A derrota da política de direita

José Lourenço
 

José Lourenço

Os resultados das eleições para o Parlamento Europeu são muito claros, o povo português quis no passado dia 7 de Junho, exprimir de forma muito clara o seu descontentamento em relação à política seguida pelo Governo PS nos últimos 4 anos.
Só assim se justifica que o único partido, entre os principais partidos, que registou uma quebra na sua votação, em termos absolutos e em termos percentuais, tenha sido o PS.
A quebra na votação do PS, menos 570 839 votos, correspondentes a menos 37,6%, corresponde a uma verdadeira hecatombe e diz-nos que entre as anteriores eleições para o Parlamento Europeu e estas o PS perdeu um em cada três dos seus votantes.
Sabendo-se que a abstenção constitui em muitos casos um sinal de claro descontentamento em relação à situação política e social actual, não será difícil concluir que muitos dos descontentes com a política seguida pelo Governo PS, engrossaram fortemente o volume da abstenção, e se tivessem ido votar, o resultado teria sido ainda mais catastrófico para o Governo.
Do nosso ponto de vista os resultados espelham não só a derrota deste Governo, mas mais do que isso, reflectem também a derrota das políticas de direita que PS, PSD/PPD e CDS, têm perpetuado ao longo das últimas décadas. Essa conclusão pode ser retirada pelo facto do somatório destes três partidos do centrão, ser nestas eleições inferior em 277 282 votantes, ao resultado por eles obtido em 2004.
Tendo subido em todo o país, tendo conseguido os melhores resultados dos últimos 15 anos e tendo voltado a sair vencedor em três distritos – Setúbal, Évora e Beja – estes resultados devem ser por nós festejados e podem constituir um bom augúrio para os actos eleitorais que se avizinham, em Setembro – eleições legislativas – e em Outubro – eleições autárquicas.
Tendo sido bons os resultados obtidos, eles não podem no entanto permitir que possamos adormecer sobre eles. Antes devem constituir o tónico de que todos precisamos para nos três meses que nos separam das próximas eleições legislativas, tudo façamos para conservar os votos agora obtidos e para conquistar parte substancial das centenas de milhar de votantes, que tendo agora se abstido de votar, irão votar próximos actos eleitorais.
Tudo leva a crer que, à imagem do que se verificou nas várias eleições legislativas que se realizaram no nosso país, os níveis de abstenção irão nas próximas eleições legislativas baixar para um valor em torno dos 36 a 38%, o que significará que o número de votantes irá aumentar consideravelmente em relação às eleições do passado dia 7 de Junho. Neste caso teremos mais cerca de dois milhões e meio de votos para contabilizar nas urnas.
Cada força política irá procurar capitalizar as dinâmicas de vitória das últimas eleições e os dois maiores partidos do centrão – PS e PSD – irão procurar acenar com o espantalho da governabilidade – como se estes últimos 4 anos de Governo PS e os três anteriores de coligação PSD/CDS não tivessem mostrado a saciedade que maiorias absolutas não significam estabilidade social - para atraírem para si aqueles que agora se abstiveram e para tentarem ainda mudar algum sentido de voto daqueles que agora foram votar.
Da parte da CDU, teremos de reafirmar a importância que o reforço da nossa votação, e consequentemente da nossa representatividade na Assembleia da República, terá nas futuras soluções para o país.
Todos aqueles, e são cada vez mais, que defendem a urgência e a necessidade de uma ruptura com todas estas políticas que têm sido seguidas nos últimos 33 anos, têm de ser por nós sensibilizados nos próximos três meses para que desta vez votem CDU e contribuam para a mudança de que o nosso país precisa urgentemente.