Escusam de tentar

Gustavo Carneiro
 

Gustavo Carneiro

A CDU obteve no domingo um excelente resultado eleitoral, aumentando o seu número de votos, reforçando a sua percentagem eleitoral e elegendo 15 deputados, mais um do que em 2005. De tão óbvio, não deveria ser necessário escrever uma linha que fosse sobre este assunto. Acontece que vários comentadores, analistas, politólogos e outros que tais vieram dizer que não, que a CDU fora derrotada nas urnas por ter descido para o quinto lugar – naquela tão inovadora quanto absurda análise futebolística da política. Tese, aliás, já intensamente difundida antes das eleições, nos comentários às inúmeras sondagens que foram saindo...
Com esta manobra, a que outros partidos se prestam (quem ganhou ou perdeu, quem ficou no pódio ou fora dele...), pretendem confundir os eleitores da CDU – actuais ou potenciais –, incutindo a ideia de que esta é uma força a perder e a definhar e que, como tal, de nada vale confiar-lhe o seu voto. No máximo, esperam até conseguir desmoralizar e desmobilizar os seus activistas, que dão o melhor das suas capacidades e energias – haja ou não eleições próximas – para levar aos trabalhadores e ao povo as propostas da coligação e dos partidos que a compõem.
Não se pode nem se deve ignorar o impacte que uma manobra desta envergadura, com recurso a meios poderosíssimos, poderá ter em muitos milhares de eleitores indecisos – Quantos mais votos poderia ter alcançado a CDU sem os preconceitos e o favorecimento de outras forças difundidos pela comunicação social? Ao certo, nunca o saberemos, mas talvez não fossem poucos...
Mas convém não esquecer nem deixar de valorizar o significado actual do voto na CDU – o voto que derrubou preconceitos, que dá mais força à luta, que verdadeiramente conta na construção da alternativa de esquerda que o País precisa. E há também que recordar, sempre, que não pára de aumentar o número daqueles que votam na coligação. Como disse recentemente, numa reunião, um camarada, são cada vez mais os que votam na CDU, coisa bem diferente dos que votaram noutros partidos. Uma diferença que vai muito para além dos tempos verbais.
Se podemos admitir que neste primeiro objectivo poderão ter alguns resultados – não tão positivos como desejariam, pois a CDU não só resiste como se reforça – no segundo falham estrondosamente. Os militantes e activistas da CDU não se deixam abater por resultados eleitorais – muito menos quando estes são extremamente animadores, como é o caso – nem por campanhas mediáticas. Porque é gente resistente e combativa, que sabe que é na luta organizada e quotidiana que se firma a consciência; gente que sabe o que custa conquistar votos – que nenhuma televisão serve numa bandeja, antes pelo contrário – através do contacto, do esclarecimento, da confiança; gente que compreende que a ruptura e a mudança estão muito para lá dos votos.
Gente que sendo igual a toda a gente é diferente, pois tem um sonho, um ideal, um projecto aos quais dedica parte substancial do seu tempo, das suas energias e capacidades. Em troca, apenas a imensa satisfação do combate, da camaradagens, das pequenas vitórias. E isto faz toda a diferença!