Sessão Pública de Apresentação da Lista da CDU Teatro Faialense, Horta
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Intervenção de Jerónimo de Sousa, Secretário-geral do PCP |
16 de Julho de 2009 | |
Amigos e Camaradas: Esta é a lista de uma força que não se fica perante os problemas, mas que os enfrenta com determinação dos que têm fortes convicções e um desejo imenso de servir o seu povo e o seu país. A candidatura de uma força que se afirma em oposição e ruptura com a política de direita que tem sido protagonizada maioritariamente pelo PS e pelo PSD. Uma força que nasce da necessidade objectiva de responder às mais sentidas aspirações dos trabalhadores portugueses e das massas populares que não encontra paralelo noutras representações partidárias e da genuína vontade de afirmar e concretizar um projecto alternativo de transformação, de justiça social e de progresso com autenticidade própria da sua natureza de força popular e de esquerda. Camaradas: Muitos milhares de novos eleitores que mostram a vitalidade da nossa Coligação e dão mais alento à luta que travamos pela viragem da situação política nacional. Daqui quero saudar com uma imensa alegria os construtores deste resultado, candidatos, apoiantes e activistas da CDU e em particular aos portugueses que deram um voto novo à CDU e com tal decisão estão a contribuir para dar força à luta pela mudança que garanta uma vida melhor para os portugueses. Vamos para a próxima batalha eleitoral para a Assembleia da República com a firme convicção que muitos mais portugueses compreendem a importância do reforço da CDU, não apenas porque é importante reforçar a CDU com mais votos e mais deputados, mas porque cada vez mais portugueses tomam consciência que é nesta grande força que reside a esperança de uma real mudança da vida nacional. Mais portugueses compreendem e reconhecem que não há saída para os graves problemas do país, sem o contributo e o reforço desta grande e combativa força que se bate como ninguém pela ruptura com a política de direita e pela concretização de uma verdadeira alternativa de esquerda à situação do país. Reforço que quanto maior for, quanto mais peso tiver, mais defendidos estão os interesses populares e mais próxima estará a viragem na situação política nacional. Viragem cuja real possibilidade de concretização está bem patente na estrondosa derrota do PS e do seu governo nestas eleições, mas também da evidente erosão do bloco central que tem governado o país. O PS foi derrotado e bem derrotado, mas a grande e decisiva batalha que temos e que se impõe travar é não só confirmar no próximo dia 27 de Setembro essa derrota, mas também a derrota da política de direita. Essa política que tem sido protagonizada não apenas pelo PS, mas também pelo PSD e CDS e seus governos que nestas últimas três décadas conduziram o país ao atraso. É por isso que a grande batalha que temos pela frente nestas eleições para Assembleia da República é criar as condições para pôr termo ao modelo da alternância sem alternativa entre PS e PSD e que está cada vez mais desacreditado e para que finalmente seja possível dizer basta de políticas de direita! Basta de injustiças! Na verdade, chegamos ao fim de mais um ciclo governativo suportado por uma arrogante maioria e o país que esta maioria absoluta do PS vai deixar é um país em profunda e grave crise. Um país crescentemente fragilizado e em regressão. Um país marcado por dramáticos problemas sociais e em recessão económica cada vez mais profunda. Uma grave recessão económica que não pára de se aprofundar com consequências cada vez mais dramáticas. Os Açores não fogem à regra. Aqui se fazem sentir em toda a sua expressão as consequências da política de direita e o caminho de declínio e de injustiças a que tem condenado o país. Aqui se fazem sentir com a redobrada expressão de quem tem de ver somada à política e orientações nacionais, as consequências das políticas regionais da governação do PS. Camaradas: Um problema que se agrava com o aumento da precariedade laboral que tem nos Açores uma dimensão inaceitável, muito acima da média nacional, apesar desta ser das maiores dos países da União Europeia. Uma situação que não encontra resposta na acção do governo e muito menos quando José Sócrates insiste que o governo não se desviará da sua política. O governo fala muito de preocupações sociais, mas estas ficam para quem vive as situações e os dramas, com a agravante de deixar desprotegidos aqueles que perderam o seu emprego e hoje são mais de 300 mil que estão na situação de não receberem qualquer subsídio de desemprego. Uma situação que inevitavelmente vai conduzir a uma maior degradação das condições de trabalho e dos salários e à criação de condições de objectiva pressão e chantagem sobre o mundo do trabalho, favorecendo o aumento da exploração. Esta posição de imobilidade do governo do PS e sua afirmação de que manterá o rumo da sua política apenas revela que José Sócrates não tem respostas para a solução dos problemas dos portugueses e que nada tem de novo para apresentar ao país, a não ser um agravamento ainda maior dos problemas. Num país que continua a ser dos países da União Europeia com mais baixos salários, onde mais se têm acentuado as desigualdades salariais e sociais e onde a repartição do rendimento nacional é cada vez mais injusta, esta situação só pode continuar a agravar esta escandalosa mancha negra da nossa realidade nacional e que faz de nosso país o campeão dos campeões das desigualdades sociais e as nossas Regiões Autónomas o espaço aonde essa realidade é ainda mais gritante e profunda. E que este governo deu um importante contributo para a sua degradação com a sua política de favorecimento do congelamento dos salários no sector público e no privado e que nalguns casos conduziu a uma forte redução dos salários reais. É em ruptura com esta política que defendemos uma nova política alternativa de valorização do trabalho e dos trabalhadores, através de uma justa repartição da riqueza, assente na valorização dos rendimentos do trabalho, no pleno emprego, na defesa do trabalho com direitos, de uma adequada política fiscal e de um eficaz e valorizado sistema público de segurança social. Camaradas: Uma evolução que em grande medida está a determinar a crise económica e social que hoje vivemos e que é a mais decisiva das causas do empobrecimento dos portugueses. A questão central da defesa e valorização das nossas actividades produtivas e com elas do emprego foi, com este governo do PS, tal como nos anteriores uma preocupação secundária, um objectivo subalterno dessas políticas que estão a hipotecar o futuro do país. Nestes últimos anos os sectores eminentemente produtivos – agricultura, pescas e indústria – viram o seu peso na produção nacional reduzido praticamente a metade, apenas floresceram as actividades financeiras e imobiliárias. O que se está a passar na agricultura, particularmente no sector do leite e da carne é preocupante. Em relação ao leite é um escândalo a passividade e falta de medidas para defesa e protecção do sector que vive uma situação cada vez mais insuportável. Importações a preço de saldo, com apoios estatais dos países de origem. O PCP, perante este grave problema apresentou um projecto de Resolução na Assembleia da República com um conjunto de medidas urgentes de apoio ao sector. O governo do PS parece ter descoberto agora o mar como factor de desenvolvimento. Uma politica que exige a afirmação da soberania e independência nacionais, isto é, a salvaguarda da soberania nacional quanto à gestão das suas águas territoriais e zonas económicas exclusivas (ZEE). Política cada vez mais colocada em causa, por todo um conjunto de políticas e medidas que sistematicamente transferem os poderes de decisão para a União Europeia e que o novo tr,atado da União se aprovado, reduziria a pó esse direito sobre a gestão dos nossos recursos marinhos e das nossas águas. É perante esta evolução e esta realidade que se impõe cada vez mais a mudança, porque é cada vez mais uma certeza que não será com a mesma política que está na origem da crise e da agudização dos problemas nacionais que se combaterá a crise e resolverão os atrasos estruturais do país. Uma oportunidade para assegurar uma presença combativa, vinculada a valores de esquerda, empenhada na defesa da região e das condições de vida de quem nela vive e trabalha. Menos de um ano bastou para os açorianos perceberem a diferença conquistada, - na defesa dos seus direitos e no próprio funcionamento da Assembleia Legislativa - com o regresso da representação da CDU no Parlamento Regional. Asfixiada pelas maiorias absolutas que no país e na região o PS impõe, mais do que nunca o reforço da CDU é sinónimo de mais democracia e mais autonomia para a região. Uma Autonomia que para nós é, e deve ser na prática, sinónimo de capacidade para realizar uma política que combata as injustiças e as desigualdades, promova o desenvolvimento da região, valorize o trabalho e os trabalhadores, assegure uma vida melhor para as populações. Nós juntos somos uma força imensa! Força com confiança. Com aquela confiança inabalável de que sim é possível uma vida melhor! |