Extractos da Intervenção de Jerónimo de Sousa, Secretário-Geral do PCP
CDU na defesa da Agricultura
21 de Junho de 2009

ImageNa apresentação dos primeiros candidatos da CDU às Eleições Legislativas no distrito de Santarém, o Secretário-Geral do PCP foca a grave situação da Agricultura e as medidas que têm prejudicado os pequenos e médios agricultores e aprofundado o défice alimentar do país. Afirma ainda que para a CDU, um dos objectivos centrais de uma política de esquerda deve ser a melhoria dos rendimentos dos agricultores e dos trabalhadores agrícolas e das suas condições de vida e de trabalho.

Jerónimo de Sousa


António Filipe

Francisco Madeira Lopes

João Corregedor da Fonseca

 

(...)
Acabámos de travar com êxito a primeira batalha de um ciclo eleitoral muito exigente e já aqui estamos com a mesma determinação e a mesma confiança a tratar do futuro, do combate eleitoral que se avizinha – o das eleições para a Assembleia da República.

Apresentamos os três primeiros  candidatos da lista da CDU pelo circulo eleitoral de Santarém: António Filipe, Madeira Lopes, Liliana de Sousa! Candidatos com provas dadas, que honram a palavra e os compromissos assumidos com a população do Distrito de Santarém e com o país.

Os resultados das recentes eleições para o Parlamento Europeu mostraram uma CDU a crescer, atraindo muitos milhares de novos eleitores para o campo da nossa Coligação Democrática Unitária e esse é um motivo de redobrada confiança na possibilidade de garantirmos novos e decisivos avanços e a criação de condições para a viragem na situação política nacional.

Daqui quero saudar com uma imensa alegria os milhares de construtores deste resultado, candidatos, apoiantes e activistas da CDU e em particular às dezenas e as dezenas de milhar de portugueses que deram um voto novo à CDU e com tal decisão contribuíram não apenas para eleger deputados à defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo e do país, mas também para dar força à real possibilidade de mudança que garanta uma vida melhor para os portugueses.  

O muito positivo resultado eleitoral da CDU traduzido num crescimento da sua votação superior a 70 mil votos para a qual o distrito contribuiu e a eleição de dois deputados, no quadro da redução de 24 para 22 mandatos nacionais, confirmam a CDU como uma grande força com representação nacional e deitam por terra as esperanças daqueles que tudo têm feito para diminuir e desvalorizar a nossa intervenção e a nossa luta, porque os interesses económicos associados à política de direita sabem que é nesta força que reside a real possibilidade da construção de um novo caminho alternativo para um Portugal de progresso, solidário e justo.

Não há artifícios e grelhas de leitura pré-determinadas que apaguem o facto de o resultado corresponder à maior expressão eleitoral obtida pela CDU nos últimos 15 anos e à maior votação dos últimos 20 a nível nacional. É este resultado obtido que projecta na vida política do país a possibilidade e a confiança de derrotar a política de direita que sucessivos governos maioritários do PS e do PSD têm protagonizado e que conduziram o país à grave situação económica e social em que se encontra.

Esses muitos milhares que fazem desta Coligação Democrática Unitária e das organizações que lhe dão vida, uma força sem paralelo no contexto da intervenção política nacional. Uma força que dá garantias de trabalho responsável quotidiano e constante que não se fica perante os problemas e adversidade, mas que os enfrenta com a coragem e a determinação dos que têm fortes convicções e um desejo imenso de servir o seu povo e o seu país.   
Uma força que não vale apenas pelo seu peso eleitoral, mas pelo seu distinto projecto alternativo e pela sua enorme capacidade de intervenção e realização que o país precisa para superar a crise e os graves problemas que a sociedade portuguesa enfrenta. Uma força que não se fica pelas palavras, mas que age, sempre com a perspectiva de servir os trabalhadores, o povo e o país e não de se servir. Que não se substitui à acção e à luta do povo mas que está lá sempre.

Uma diversificada e vasta luta que é em si expressão de uma clara condenação da política e orientações deste governo do PS e que confirmam que não só é possível, como indispensável, com o reforço da CDU, impor uma nova e expressiva derrota a este governo e à sua política.

O PS foi derrotado e justamente derrotado, mas a grande e decisiva batalha que temos e que se impõe travar é não só confirmar essa derrota, mas também a derrota da política de direita nas legislativas.

É bom que se diga, desde já, que as próximas eleições não vão eleger, nem um Primeiro-Ministro, nem um governo, mas 230 deputados. O governo, esse, sairá das maiorias que se formarem na futura Assembleia da República a eleger.

Em Santarém, cruzam-se realidades agrícolas e rurais diversas, mas há uma imagem de marca. As lezírias, a terra das margens ribeirinhas do Tejo, as suas searas e os seus seareiros, do arroz, do tomate do melão, o touro bravo, o campino, tudo confundido com uma palavra, ou muito mais que uma palavra, com um fortíssimo património económico-social, cultural e simbólico, conhecido há séculos, por Ribatejo.

É simples explicar ao povo do distrito o desastre que foi e é a política agrícola do Governo PS/Sócrates. Dir-lhe-emos apenas, que em nome de um tecnocrático estudo de marketing comercial, este Governo e o seu Ministro da Agricultura, com alguns cúmplices locais, decidiu à margem de qualquer debate sério com a Região, substituir a designação “Vinhos do Ribatejo” por “Vinhos de Lisboa”! Pode parecer que é uma idiotice, uma brincadeira de mau gosto, mas não. Substituiu-se o património por bugiganga modernaça! Isto é, muda a designação dos vinhos, para encobrir as reais dificuldades dos vitivinicultores regionais (e de todo o País), que tem problemas de preços e escoamento dos seus vinhos mas por causa das políticas governamentais, onde se inclui, uma desastrosa Reforma da Organização Comum do Mercado do Vinho, aprovada, para vergonha nossa, durante a Presidência Portuguesa da União Europeia. Reforma, certamente boa para quem fabrica vinho à custa da beterraba (Alemães e alguns franceses), certamente adequada aos interesses dos grandes importadores de vinho, mas um desastre para quem produz um vinho de qualidade como o nosso.

Reforma, que permitiu que as grandes superfícies, estejam a vender uma mistela a que dão o nome de vinho, importada não se sabe de onde, pois não tem indicação do país de origem ou do produtor, a 89 cêntimos o litro! Isto é, um preço inferior ao que pagamos pela água de mesa engarrafada em qualquer café. Isto é a um preço, que não paga a vindima!
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Mas o que acontece com o Vinho, acontece com o leite, com grandes superfícies a vender a 39 cêntimos, leite importado da Alemanha, Espanha, Polónia etc, preço que é claramente um preço de dumping, não pagando os custos de produção, transporte e distribuição! Acontece com o arroz, igualmente importado e vendido a preços semelhantes ao que recebe o agricultor português. Acontece com o azeite, vendido a 1,39 euros o litro, ou seja não paga a apanha da azeitona! Preços das marcas brancas das grandes cadeias de distribuição, Belmiro, J. Martins, LIDL, etc, que engrossam os bolsos destes e desgraçam a produção e a indústria nacionais!

Escândalo de dumping que não mexe com o Governo nem leva uma entidade dita Autoridade da Concorrência a intervir!

Um desastre de política agrícola que quer acabar com essas produções, como liquidou a produção de beterraba sacarina nos campos do Sorraia, aceitando mais uma inaceitável reforma da Organização Comum da Mercado da Beterraba, pondo a fábrica de Coruche a trabalhar com matéria-prima importada!

Um desastre de política que passados dois anos e meio sobre o início do novo ciclo de fundos comunitários, só agora e mal e pouco, os agricultores começam a ver alguma coisa. Um PRODER burocrático, com baixo nível de ajudas, grandes prazos e fracas expectativas de aprovação.

Um desastre de política agrícola que depois de retirar a electricidade verde, deixou que os preços dos adubos, rações, sementes, fertilizantes, gasóleo agrícola, disparassem para preços especulativos enquanto a produção agrícola tinha os seus preços em baixa.

Um Governo que depois de 4,5 anos a dormir, acordou, e vem agora propor mudanças estruturantes em fim de legislatura e já sem a Assembleia da República para atrapalhar, como sucede com os pedidos de autorização legislativa para a Lei do Arrendamento e o Código Florestal, ou o Decreto-Lei da Reserva Agrícola Nacional. Um desastre.

O Governo não desmantelou apenas o Ministério da Agricultura, o Governo desmantelou também a agricultura portuguesa.     

Contra esta situação, contra esta política se tem batido o PCP, com inúmeras propostas e sugestões, mas a que o Governo faz orelhas moucas. Não é assim de admirar que tenha posto contra si todas as confederações agrícolas. Que o mundo rural tenha dado um forte contributo para a derrota do PS e Sócrates nas eleições do Parlamento Europeu. O povo penalizou o executante da política de direita. Mas importa derrotar a política de direita e outros anteriores executantes ou seus apoiantes.

Estes perfilam-se para salvar a política de direita, branquear responsabilidades directas no estado a que as coisas chegam! Juntaram-se aí uns 30 economistas, muitos deles membros de governos anteriores fazendo um abaixo assinado. A grande e inovadora proposta é a reavaliação de obras públicas dos transportes. Falam da árvore para esconder a floresta de erros e malfeitorias que foram cometidos durante décadas mas sempre, sempre para salvar a política de direita, seja a executada pelo PS, seja pelo PSD, ou se necessário pelos dois ao mesmo tempo!

O dilema entre Sócrates ou Manuela Ferreira Leite, entre PS e PSD, é uma mistificação. A alternância está gasta e o bloco central não tem alternativas nem soluções para os problemas do país.

Por isso afirmamos: a CDU é alternativa. Pelo seu projecto, pelas suas propostas, pela posição séria na forma de estar na política merece a confiança de mais portugueses. Porque afirma a necessidade de ruptura com este caminho de desastre para onde o país está a ser conduzido, defendendo um novo rumo e de esquerda.

Confiança!Somos uma força diferente! Temos e praticamos o que a política tem de mais sério e mais nobre! Por isso nós dizemos aos camaradas, aos amigos: esta CDU é nossa, é vossa, queremos uma vida melhor e lutamos por isso!
(...)

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