Intervenção de Jerónimo de Sousa, Secretário-geral do PCP
PCP na iniciativa com Apoiantes da CDU
20 de Abril de 2009

 

 

Permitam-me que vos saúde, que saúde todos os nossos amigos apoiantes da CDU, as outras componentes da nossa Coligação – o Partido Ecologista “Os Verdes”, a Intervenção Democrática e os activistas independentes que dão corpo a este projecto democrático e unitário – a esta grande força de Abril. 

Celebrar Abril com a CDU é, para nós, um acto tão natural como o ar que respiramos e renova as nossas vidas porque a Revolução de Abril é, não apenas esse acontecimento maior da nossa história contemporânea, esse processo de ruptura e de viragem democrática na vida do nosso povo, mas o grande projecto colectivo, cujos ideais e valores continuam a ser uma referência para a nossa luta presente e para o futuro democrático e independente do Portugal por que lutamos.

É essa força, vinculada aos valores e ideais de Abril, que confirma a CDU como a força necessária e insubstituível que se distingue e marca a diferença com o pantanoso consenso das políticas de direita e neoliberais que têm conduzido o país ao declínio e a Europa à crise. A força que se afirma, com redobrada actualidade, como um grande e reforçado espaço de convergência democrática e de alternativa política, de todos aqueles que, afrontados pela política de direita, exigem hoje a ruptura e uma inequívoca e consistente política de esquerda.

Vivemos um tempo de celebração da Revolução de Abril num misto de inquietação e de esperança. Inquietação perante a grave crise e as suas dramáticas consequências económicas e sociais que estão a tornar cada vez mais difícil a vida dos portugueses, particularmente dos trabalhadores e das outras camadas populares. Inquietação redobrada quando a perspectiva que se apresenta é a do agravamento de todos os problemas nacionais. 

Esperança na possibilidade da ruptura, porque acreditamos na força do nosso povo, na vitalidade e actualidade do nosso projecto e na possibilidade de abrir caminho a uma nova política com a luta e o voto dos trabalhadores e do povo.

Portugal, depois de anos consecutivos de estagnação, está atolado numa recessão de consequências sociais desastrosas e brutalmente penalizadoras das condições de vida dos trabalhadores e do povo português. Queda acentuada do produto nacional, encerramento de milhares de empresas, paragens na produção, quebra dos salários e rendimentos do trabalho,  subsídios em atraso.

Todos os graves problemas que o país há muito enfrentava, estão em acelerada degradação.

Os problemas sociais acumulam-se. Desemprego crescente e avassalador, contínua precarização do trabalho e da vida, agudas desigualdades sociais e regionais, endividamento das famílias, aumento das situações de pobreza e exclusão social. Perpetua-se o modelo de desenvolvimento assente nos baixos salários.
O país afunda-se com o estiolamento dos seus sectores produtivos, com uma dominadora dívida externa e com a deterioração acentuada das suas balanças externas. O país está mais dependente e vulnerável e frágil. 

Os tempos difíceis que o país e os portugueses vivem têm responsáveis. São os que governaram e governam o país desviando-se dos caminhos de Abril, destruindo e mutilando as suas conquistas, acabando por conduzir o país ao declínio. São os que contrapuseram ao projecto Constitucional de Abril, o projecto neoliberal dominante.

As concepções e políticas que orientam a integração europeia e a globalização capitalista das liberalizações, do Pacto de Estabilidade,  do fundamentalismo monetarista, das privatizações, da financeirização da economia e do menos Estado que PSD e PS assimilaram e assumiram como elementos estruturantes da política de direita e dos seus governos, com o apoio do CDS.

Os responsáveis são os que colocaram o poder político a reboque dos grandes interesses e privilégios do poder económico e não o contrário, como agora se afirma e se quer fazer crer, para mistificar e branquear as responsabilidades dos poderes públicos e de uma governação que transferiu, nos últimos anos, um valioso património público para as mãos de uma minoria que passou a impor a sua vontade ao país. São os que esvaziaram a dimensão da democracia económica do projecto de Abril, economia tornada num feudo dos poderosos e o seu domínio exclusivo está a levar o país à decadência e não o contrário.  

As razões do mal que assola os portugueses podem ser encontradas nesse trajecto de ofensiva contra Abril e o seu projecto. São os que tudo fizeram para transformar a justiça num sistema ineficaz, onde imperam impunidades crescentes. A crise que o país vive é o resultado de mais de trinta anos de política de direita e que nos últimos quatro assumiu uma nova amplitude, com o governo do PS, com a sua ofensiva global contra os direitos dos trabalhadores e do povo e o próprio regime democrático.

Quatro anos de governo do PS, traduzidos na liquidação de mais direitos e conquistas sociais de Abril, na destruição dos serviços públicos e numa ofensiva sem precedentes contra o Serviço Nacional de Saúde, a Escola Pública, o Sistema Público de Segurança Social e os direitos laborais dos trabalhadores portugueses. 

O país está em crise, mas a crise não é para todos. Os privilégios dos senhores do dinheiro continuam intocáveis! Os planos ditos anti-crise fracassam e a situação agrava-se porque o seu objectivo é socializar os prejuízos, indo ao encontro dos interesses dos grandes grupos económicos e financeiros.

Hoje, PSD e CDS querem convencer os portugueses que nada têm a ver com a situação a que o país chegou. O PS quer convencer os portugueses que todos os males vêm de fora.

Os arautos dos poderes instituídos dizem que é preciso esperar que tudo passe – que a crise passe! Querem um país passivo e conformado. Mas estes não são tempos de resignação e fatalismo, mas tempos de luta com Abril e por Abril!

Há outro caminho que nos traz tempos novos. Tempos de afirmação dos valores da democracia, liberdade, justiça social, do Estado ao serviço do povo e do desenvolvimento do país, da soberania e independência nacionais. Tempos de retomar Abril, de colocar Abril de novo nos caminhos da construção de uma vida melhor para o nosso povo.

No próximo dia 23 de Maio, na Marcha da CDU de Protesto, Confiança e Luta, afirmaremos na ruas de Lisboa, com todos os portugueses que nos queiram acompanhar, essa vontade de afirmação da necessidade e importância de colocar Abril de novo na vida colectiva dos portugueses. Nunca como agora se impôs mudar de rumo em Portugal e na Europa. Nunca como hoje se impôs a necessidade da ruptura com as políticas de centralização e concentração da riqueza e de ruína nacional e dos povos. 
As batalhas políticas e eleitorais que temos pela frente constituem um momento e uma oportunidade para abrir caminho a um futuro melhor para o país e para os portugueses, para afirmar uma outra alternativa  à  fracassada política de direita.

Pelo seu percurso e acção, pelos partidos que a integram e pela empenhada intervenção de milhares de homens e mulheres que lhe dão corpo e vida, a CDU é a força que dá segurança e garantia da palavra dada. Somos uma força que tem da política uma visão nobre e elevada, baseada no trabalho, forjada no quotidiano de militância, de dedicação, de empenho na resolução dos pequenos e grandes problemas do país e dos portugueses. Força de causas e de projecto!

A grande força de esquerda que tem na intervenção dos eleitos locais da CDU um valioso património de realização, marcado pelo trabalho, honestidade, competência, isenção e pela defesa intransigente dos interesses populares.

A grande força que tem nos deputados da CDU na Assembleia da República uma qualificada acção e intervenção parlamentar, estreitamente ligada e identificada com as aspirações populares a uma vida melhor e com a defesa das conquistas e direitos de Abril. 

A grande força que, pela acção dos seus deputados no Parlamento Europeu, se distingue com inigualável desempenho em defesa dos interesses nacionais e no combate ao federalismo, ao neoliberalismo e ao militarismo.

A CDU, única força cujo reforço eleitoral e político pode pôr fim à alternância e abrir portas a uma alternativa política, quanto mais pesar em votos e mandatos, mais peso terá para construir uma política de esquerda, mais força terá Abril. Este é o elemento novo destas eleições!

Como temos vindo a afirmar, é na CDU que reside a força de juntar, unir e tornar mais próxima a possibilidade de uma ruptura com a política de direita, força sem a qual não há mudança para prosseguir e concretizar Abril de novo, retomando os caminhos que assegurem um futuro de progresso e desenvolvimento para Portugal. 

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