Apresentação dos candidatos CDU pelo distrito de Beja
Intervenção de Jerónimo de Sousa, Secretário-geral do PCP
04 de Julho de 2009

Jerónimo de Sousa

Amigos e Camaradas: 

Aqui estamos confiantes no trabalho realizado, na vitalidade da nossa Coligação Democrática Unitária, nesta força que cresce e se afirma, a anunciar a lista de candidatos à Assembleia da República pelo Círculo Eleitoral de Beja.   

Uma lista que alia a experiência e a juventude a um provado trabalho concreto em defesa dos trabalhadores e das populações e na procura de soluções dos problemas concretos de toda esta região.   

Uma lista com candidatos conhecidos pela sua capacidade, generosidade e empenho nas causas, problemas e aspirações da sua terra, das suas gentes e do seu distrito, mas também da economia nacional e da nossa soberania nacional.  

Candidatos de uma força política que é reconhecida por honrar os compromissos assumidos, fazer o que diz, cumprir o que promete.  

Candidatos de uma força que esteve e estará sempre do lado da justiça social, do desenvolvimento, no combate às desigualdades sociais e por uma vida melhor para todos.  

Uma força sem paralelo no contexto da intervenção política regional e nacional que dá garantias de trabalho responsável e constante que não se fica perante os problemas e a adversidade, mas que os enfrenta com a determinação dos que têm fortes convicções e um desejo imenso de servir o seu povo e o seu país.  

Uma força indispensável ao país e à solução dos problemas nacionais e que este distrito de Beja bem precisa também de ver reforçada com mais deputados para melhor defender os seus interesses e as condições de vida das populações.  

Uma Coligação que se diferencia pelo seu distinto projecto alternativo e de ruptura com a política de direita e pela sua enorme capacidade de intervenção e realização.  

O camarada José  Soeiro, actual deputado e cabeça de lista da nossa Coligação, trouxe aqui o trabalho desenvolvido e alguns dos problemas, dificuldades e dramas que os trabalhadores e as populações enfrentam, em resultado de uma política muito concreta que continua a condenar esta região e país ao atraso.  

Problemas, dificuldades e dramas que revelam quanta mistificação há no discurso do governo sobre a real situação do país, como ainda esta quinta-feira José Sócrates revelou no debate sobre o estado da Nação.  

Problemas, dificuldades e dramas como aqueles que estiveram na origem da provocação de Manuel Pinho, ex–Ministro da Economia ao PCP nesse mesmo debate sobre o estado da Nação e que tem uma história que é bom lembrar ao país e a todos aqueles que gostariam e desejariam silenciar o nosso combate.    

A história das Pirites Alentejanas é a história de uma política de favor e cedência aos grupos económicos e de desrespeito pelos trabalhadores e pelas populações.  

Neste Alentejo fustigado pela falta de trabalho, os governos PS sacrificaram os empregos dos mineiros aos lucros e aos interesses das empresas. 

Já em 2001 o governo PS de António Guterres entregou as pirites à Eurozinc, depois Lunding Mining, num contrato com contrapartidas em apoios do Estado que nunca verdadeiramente se conheceram.  

Em 2006 o actual governo do PS assinou uma adenda a esse contrato com mais apoios do Estado que, nas palavras do primeiro-ministro, garantia a laboração da mina durante pelo menos 10 anos.  

Pedimos insistentemente o contrato e pediu também a Assembleia da República.  

Mas o governo nunca o deu, invocando uma cláusula de confidencialidade.  

E apesar da garantia dos dez anos e dos milhões certamente recebidos, no final do ano passado a empresa encerrou a mina e despachou sob chantagem e com a cumplicidade do governo a maioria dos trabalhadores.

 

O governo montou outro negócio, com outra empresa, desta vez ligada à Martifer e à Mota/Engil que recebeu ainda como bónus uma outra mina. Mais uma vez o negócio foi secreto e a informação foi negada ao parlamento.  

Os trabalhadores continuam sem emprego e viram já a empresa retirar maquinaria da mina com a autorização do governo.  

Entretanto Sócrates e Pinho prometiam a retoma da laboração e a recuperação dos empregos.  

Era em Janeiro, depois em Março, depois em Junho e passado este tempo todo apenas mais 70 se juntaram aos 100 que se mantiveram. Muito longe dos 980 trabalhadores que chegaram a trabalhar aqui nos últimos anos. 

Vai-se o dinheiro do país e vão-se os empregos dos alentejanos! 

É neste quadro que o ministro da economia tentou organizar uma homenagem a si próprio em Aljustrel.  

Mas como não havia ninguém para o homenagear, fez-se convidado num jogo de futebol, onde foi entregar um cheque de 5000 euros da EDP, uma empresa privada.  

É a propaganda e a promiscuidade no seu melhor estilo.  

É esta a história que os portugueses conhecem e que o PCP e a CDU têm vindo a denunciar.  

Denunciámos a descarada operação de propaganda que o PS montou a propósito das Pirites Alentejanas.  

Exigimos a defesa dos postos de trabalho.  

Exigimos a divulgação dos montantes e das contrapartidas oferecidos às diversas empresas envolvidas, que o governo, certamente para esconder os apoios dados aos interesses privados nega à Assembleia da República, razão pela qual já enviámos os dados disponíveis ao Tribunal de Contas para que fiscalize esta utilização de dinheiros públicos.  

Exigimos uma política de defesa da produção, em concreto da produção mineira, essencial para o nosso desenvolvimento. 

Não admira que haja ministros irritados quando o PCP e a CDU denunciam a sua política e a sua propaganda. 

Camaradas:

Acabámos de travar com êxito a batalha das eleições para o Parlamento Europeu.

Eleições cujos resultados em relação à CDU, mostraram a nossa Coligação a crescer, atraindo muitos milhares de novos eleitores para o campo da nossa Coligação Democrática Unitária e esse é um motivo da redobrada confiança com que encaramos as próximas eleições para a Assembleia da República já marcadas para o próximo dia 27 de Setembro.  

Um muito positivo resultado eleitoral traduzido num crescimento da sua votação superior a 70 mil votos e a eleição de dois deputados, no quadro da redução de 24 para 22 mandatos nacionais.

É com este bom resultado obtido que partimos para a próxima batalha das eleições legislativas com o claro objectivo de prosseguir o nosso ascendente processo de reforço eleitoral, de forma a garantir um novo êxito que se traduza em mais votos e mais deputados e num substancial reforço do campo dos que se batem pela concretização uma verdadeira alternativa de esquerda para o país e que tem na CDU a grande força capaz de a protagonizar.

É este resultado que projecta na vida política do país confiança na luta visando a derrota da política de direita que sucessivos governos maioritários do PS e do PSD têm concretizado em Portugal de forma desastrosa para o país e os portugueses.

Confiança que se alicerça também no facto do PS e o seu governo terem sofrido uma estrondosa derrota nestas eleições e na evidente erosão do bloco central que tem governado o país em todos estes anos.

A próxima batalha eleitoral que temos pela frente para a Assembleia da República é, sem dúvida, o mais importante e decisivo combate que no imediato temos que travar pela tão necessária mudança de rumo da política e da vida nacional.

Uma batalha complexa, porque a sua ultrapassagem com êxito exige mais do que confirmar a merecida derrota que o PS teve nestas últimas eleições.

Exige igualmente que do seu resultado final resultem condições que permitam derrotar a política de direita.

(...)

É agindo na concretização desses dois objectivos, dos quais o mais decisivo e determinante é um forte crescimento e reforço da CDU que encontraremos os caminhos do êxito na viragem da situação da vida nacional a que aspiramos.  

Viragem e mudança que se tornou cada vez mais imperiosa face à grave situação do país como esta semana o afirmámos no debate sobre o estado da Nação.  

Viragem quanto mais necessária quando ouvimos do primeiro-ministro José Sócrates a afirmação de que não se desviará da sua política, confirmando que nada de novo tem este PS para apresentar aos portugueses, a não ser continuar a política que os portugueses claramente quiseram condenar nas recentes eleições.  

Na verdade, chegamos ao fim de mais um ciclo governativo e o país que este governo do PS e esta impositiva maioria absoluta vai deixar é um país em profunda e grave crise.  

Mais um ciclo governativo perdido para a resolução dos problemas que o país há muito enfrenta, na esteira da fracassada acção governativa anterior do PSD e CDS-PP.  

Um ciclo governativo perdido que prolongou a situação de estagnação e de crise que tem levado à degradação da vida da maioria dos portugueses. 

Por isso afirmámos que o estado da Nação é o estado de regressão e declínio em que esta maioria e anos sucessivos de política de direita deixam o país.  

(...)  

Um governo e uma maioria que nada faz no combate à corrupção que permanece e corrói a democracia portuguesa e que nada adiantou na resolução dos verdadeiros problemas que enfrenta a justiça.  

Vivemos num país em que os grandes grupos económicos gozam da protecção da política do Governo para aumentaram a exploração e maximizarem os lucros, enquanto a generalidade da população vê degradadas as suas condições de vida. 

Como vão continuando a assistir a esses folhetim indecorosos que alimentam a bipolarização tão do interesse dos dois partidos que têm governado o país com resultados e consequências tão desastrosas.  

Esse bloco central de interesses que são o PS e PSD.  

Bipolarização que se alimenta de um conjunto de mistificações que ocultam as opções e respostas aos verdadeiros problemas de fundo do país. 

Mistificações que vamos precisar de combater, sem desfalecimentos e sem descanso, como as inventadas “eleições para primeiro-ministro”, as fantasiosas teses que fazem depender a estabilidade do país da manutenção das actuais políticas e dos partidos que as têm conduzido.  

Mistificações que têm na empolada personalização da vida política, também o principal instrumento de “desresponsabilização” dos partidos, como agora e mais uma vez acontece com esse falso duelo entre Sócrates e Ferreira Leite.  

É assim que se tenta iludir e esconder a responsabilidade de sucessivos governos do PS e do PSD atrás da mudança de líder.  

A característica mais evidente do Bloco Central de interesses,  alargado ou não ao CDS, é a auto-protecção, a cobertura mútua em relação a desmandos, as nomeações compensadoras para altos cargos altamente remunerados conforme estão no poder ou na oposição e o rotativismo sem alternativa. 

Quando as comadres se zangam, embora sejam sempre zangas com limites, geralmente em períodos pré-eleitorais então ficam-se a saber algumas verdades, como é o caso agora da TVI.  

O PSD acusou Sócrates de utilizar a PT para controlar a TVI e mudar a linha editorial e depois deste afirmar desconhecer o que estava na praça pública, o governo voltou atrás e usou a sua golden share para pôr ponto final no negócio.  

Em retaliação agora foi a vez do PS por intermédio de Granadeiro vir dizer que o PSD no governo vendeu à PT a rede fixa, uma concessão perpétua, que não volta ao Estado.  

Mas mais, a venda da rede básica de telecomunicações à Portugal Telecom (PT) foi feita por 365 milhões de euros, quando o valor contabilístico da mesma era, à época, de 2,3 mil milhões de euros. 

O PSD por sua vez e, pela voz de Manuela Ferreira Leite, contra-ataca dizendo que o negócio já estava preparado pelo governo PS de António Guterres e que até já foi por um preço superior ao que o PS queria. 

Agora é o Presidente do Tribunal de Contas, Oliveira Martins, que veio afirmar que o PS deixou a venda da rede fixa à consideração do PSD.  

Isto é o PS contra-ataca dizendo que também a queria vender mas que o PSD no governo, se quisesse, podia não fazê-lo! 

E no meio deste folhetim, Ferreira Leite deita mais achas para a fogueira revelando que a primeira audiência que concedeu enquanto ministra das Finanças foi ao Dr. Murteira Nabo, presidente da PT, em 2002 em que este destacado membro do PS “vinha muito preocupado com a possibilidade do novo governo PS poder cancelar o negócio.” 

Moral da história, nesta guerra de comadres ficou-se mais uma vez a saber que no jogo do pataca a mim pataca a ti, o Bloco Central de interesses se vai governando à  custa do erário público e do povo português. 

Aliás se as privatizações falassem, se os bancos falassem, se as empreitadas e respectivas derrapagens falassem teríamos uma telenovela interminável e se a justiça funcionasse ter-se-ia que encontrar cadeias de primeira para meter tanta gente fina... 

Camaradas: 

O Estado da nação vê-se igualmente na evolução da economia portuguesa, na grave e profunda recessão que país enfrenta, no contínuo processo de desindustrialização do país, de abandono da agricultura e das outras actividades produtivas que levou ao agravamento dos nossos défices crónicos e ao crescimento avassalador da dívida externa que se está transformar cada vez mais num verdadeiro garrote que estrangula e hipoteca o desenvolvimento do país.  

Por aqui se vê  e confirma que as medidas de apoio ao sector financeiro e aos grandes grupos económicos têm na verdade surtido bom resultado, pois continuam a crescer a um ritmo invejável, enquanto as micro, pequenas e médias empresas, apesar da sua importância no emprego e no desenvolvimento económico, continuam a ver negadas as medidas de fundo indispensáveis ao apoio à sua actividade.

Esta evolução é  a consequência lógica de uma política que travou o investimento público que neste período de governo do PS regrediu cerca 29% em termos reais, fez diminuir o poder aquisitivo do povo, promoveu a financeirização da economia,  concentrou a riqueza e fez do controlo orçamental a primeira prioridade, em detrimento do crescimento económico e do emprego.

Em relação ao investimento público vemos agora o governo para alimentar também a dita bipolarização da vida portuguesa, a afirmar a importância do investimento público.

Areia do mesmo saco, o PSD vem agora para procurar mostrar diferenças com o actual governo questionar o investimento público. Uns e outros, PS e PSD, têm nesta matéria mais que os une do que os separa.  

Uns e outros unidos na mesma receita e opção de redução de investimento público. Uns e outros, divergindo na semana ou no mês para esta ou aquela obra, mas convergindo no essencial.  

Uns e outros deixando de lado que o essencial é mais investimento publico, e sobretudo mais investimento publico integrado numa estratégia de desenvolvimento do país, baseada na incorporação de produção nacional, assente em soluções de serviço público e não em engenhosas parcerias destinadas à privatização ou em concessões que no futuro irão ser pagas por todos nós com “língua de palmo”.  

Uns e outros, assistindo passivamente ao desaproveitamento do potencial criado com investimentos como o Alqueva, ou protelando irresponsavelmente a construção de infraestruturas rodoviárias como o IP8. 

Uns e outros, acusando-se mutuamente mas cooperando activamente, no adiamento da regionalização e na concretização de uma política regional que potencie o desenvolvimento económico e o progresso local. 

Quatro anos passados o desemprego no Alentejo que já era elevado no inicio do mandato deste governo – 9,3% no 1º trimestre de 2005 – não parou de subir e atinge agora os 10,2% (12,4% nas mulheres e nos jovens 23,4%).  

São mais de 37 mil os trabalhadores alentejanos que se encontram na situação de desemprego e muitos mais seriam se entretanto muitos não tivessem abandonado a região, procurando noutras paragens, em Espanha ou em Lisboa o emprego que aqui lhes é negado.

(...)

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