Para mais justiça social, o País precisa do PCP e da CDU
Regina Marques
Jun 27, 2009
A grande derrota de Sócrates e do PS nas eleições europeias abre perspectivas para que tal derrota seja repetida nas próximas batalhas eleitorais. O descontentamento face às políticas seguidas durante estes anos manifestou-se de forma contundente.
Mesmo aqueles que não acreditavam no efeito do voto nas eleições europeias, para a alteração das coisas terão ficado convencidos que os resultados eleitorais, para qualquer eleição, são acima de tudo um escrutínio às políticas nacionais. Ficou claro logo na noite dos resultados que até o estilo se alterou. Alterou-se o estilo mas acima de tudo as exigências. Reparámos todos no mutismo de alguns e na arrogância de outros. O peso que se deu ao estilo, com a sonora controvérsia para saber quem é o ou a mais arrogante, parece ser a questão mais importante da actualidade mediática. De novo, e em torno de qualquer acessório, se pretende estabelecer a alternância PS ou PSD. Mas na verdade, o que reparámos todos foi como subiu o tom dos políticos da direita na exigência de travar os investimentos públicos, desde o TGV à ponte Barreiro-Chelas, ao Aeroporto e por aí fora…
Para nós, que lutámos pela regionalização, para nós que entendemos que o desenvolvimento do País passa pela criação de estruturas públicas dinâmicas e empenhadas nas regiões que mobilizem o poder local e os trabalhadores das regiões, para nós que perspectivamos a política na região de Setúbal voltada para o País, a região mais capaz de assegurar trabalho e trabalho qualificado, para nós, diremos, esta deverá ser a questão fundamental. De facto sem investimento público, e sem o domínio dessas alavancas ficaremos eternamente à mercê dos privados, que são quem menos se interessa se os seus lucros são arrecadados nas fábricas de Palmela ou da Coreia, ou de outra qualquer parte do mundo.
Não há nenhum sector que não esteja a ser atingido pelas ditas reformas do PS que não traduzem senão as encomendas dos sectores mais conservadores e as concepções mais retrógradas que, entretanto, são dominantes. Com os slogans desgastados de que somos todos responsáveis apelando cinicamente à responsabilização dos indivíduos e da sua livre iniciativa, o que pretendem é a destruição do sentido de Estado responsável, do sentido nobre da política para resolver com sentido universal o que é de todos. Na educação a situação é paradigmática desse Estado autoritário que controla e se demite das suas funções. As escolas não funcionam democraticamente, nem com a apregoada autonomia científica ou pedagógica, a autoridade democrática dos professores deixou de ter sentido, os estudantes estão endividados para poderem estudar, grande parte não consegue pagar as propinas, enquanto em nome da crise os mais variados desvarios se estão a cometer debaixo dos olhares negligentes dos poderes instituídos ou até com a sua conivência e cumplicidade.
A política que queremos e de que precisamos não é a política de cedência à direita que conhecemos e derrotámos. Essa politica de direita tem de continuar a ser combatida nas próximas eleições. Conseguido que foi pela direita esse sentido da desvalorização da política, para melhor reinar, ficou claro nas eleições europeias que nas zonas onde a politização é séria, onde o PCP tem maior implantação, onde se luta por direitos de há longas décadas, onde se construíram as mais belas e promissoras conquistas de Abril, a Reforma Agrária e as Nacionalizações onde as mulheres e os trabalhadores, vivenciaram pela primeira vez melhoria de salários e maior qualidade de vida, aí as pessoas votaram no PCP. Votaram os trabalhadores, os jovens. Votaram as mulheres trabalhadoras e não só, também as donas de casa e as reformadas. De novo, com insistência, o que importa é ter gente do PCP no poder, gente que trabalha e faz obra, com abnegação, sentido cívico e competência.