Ilda Figueiredo na Abertura campanha da CDU em Beja
24 de Maio de 2009

ImageCamaradas, amigas e amigos
    
    Uma saudação muito especial neste grande comício de abertura da campanha oficial da CDU, que se segue à maior iniciativa política alguma vez realizada em Portugal, a grandiosa marcha da CDU, ontem à tarde, em Lisboa. Um mar de gente que respondeu ao apelo da CDU e encheu as avenidas de Lisboa, desde o Campo Pequeno até ao Marquês de Pombal. A Marcha foi uma empolgante demonstração do descontentamento, do protesto e da indignação que varrem o país, dizendo basta de injustiças, exigindo uma ruptura e uma mudança, afirmando com determinação e confiança que, com mais força à CDU, sim, é possível uma vida melhor.  


Todos nós que participámos na marcha da CDU onde estavam mais de 85 mil pessoas, sentimos que representávamos muitos outros milhares de trabalhadores, reformados, mulheres e homens, mais ou menos jovens, que estão indignados com as injustiças sociais, o desemprego, a destruição do sector produtivo, as desigualdades crescentes, os lucros dos grupos económicos e financeiros que continuam a disparar à custa do empobrecimento da população e do país.
Por isso, aqui repetimos: há outro caminho para Portugal e para o povo português, que passa pela defesa e valorização do trabalho e dos trabalhadores, pela defesa do nosso sector produtivo, pelo aumento da produção e do emprego com direitos, pelo apoio aos micro e pequenos empresários e a quem trabalha a terra, pela promoção dos serviços públicos, por uma melhor partilha e redistribuição da riqueza, pelo aumento do poder de compra de reformados e pensionistas e pelo combate ao desemprego. Outro caminho que é possível e necessário, defendendo a soberania e os interesses nacionais, base essencial para o desenvolvimento e progresso social do Alentejo e do País, como sempre defendemos, aqui e no Parlamento Europeu, onde levámos as lutas e aspirações do povo alentejano.


Ao longo do mandato, e também nesta pré-campanha eleitoral, realizámos por todo o país, incluindo no Alentejo, visitas e reuniões, analisámos em conjunto os problemas com trabalhadores, mineiros, agricultores e reformados, activistas e dirigentes sindicais, autarcas da CDU, professores e alunos, trabalhadores da saúde, micro pequenos e médios empresários, associações e colectividades,  mulheres e jovens. Levámos as suas preocupações e aspirações a Bruxelas e Estrasburgo, procurámos que as políticas comunitárias tivessem em conta as especificidades da nossa economia, o desenvolvimento regional equilibrado, o bem estar e o progresso social.


 Por isso, defendemos o fim do Pacto de Estabilidade e da obsessão pelo défice orçamental, o fim dos paraísos fiscais e das orientações monetaristas do BCE,  pugnámos por outra política económica e monetária, para promover políticas de criação de emprego com direitos, combater o desemprego e a precariedade laboral.


Por isso, lutámos contra as directivas de desregulamentação laboral e denunciámos as tentativas de aumento do horário de trabalho para as 65 horas semanais, defendemos a redução do tempo de trabalho sem redução de salário, a melhor formação e saídas profissionais para a juventude e as mulheres. Não queremos que os nossos jovens continuem a estudar para o desemprego.
Por isso, exigimos a valorização do trabalho, o aumento dos salários, das pensões e reformas e votámos contra todas as directivas de liberalização e privatização dos serviços. É que lá se fazem e cá se pagam.


Por isso, precisamos de ter mais votos e mais deputados no Parlamento Europeu, para continuar a luta contra estas políticas que os deputados do PS, PSD e CDS lá votam e aqui aplicam, contra os interesses dos trabalhadores, do povo e do país.
 Em vez da liberalização, privatização ou encerramento de serviços e sistemas públicos da saúde, da segurança social, da energia ou dos transportes, queremos melhores e mais eficientes serviços públicos ao serviço das populações.


Defendemos uma educação pública universal e de qualidade e a criação de empregos para os milhares de jovens que saem dos estabelecimentos de ensino médio e superior do Alentejo e para que possam regressar muitos outros que saem da região para estudar. O melhor de um país e de uma região é o seu povo. São as pessoas. A sangria do Alentejo não pode continuar.
É urgente uma intervenção eficaz do Estado em sectores estratégicos para o desenvolvimento do país, designadamente financeiro, energia e transportes, para os colocar ao serviço do progresso social e do desenvolvimento regional, o que também implica uma melhor utilização dos fundos comunitários em Portugal e um reforço do orçamento da União Europeia, para que a coesão económica e social não seja uma mera expressão eleitoral.


Queremos um programa comunitário específico de apoio à economia portuguesa tendo em conta a gravidade da situação actual e as consequências dos últimos alargamentos, da adesão ao euro e da perda dos cerca de 15% de fundos comunitários no actual quadro comunitário, resultado da subserviência do Governo PS português e dos seus deputados aos interesses de Bruxelas.
 Queremos mais investimento público no Alentejo, maiores apoios às autarquias locais para avançar com projectos estratégicos para o desenvolvimento da região que há muito vimos reivindicando, de que são exemplos o desenvolvimento e total aproveitamento do Alqueva, como ferramenta estruturante e potenciadora da criação de emprego e desenvolvimento económico ao serviço dos interesses da região e do país; o desenvolvimento do Complexo de Sines, o aeroporto de Beja, o desenvolvimento de projectos agrícolas que aproveitem as imensas potencialidades da região, a defesa e promoção do seu importante património cultural e dos criadores, o apoio à construção e funcionamento dos equipamentos sociais e culturais que permitam melhorar a qualidade de vida e valorizar o imenso e rico património da cultura alentejana e portuguesa.
     O país e o Alentejo precisam de novas políticas e do financiamento público de um plano de desenvolvimento integrado que aposte na dinamização da produção e no aproveitamento das especificidades naturais e culturais da região, nos conhecimentos da população, no apoio às micro e PME, aos agricultores que trabalham a terra, aos artesão e a todos que aqui vivem e trabalham.
Somos nós quem defendeu uma outra Política Agrícola Comum e quem denunciou as sucessivas reformas da PAC que foram sempre contra quem trabalha a terra, que foram sempre na defesa dos grandes agrários e do abandono da produção.


 Foram os ministros e deputados do PSD e PS quem negociou e aprovou essas reformas da PAC, com destaque para Arlindo Cunha, do PSD e Capoulas Santos, do PS. É este bem conhecido porta-voz dos interesses dos grandes proprietários da terra que se quer arvorar em único defensor da agricultura. Ele que contribuiu para a destruição de milhares de pequenas explorações familiares. Por isso, daqui reafirmo que fui eu quem, em nome do PCP e do Grupo da Esquerda Unitária Europeia/Esquerda Verde Nórdica , como membro da Comissão de Agricultura e Desenvolvimento Rural do PE, apresentei propostas alternativas ao relatório de Capoulas Santos sobre o chamado “exame de saúde” da Política Agrícola Comum (PAC) concluído no ano passado. E, apesar de toda a propaganda à volta dos seus relatórios, este deputado e ex-ministro da agricultura ficará para a história como mais um dos candidatos a coveiros da agricultura portuguesa, pois nada de positivo daí saiu para quem trabalha a terra e vive dela para seu sustento.


Lamentavelmente, PS, PSD e CDS, aceitaram a liberalização e o fim das  quotas leiteiras, dando aos países do norte da UE, onde impera uma produção intensiva, a possibilidade de inundar o mercado nacional, com os efeitos no preço ao produtor que essa decisão está a ter. Foram esses partidos que contribuíram para a manutenção do caminho visando o desmantelamento das principais organizações comuns de mercado, nomeadamente no vinho, no azeite e nas frutas e legumes.


O actual governo PS é também responsável pelo enorme desastre que, em marcha acelerada, afecta os interesses nacionais, particularmente o sector agrícola, as suas estruturas cooperativas e associativas, os pequenos e médios agricultores e a agricultura familiar. São da sua responsabilidade as erradas opções políticas de continuidade na subserviência à União Europeia, isto é, aos interesses das grandes potências agrícolas e das suas transnacionais agro-alimentares. Foram eles os responsáveis pela perda de milhões de euros de fundos comunitários não aproveitados ou devolvidos à procedência, com o Ministério da Agricultura a alegar falta de verbas. Ainda recentemente, em resposta a uma pergunta que apresentei, a Comissão Europeia informou que é possível Portugal, através de uma proposta do Governo, devidamente fundamentada, alterar o programa de desenvolvimento rural - PRODER, como os agricultores têm defendido. Até agora o governo português nada fez de concreto para o alterar e ter em conta as reivindicações dos agricultores.


O País, e neste particular o Alentejo, não estão condenados a ver reduzida a sua produção agrícola a uma situação residual em paralelo com manutenção de grandes explorações com terras incultas, subaproveitadas ou adquiridas por estrangeiros. A questão central que se coloca é a da soberania e segurança alimentares e o acesso à terra dos que a pretendem cultivar. É necessário garantir a produção de alimentos de qualidade para fazer face às necessidades de consumo dos portugueses, contrariando a progressiva dependência de importação de alimentos.
Para isso, é necessária, como defendemos, uma profunda reforma da PAC visando a respectiva regionalização, modulação e plafonamento, para ultrapassar os actuais desequilíbrios no recebimento de ajudas entre produtores, produções e países. É necessária a sua ligação, tanto quanto possível, à produção, permitindo o crescimento da produção agro-alimentar nacional e, em geral, a modernização do nosso sector primário. Os produtos agrícolas devem ser definidos como produtos sensíveis e, como tal, excluídos da Organização Mundial do Comércio, evitando, assim, a concorrência de produtos agrícolas importados de pior qualidade.


A PAC deve valorizar quem trabalha a terra e produz bens alimentares, deve apoiar os mercados locais, defender e valorizar o ambiente, recusar os OGM, utilizar em benefício colectivo as potencialidades e investimentos públicos realizados, como o empreendimento de Alqueva. Neste sentido, ganha particular actualidade a nossa reivindicação para que, no Alentejo, se realize uma profunda alteração fundiária, concretizando, nas actuais condições, uma reforma agrária que aproveite todas as potencialidades produtivas, dê prioridade a quem quer trabalhar a terra e impeça o abandono ou o subaproveitamento existentes.


    Esta alternativa, que defendemos e que é possível, esta convicção de que o “Abril de novo” se constrói com a luta organizada e dirigida, de forma objectiva, contra as políticas de direita que nos têm sido impostas, em Portugal e na União Europeia, ficou ontem bem expressa na Marcha da CDU.
É a convicção de que o povo e o país não podem esperar mais, e que está nas nossas mãos, nas vossas mãos, dar a volta a isto!
E dia 7 de Junho será um importante momento para avançar na construção da mudança necessária e urgente, para pôr cobro, quanto  antes, à grave crise que vivemos. Para impedir o agravamento das condições de vida.
A dura realidade que estamos a viver prova que tínhamos razão! As políticas do governo PS e da União Europeia apenas têm servido os grandes grupos económicos e não quem trabalha e vive do seu esforço.
As eleições para o Parlamento Europeu, assim como as duas outras que se seguirão este ano – Assembleia da República e Autárquicas - são parte de um processo de luta que está muito para além das eleições e cujo objectivo central é a construção de um Portugal mais justo, democrático e soberano.


    Só que essa construção não se faz sem esforço, sem trabalho, sem a vossa generosidade. Temos duas semanas até às eleições. São 15 dias em que todos seremos poucos para multiplicar por muitos mil os contactos e o esclarecimento sobre a importância de ir votar no dia 7 de Junho. Votar na CDU.


Sabemos todos que não é tarefa fácil. Aqueles que sabem que o voto na CDU é o voto que mais dói à política de direita têm-se esforçado, e muito, para silenciar a nossa voz. A pré-campanha demonstrou que, para eles, vale tudo. Tentam apagar o papel insubstituível da CDU como a força que dá voz à indignação e ao protesto, a força consequente que luta e organiza para a luta. Mas esquecem-se que nós temos esta força imensa que somos todos nós. Que são todos e cada um de vós que esclarece e mobiliza para o voto na CDU. Esquecem-se que temos a força das convicções.
A pré-campanha demonstrou que a única força que tem propostas alternativas, e que é a alternativa, é a CDU. A campanha vai demonstrá-lo ainda com mais força.
Todos juntos, vamos levar o protesto e a condenação da política do governo PS até ao voto. Vamos votar em quem não abdica de defender os interesses nacionais nem submete os seus interesses às forças dominantes em Bruxelas, a CDU.
Vamos levar esta confiança e esta determinação aos nossos familiares, amigos, vizinhos e a todos aqueles com quem vamos contactar até 7 de Junho. Vamos dizer-lhes que a CDU faz toda a diferença! Que a CDU é a alternativa de que Portugal e a Europa necessitam.
Com o vosso apoio, com o vosso empenhamento, com a vossa alegria, a CDU avança! Avança com toda a Confiança!


VIVA O ALENTEJO. VIVA PORTUGAL
VIVA A CDU

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