Rendimento e Condições de Vida dos Portugueses em 2007

José Lourenço
 

José Lourenço

No passado dia 15 de Julho o INE disponibilizou os resultados provisórios do Inquérito às Condições de Vida e Rendimento das Famílias Portuguesas, realizado nos meses de Maio e Julho de 2008 e referente ao ano de 2007.

Este é um Inquérito feito simultaneamente nos vários países comunitários e em que no caso português são inquiridas 5122 famílias.

Os resultados mais significativos deste Inquérito indicam que 18% dos portugueses viviam abaixo do limiar de pobreza, o que significa que cerca de 2 milhões de portugueses viviam em 2007 com um rendimento mensal por adulto equivalente não superior a 406 euros por mês e ainda que o rendimento dos 20% da população com maior rendimento era 6,1 vezes superior ao rendimento dos 20% da população com menor rendimento.

A leitura comparativa destes resultados com anos anteriores permite concluir que a percentagem de pobres no nosso país se manteve inalterada nos últimos três anos (2005, 2006 e 2007) e que a desigualdade na distribuição do rendimento se atenuou de 6,8 em 2005 para 6,1 em 2007.

Só no final do ano serão disponibilizados os dados comparativos para todos os países comunitários, pelo que só nessa altura saberemos se em 2007 o nosso país deixou de ser o país comunitário com maior desequilíbrio na distribuição do rendimento.

Posto isto o leitor menos atento pode ser levado a concluir que afinal as coisas em termos de pobreza e desequilíbrio na distribuição do rendimento estão melhores. Mas infelizmente não é assim.

A leitura cuidadosa deste Inquérito permite-nos concluir que a taxa de pobreza dos portugueses com emprego subiu de 2006 para 2007, de 10% para 12%, ou seja cerca 620 mil trabalhadores em 2007 mesmo trabalhando eram considerados pobres – mais 105 mil do que em 2006 -, e para além disso o número de desempregados pobres não para de subir. Em 2005 31% da população desempregada era considerada pobre, em 2006 essa taxa subiu para 32% e em 2007 essa taxa atingiu já os 35%. Trocando esta percentagem por número de desempregados, no final de 2007 cerca de 164 mil dos trabalhadores então desempregados integravam os cerca de 2 milhões de pobres do nosso país.

Os números acima apresentados vêm demonstrar com muita clareza que é urgente aumentar os salários reais dos trabalhadores portugueses, em especial daqueles que auferem salários mais baixos, e alterar as condições de atribuição do subsídio de desemprego – reduzindo o tempo necessário para aceder a ele e aumentando o seu montante -. Razão têm os deputados do PCP que desde que este Governo em 2006 agravou as condições de acesso ao subsídio de desemprego não têm parado de interpelar o Governo sobre esta matéria exigindo a sua alteração para melhor.

Uma nota final sobre este Inquérito às Condições de Vida e Rendimento das Famílias Portuguesas, para dizer que lamentavelmente um Inquérito computorizado feito a 5122 famílias só é disponibilizado um ano depois e desta forma, não é possível julgar em tempo o Governo PS pelo estado em que nesta matéria deixou o país no final deste mandato. Certamente mais pobre, mais desigual e mais injusto ou não fossem os anos de 2008 e 2009 os piores deste ciclo PS.