Intervenção de João Ferreira, no Jantar na «Voz do Operário»
14 de Maio de 2009

Candidato da Lista da CDU ao Parlamento Europeu

Permitam-me que comece por vos saudar. Saudar todos os activistas da CDU aqui presentes e todos os que pelo país fora se têm empenhado para fazer desta pré-campanha aquilo que ela está a ser: um importante momento de combate e de luta; um momento de afirmação de confiança num futuro melhor.

É difícil apagar a onda de entusiasmo em que esta campanha se está a transformar. Por mais que alguns se esforcem, é difícil calar a nossa voz.

Aqui estamos denunciando as verdadeiras razões e responsáveis pela grave crise económica e social que o país enfrenta: as políticas de direita de sucessivos governos do PS, PSD e CDS/PP; o desemprego, a degradação das condições de vida, o desmantelamento do sector público, a privatização de bens e serviços essenciais (o ensino, a saúde, a energia, até a água que bebemos), o ataque a direitos sociais e laborais, os baixos salários. Em tudo isto, estes partidos estão de acordo. Em tudo isto, têm uma dupla responsabilidade: pelo que fazem cá e pelo fizeram e fazem lá, no Conselho e no Parlamento Europeu.

A realidade demonstra-nos que a solução para os graves problemas que enfrentamos não poderá vir dos seus causadores. E se dúvidas houvesse, bastaria olhar para a recente “Cimeira do Emprego” - ou melhor, a mini-cimeira do emprego - que as elites políticas e económicas da UE encarregaram a Presidência Checa de organizar. Depois do anúncio pomposo em Março, a tal importante cimeira do emprego, pode resumir-se a uma frase: a montanha pariu um rato.

Como era de esperar numa cimeira que reuniu 3 dos 27 países da União Europeia, as medidas de emprego não foram discutidas e conclusões não houve. Ou seja, as grandes famílias políticas que dominam as instituições da UE - às quais muito orgulhosamente os candidatos do PS e PSD dizem pertencer - assumem assim que não têm nada a dizer, nenhuma alternativa a apresentar aos que sofrem os efeitos sociais da crise!

Alguém ouviu, do PS ou PSD, alguma palavra de indignação relativamente a esta escandalosa ausência de soluções por parte da Comissão ou do Conselho para os problemas sociais que se avolumam com o desenvolvimento da crise? Claro que não… É que, em tempo de eleições, é incómodo reconhecer que a sua União Europeia, as suas famílias políticas europeias, se estão a borrifar para os 20 milhões de desempregados que existem na União Europeia aos quais se irão somar, pelo menos, mais 8,5 milhões até 2010.

Bem podem os candidatos do PS vir agora falar da “responsabilidade das políticas neoliberais de desregulamentação do mercado que a direita tem promovido na UE”, bem podem vir agora dizer no seu manifesto eleitoral que “as pessoas estão primeiro”. Não há palavras que apaguem a realidade. E a realidade é que nem no Parlamento, nem no Conselho, vimos o governo ou o PS a insurgirem-se contra a tal postura neoliberal, bem pelo contrário. Acompanharam e acompanham, com entusiasmo, todos os passos dados no caminho do neo-liberalismo. É desse caminho que agora, com grande desfaçatez e hipocrisia, se querem demarcar. Diríamos nós que de facto para o PS as pessoas estão primeiro, mas só no dia das eleições…. É que nesse dia o PS precisa mesmo delas!

O país não pode esperar mais. Não se pode confiar nos partidos que ao longo de mais de 30 anos nos governaram e que, em Portugal ou na UE, têm contribuído para hipotecar o nosso futuro colectivo.

A CDU tem alternativas. Nós somos alternativa.

Somos alternativa porque temos propostas válidas que a serem aplicadas melhorariam no imediato as condições de vida da maioria dos trabalhadores:

Propostas para defender o emprego e os direitos dos trabalhadores!
 
Propostas para a valorização dos salários e o combate ao endividamento das famílias.

Propostas para uma justa redistribuição dos rendimentos, para a melhoria das condições de vida.

Propostas para um efectivo combate ao desemprego e a criação e promoção de emprego com direitos, nomeadamente para os jovens.

Propostas para medidas urgentes que combatam a deslocalização de empresas e defendam os sectores produtivos e o emprego.

Propostas que consubstanciam um projecto para um Portugal com futuro e para um outro rumo para a Europa!

Ninguém estará em melhores condições para em Portugal e no Parlamento Europeu levar por diante uma verdadeira alternativa política. Encaramos a nossa candidatura como intérpretes da luta do nosso povo, com o qual aprendemos e procuraremos, no Parlamento Europeu, dar continuidade a um trabalho que respeita e responde às suas aspirações, ao mesmo tempo que estimula e apoia as suas lutas. Sempre no interesse do nosso povo e do país.

Um trabalho de verdade, sem falsificações ou mistificações sobre o que significam a UE e as suas instituições. 

PS, PSD, CDS/PP pedem o voto para continuarem a fazer o que têm feito desde sempre, subservientes às grandes potências e aos seus grupos económicos e contra o interesse de quem trabalha. Cada voto nestes partidos é um voto naqueles que querem virar o disco e tocar a mesma música. É um voto nos que negaram ao povo português a possibilidade de discutir e pronunciar-se em referendo sobre o Tratado dito de Lisboa - o maior expoente do neoliberalismo na UE. Não merecem esse voto!

Também o cabeça de lista do BE tem vindo a pedir mais votos para eleger um segundo deputado para assim, nas suas palavras “poder dar conta de tão grande recado”. Mas, amigos e camaradas, um voto no BE seria, previsivelmente, a olhar para o que o actual deputado não fez durante cinco anos, apenas multiplicar por dois o muito pouco que foi feito!

Seria um voto num europeísmo – assim auto-proclamado – de contornos indefinidos e confusos, sem alternativa à UE do grande capital.

Seria o voto numa força que agora, confrontada com a nossa coerente posição de defesa da soberania nacional como factor determinante do desenvolvimento económico e social do país, recorre mais uma vez à caricatura para afirmar que “alguns partidos que conhecemos” defendem o “socialismo nacionalista”. Já percebemos que a sua estratégia eleitoral passa por fugir sempre e sempre à questão de fundo de como construir a tal outra Europa sem pôr em causa todos os fundamentos desta União Europeia, mas não deixa de ser com alguma surpresa que constatamos que o BE se junta agora ao clube daqueles que acenam com a chantagem do “ou se é pela União Europeia ou se é contra a Europa”.

Ao PS, ao PSD, ao CDS e agora também ao BE, afirmamos pela enésima vez que sendo europeus afirmamos sobretudo a nossa condição de portugueses e a defesa sem hesitações do País e dos seus interesses, das quais não abdicaremos por mais caricaturas ou mentiras. E daqui afirmamos que a nossa Europa não é esta União Europeia. Porque esta União Europeia, em todas as suas dimensões, está a ser construída nas costas dos povos, contra os seus interesses e portanto contra a Europa. Esta sim é uma posição internacionalista… e coerente!

É por isso que afirmamos convictamente que cá, como lá, a CDU é a única alternativa credível; uma alternativa de futuro para a construção de um Portugal de progresso e justiça social numa outra Europa de cooperação e paz. A força que pode abrir um caminho de esperança numa vida melhor e num Portugal com futuro para todos, e em particular, para os trabalhadores e as novas gerações.

Aos jovens e às novas gerações de trabalhadores que não encontram no país as oportunidades que lhes são devidas, aos que são sujeitos à precariedade e aos baixos salários, ao trabalho sem direitos e à incerteza de um futuro que não vêem garantido, daqui lhes dizemos:
Dêm com o seu apoio e o seu voto à CDU, mais força a quem de forma combativa e coerente pode impor uma ruptura com a actual política e afirmar uma alternativa de esquerda.

Dia 7 de Junho vamos levar a nossa luta até ao voto. Vamos votar CDU!


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