com o conta-quilómetros a zero como se não tivesse qualquer responsabilidade pela condução da governação do país nas últimas três décadas e nada tivesse a ver com a situação de crise e de desastre nacional a que o país chegou. É assim que se tenta iludir e esconder a responsabilidade de sucessivos governos do PS e do PSD, atrás da mudança de líder.

Mistificações que agora se alargam com a usurpação e utilização de conceitos sem tradução na sua prática política e sem correspondência com a realidade das suas propostas, como o de ruptura, para lançar a confusão e iludir a coincidência no essencial das propostas entre os dois partidos que têm à vez governado o país.  

Manuela Ferreira Leite vem agora anunciar com toda a pompa e circunstância uma total ruptura com as políticas económicas e sociais do PS. Trata-se da mesma manobra que o PS está a ensaiar com a sua anunciada viragem à esquerda, com a sua também apressada demarcação da falhada  matriz neoliberal que marcou o seu governo nestes últimos quatro anos.

Mas de que ruptura fala Manuela Ferreira Leite? Vai Manuela Ferreira Leite e o PSD demarcar-se das políticas de desestabilização e estagnação que estão subjacentes ao Pacto de Estabilidade e Crescimento? Não nos parece.

Vai Manuela Ferreira Leite e o PSD abandonar a lenga–lenga do défice como valor absoluto e pretexto para a imposição de orçamentos restritivos e cortes nas funções sociais do Estado como vem acontecendo?. Não cremos que seja disso que fala.

O que vemos e o que se prepara é o retomar, quer de uns quer de outros, da necessidade de combate ao défice não pela via do crescimento e da criação de emprego, mas pela exigência de novos e mais pesados sacrifícios aos mesmos de sempre e pela via do ataque aos direitos sociais das populações.

É isso que farão se povo lhes der o voto. 

Irá porventura Manuela Ferreira Leite e o PSD demarcar-se e combater as políticas de privatização e liberalização dos mercados ou promover a ruptura com a ofensiva contra os direitos laborais e as políticas de contenção e redução dos salários reais? Era acreditar que o PSD fugia à sua natureza de partido do grande capital e dos grandes negócios como o tem provado em todos os anos da sua governação.

Fiquemos por aqui nas perguntas. Porque não seria preciso perguntar mais para se constatar que a ruptura de que fala o PSD é uma ruptura do faz de conta. O mesmo faz de conta e os mesmos truques que uns e outros utilizam para fazer das eleições um confronto exclusivamente centrado em si, estimulando e empolando artificialmente questões secundárias.

É esse jogo que já está marcha para, mais uma vez, iludir o debate acerca das políticas alternativas que não têm e que disfarçam em infindáveis guerras à volta das datas de concretização das grandes obras. Guerra velha que tem em Durão Barroso a grande inspiração e na sua celebre recusa de construção de um novo aeroporto, enquanto existissem crianças em listas de espera nos hospitais. Só faltava a viola e a guitarra pró fado dos desgraçadinhos! Teve tanta pena que à primeira dificuldade zarpou para os ares de Bruxelas!

Mesmo em relação a esta matéria não são os verdadeiros problemas que lhes interessa discutir, mas apenas datas.

Não é saber e discutir se os grandes investimentos permitem incorporar produção nacional e desenvolver projectos nacionais que criem emprego e promovam o desenvolvimento do país. Isso é tratado com o mesmo desprezo de sempre. Não é o de garantir o seu carácter público para assegurar os interesses gerais e das populações. Isso para os protagonistas das políticas de direita é secundário. 

Tudo se reduz a uma divergência de tempo e de ritmo. No resto, no que há de estruturante há uma união de facto.

Camaradas:

As questões centrais estão na grave recessão económica que não pára de se aprofundar, onde todos os sectores da actividade quebram, no elevado desemprego, na precariedade, no aumento da desigualdade na distribuição da riqueza, na continuada destruição do aparelho produtivo e no agravamento geral dos défices estruturais e da dependência externa do país. Todos, salvo seja, há um que não, o sector financeiro!

Um problema de fundo reside no gravíssimo problema do desemprego que, em sentido lato se fixa já nos 11% correspondendo a cerca de 625 mil desempregados, diz bem da dramática situação em que o país e os portugueses vivem e quanta demagogia e manipulação existia no discurso e nas públicas preocupações do governo.

Cerca de 625 mil desempregados, dos quais mais de 300 mil não recebem qualquer subsídio de desemprego. Só nos últimos 12 meses o número de desempregados inscritos nos Centros de Emprego aumentou em 105 700, o maior aumento do número de desempregados inscritos nos Centros de Emprego de que há memória e nos quais se inclui uma taxa de desemprego jovem superior a 20%.

Uma realidade inaceitável e que o governo torna ainda mais desumana com a recusa da proposta PCP de alteração das regras restritivas de acesso ao subsídio de desemprego que este governo impôs e que impede a esses milhares de trabalhadores ao seu acesso.

A perspectiva para 2010 de um substancial aumento do desemprego com uma previsível taxa de 11,2% dizem-nos quanto urgente e inadiável se tornou a necessidade de pôr um travão a uma política e a um governo que continua a conduzir o país para o abismo.

De facto, todos os dias surgem novas situações de despedimento e novas ameaças, mesmo em sectores que estão na dependência directa do governo. É o caso de 150 eminentes despedimentos no Hospital de S. Marcos, cuja gestão está a ser passada para o Grupo privado Melo, que podem ir já a 31 de Julho para o desemprego se o governo nada fizer. 150 trabalhadores que fazem falta para um funcionamento eficaz daquele hospital na perspectiva de serviço às populações e aos quais é necessário o governo renovar o contrato e assegurar a sua manutenção no futuro.

Portugal tem que produzir mais e importar menos, criar mais emprego, distribuir melhor e mais justamente a riqueza produzida e ter uma política de respeito por quem trabalha e de defesa dos direitos dos trabalhadores e das populações.

Portugal precisa de uma política de ruptura com as orientações que têm conduzido o país ao atraso e no imediato de medidas de combate que atenuem os efeitos da crise.

Medidas dirigidas aos trabalhadores, às populações carenciadas e às micros pequenas e médias empresas e aos sectores produtivos.

Medidas que travem os encerramentos, o desemprego e o lay-off abusivo, mas também outras medidas como as que temos apresentado. Medidas de valorização dos rendimentos de trabalho e de combate à precariedade.

Medidas de apoio aos sectores produtivos como a proposta de congelamento dos preços da energia, das telecomunicações e das portagens.

Medidas de acesso ao crédito e ao crédito mais barato. Mas medidas também dirigidas ao aumento do investimento público e para a defesa da produção nacional, tais como a eliminação do Pagamento Especial por Conta. Tal como precisa de uma política que combata as injustiças sociais e fiscais que se  mantêm e se agravam.

Com a expressiva derrota eleitoral imposta ao PS e ao seu governo, o que desde já se impõe e o direito a uma vida melhor reclama é uma decidida opção pela anulação das medidas gravosas do Código do Trabalho, uma efectiva protecção aos desempregados, o respeito pela dignidade da profissão docente e valorização da escola pública, a reposição dos direitos dos trabalhadores da Administração Pública, a devolução da justiça e equidade nos critérios de cálculo e na actualização das reformas, a defesa do Serviço Nacional de Saúde.

É no reforço eleitoral da CDU que reside a força da alternativa construída num programa claro de ruptura com a política de direita e num percurso marcado por um firme e coerente combate a essa política.

É na CDU e no desenvolvimento da luta e acção de massas que reside a força da ruptura e da construção de um Portugal com futuro, tão mais possível e alcançável quanto mais larga for a votação na CDU.

Nós, juntos, somos uma força imensa! Força com confiança. Com aquela confiança inabalável de que sim é possível uma vida melhor! 

 

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