Um pequeno balanço no fim das férias

Daniel Azevedo
 

Daniel Azevedo

As férias estão a chegar ao fim, o ano lectivo está prestes a começar, e não me parece mal fazer um pequeno balanço.

Nas minhas férias, deparei-me logo com uma situação de injustiça. Fui visitar uma amiga, que em vez de estar a gozar férias, estava a trabalhar para ajudar a pagar as propinas deste ano que agora vai começar. E claro que também fiquei espantado com o que ela me disse que ía ganhar – uma ninharia, obviamente. Ou seja, ela não tem férias dignas desse nome, passou um ano a estudar, e na altura das férias vai trabalhar. Descansar é que não pode ser para já. Isto para não dizer que ela já tem “férias” assim já há alguns anos, ou seja, quando ainda estudava no ensino secundário.
Não é que eu não saiba que essas coisas acontecem, e piores até, mas não deixou de me irritar.

Mas o próximo ano aproxima-se, e as propinas para pagar também, que roçam os 1000€. Mas como estou num curso de artes, este valor não vai ficar por aqui, já que a escola não tem os materiais necessários, e têm de ser os estudantes a pagar do seu próprio bolso todos os materiais que lhes peçam para comprar, ou os que necessitemos para a realização dos nossos trabalhos. Claro que isto cria situações de desigualdade, e portanto, injustiça.

Mas nem é neste ponto mau que vai a situação do ensino superior. Vai muito mais à frente. Já com a implementação do Processo de Bolonha, a formação é bem menos completa, com a implementação do novo RJIES (Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior), os alunos são ainda mais empurrados para fora dos órgãos de gestão das universidade, dando lugar a grandes empresários e outras pessoas que nada têm a ver com a Universidade.

Mas ainda antes das aulas começarem, ocorreram mais alguns dados que me surpreenderam, algumas coisas pela positiva e outras pela negativa.

Comecemos primeiro pelas más.
Quando me explicaram o que eram as POC’s (P? O? C?), fiquei p’ra minha vida. O mesmo aconteceu quando ouvi dizer que neste período de verão, em que normalmente a taxa de desemprego desce, este ano aumentou. Isto já para não falar.. mas claro que vou aproveitar para falar, das empresas que têm encerrado, mandando trabalhadores para a rua. O rol de situações macabras não tem fim.
Não há estabilidade na vida das pessoas. Como é que é possível ter uma família, sem uma casa? E como poderemos ter uma casa, se não temos dinheiro para pagá-la? E como é que poderemos ter dinheiro, se não temos trabalho onde o ganhar? Não é fácil.
Mas obviamente todos nós sabemos que a situação social em que vivemos hoje em Portugal não se fica por aqui. Mas não me vou alongar nessa lista. Parece-me também importante falar das coisas que me surpreenderam pela positiva.

Estive num sítio onde têm o seguinte princípio: «sem educação não há liberdade». A educação era realmente importante na formação das pessoas, e por isso, era gratuita, mesmo no ensino superior. Diziam que era bom ter pessoas bem formadas, que era bom para o país. Obviamente os estudantes não têm por hábito trabalhar nas férias, nem podem antes dos 18 anos. Também tinham um serviço nacional de saúde gratuito para todos. Ali praticamente toda a gente trabalhava, a taxa de desemprego era de 1,6%. Ou seja, depois de acabarem os estudos, não têm a preocupação de não ter emprego. As pessoas também não precisavam de se preocupar muito com a casa, era-lhes dada uma pelo Estado. Nesse sítio tinham todos os direitos sociais assegurados pelo Estado. As crianças até aos 7 anos, tinham assegurado 1L de leite por dia. Não havia ninguém a morrer à fome. Aqui era um rol de situações bem mais felizes.
Quase parece o paraíso, mas não, têm também muitas dificuldades. Mas não vou agora falar muito sobre isto, é só para podermos comparar estas duas realidades distintas. Uma num país quase do 3º mundo, com direitos do 1º mundo, e outra, num país desenvolvido, com direitos do 3º mundo. Parece uma contradição. Mas não, são opções que se tomam, são prioridades que se definem. Uns defendem os interesses da população, do seu povo, e outros defendem os interesses de uma minoria, dos grandes capitalistas.

Mas em Portugal há quem também defenda todos estes direitos sociais para todos. Há quem defenda uma educação pública gratuita e de qualidade, há quem defenda um serviço nacional de saúde também gratuito e de qualidade, há quem defenda que todos têm direito ao emprego e ao emprego com direitos, a uma casa digna, há quem defenda um mundo de paz, onde não haja lugar para tamanha injustiça.

Já temos visto nestes últimos 33 anos, do que são capazes de fazer o PS, o PSD e o CDS-PP: Antes das eleições, afirmam que são os únicos que estão em condições de mudar a situação terrível em que o país se encontra, quando estão no governo, só conseguem piorar a situação do país e culpar os outros pelo sucedido. É isto que tem acontecido. É assim que eles fazem!

Mas há quem tenha propostas e pretenda realmente alterar as políticas deste país, no sentido de defender os interesses do país e da sua população – a CDU. A CDU é a única força política que defende que é necessário mudar de rumo, que é necessário uma ruptura patriótica e de esquerda. A CDU é a única força política que diz que é possível um país mais justo e solidário, um país mais produtivo e democrático.
A CDU defende um ensino público gratuito e de qualidade para todos, tal como definia a Constituição da República Portuguesa aprovada a seguir ao 25 de Abril. Se na altura éramos um país mais atrasado que hoje e foi possível, hoje será mais fácil certamente. É preciso é vontade para redefinir prioridades. E há quem tenha. É a CDU!