José Lourenço

José Lourenço
Os resultados das eleições para o Parlamento Europeu são muito claros, o povo português quis no passado dia 7 de Junho, exprimir de forma muito clara o seu descontentamento em relação à política seguida pelo Governo PS nos últimos 4 anos.
Só assim se justifica que o único partido, entre os principais partidos, que registou uma quebra na sua votação, em termos absolutos e em termos percentuais, tenha sido o PS.
A quebra na votação do PS, menos 570 839 votos, correspondentes a menos 37,6%, corresponde a uma verdadeira hecatombe e diz-nos que entre as anteriores eleições para o Parlamento Europeu e estas o PS perdeu um em cada três dos seus votantes.
Sabendo-se que a abstenção constitui em muitos casos um sinal de claro descontentamento em relação à situação política e social actual, não será difícil concluir que muitos dos descontentes com a política seguida pelo Governo PS, engrossaram fortemente o volume da abstenção, e se tivessem ido votar, o resultado teria sido ainda mais catastrófico para o Governo.
Do nosso ponto de vista os resultados espelham não só a derrota deste Governo, mas mais do que isso, reflectem também a derrota das políticas de direita que PS, PSD/PPD e CDS, têm perpetuado ao longo das últimas décadas. Essa conclusão pode ser retirada pelo facto do somatório destes três partidos do centrão, ser nestas eleições inferior em 277 282 votantes, ao resultado por eles obtido em 2004.
Tendo subido em todo o país, tendo conseguido os melhores resultados dos últimos 15 anos e tendo voltado a sair vencedor em três distritos – Setúbal, Évora e Beja – estes resultados devem ser por nós festejados e podem constituir um bom augúrio para os actos eleitorais que se avizinham, em Setembro – eleições legislativas – e em Outubro – eleições autárquicas.
Tendo sido bons os resultados obtidos, eles não podem no entanto permitir que possamos adormecer sobre eles. Antes devem constituir o tónico de que todos precisamos para nos três meses que nos separam das próximas eleições legislativas, tudo façamos para conservar os votos agora obtidos e para conquistar parte substancial das centenas de milhar de votantes, que tendo agora se abstido de votar, irão votar próximos actos eleitorais.
Tudo leva a crer que, à imagem do que se verificou nas várias eleições legislativas que se realizaram no nosso país, os níveis de abstenção irão nas próximas eleições legislativas baixar para um valor em torno dos 36 a 38%, o que significará que o número de votantes irá aumentar consideravelmente em relação às eleições do passado dia 7 de Junho. Neste caso teremos mais cerca de dois milhões e meio de votos para contabilizar nas urnas.
Cada força política irá procurar capitalizar as dinâmicas de vitória das últimas eleições e os dois maiores partidos do centrão – PS e PSD – irão procurar acenar com o espantalho da governabilidade – como se estes últimos 4 anos de Governo PS e os três anteriores de coligação PSD/CDS não tivessem mostrado a saciedade que maiorias absolutas não significam estabilidade social - para atraírem para si aqueles que agora se abstiveram e para tentarem ainda mudar algum sentido de voto daqueles que agora foram votar.
Da parte da CDU, teremos de reafirmar a importância que o reforço da nossa votação, e consequentemente da nossa representatividade na Assembleia da República, terá nas futuras soluções para o país.
Todos aqueles, e são cada vez mais, que defendem a urgência e a necessidade de uma ruptura com todas estas políticas que têm sido seguidas nos últimos 33 anos, têm de ser por nós sensibilizados nos próximos três meses para que desta vez votem CDU e contribuam para a mudança de que o nosso país precisa urgentemente.

Miguel Tiago

Miguel Tiago
Agora que está expresso o descontentamento de forma que eles entendem, já se vai por aí assistir às habituais tentativas de branqueamento do papel do PS ao longo destes últimos anos. Virão as lágrimas de crocodilo, as vitimizações ao estilo do “menino-guerreiro”, virá por atacado o papão do comunismo e o apelo à maioria absoluta do PS para impedir a maioria de direita. Virão as caras simpáticas, os modos menos arrogantes e a humildade fingida de quem tudo faz para não perder o poder. A mudança de estilo afinal vem comprovar o carácter arrogante de um PS que usou o poder para desfigurar o Estado, para o desmontar e para cilindrar os direitos mais elementares dos trabalhadores, pois que muda o estilo para tentar manter a política.
 
Se há coisa que estes resultados das europeias bem comprovam, é evidentemente o descontentamento gerado por políticas de direita aplicadas pelo PS que, depois de contar com um capital de esperança para a mudança, decidiu nada mudar e, pelo contrário, agudizar o pendor neo-liberal das políticas que PSD e CDS já levavam a cabo. Um descontentamento profundo que falou a linguagem dos partidos do sistema, que trouxe às urnas aquilo que o PCP e a CDU há muito vinham trazendo para a sua intervenção e, principalmente, trouxe às urnas a luta dos portugueses contra estas políticas, assim penalizando fortemente o PS e comprimindo a direita num espaço eleitoral cada vez mais curto e mais limitativo da sua influência.
 
E se há coisa que por muito que queiram agora, como de costume, os comentadores e fazedores de opinião esconder, é que a CDU foi a força que, não sustentando o seu resultado no descontentamento mas sim na confiança e no projecto de ruptura, alcançou uma subida em todos os distritos e contrariou o dogma do definhamento, uma vez mais se afirmando como a grande força da esquerda com projecto em Portugal.
 
Mas há mais reflexões que nos cabe fazer:
 
a ligação concreta que a CDU e as forças que a compõem fez ao longo dos anos, dentro ou fora dos períodos eleitorais, entre a sua intervenção institucional ou orgânica e os reais problemas das populações, reforçando as suas lutas e colocando-as no plano central da política nacional, é um elemento estrutural do seu crescimento e atinge uma expressão de dimensão absolutamente própria de uma força como a CDU na marcha de dia 23 de Maio;
 
o crescimento da CDU traduz muito mais do que o aumento numérico do número de eleitores que depositaram um voto; significa uma consolidação da confiança e um reconhecimento social e político do trabalho do PCP, do PEV, da ID e daqueles que com essas estruturas trabalham, que assenta essencialmente na convicção profunda de que é possível construir uma vida melhor para os portugueses. E essa convicção difere de um mero descontentamento ou protesto porque ela conflui, não só para o combate às políticas de direita, mas também para a construção da alternativa e da necessária ruptura, assim confirmando a CDU como o eixo da construção de uma alternativa de esquerda.
 
E é também por tudo isso que partimos para o dia-a-dia de empenho e entusiasmo redobrado, com a clara convicção de que trilhamos o caminho certo para a construção de uma vida melhor com as soluções da CDU.

Tiago Vieira

Tiago Vieira
Na campanha das eleições para o Parlamento Europeu, que no Domingo de 7 de Junho permitiram aos portugueses dizer ao Governo PS que estão fartos das suas políticas de direita, e que permitiram à CDU o alcançar de um importante resultado (o melhor das últimas décadas em eleições para o Parlamento Europeu), merece a pena analisar o papel e o comportamento da juventude. 
Os intérpretes e porta-vozes da política de direita adoram lançar junto das pessoas mistificações sobre a juventude. Ainda no ano passado o nosso Presidente da República veio a público dizer que era preocupante o desinteresse da juventude portuguesa pela política, mais recentemente o BE veio agitar a bandeira do voto aos 16 anos como forma de mais envolver os jovens na vida política. 
O que nem uns nem outros se lembram (ou preferem ajudar que as pessoas esqueçam), é que o eventual desinteresse da juventude pela política não é uma condição natural, mas antes decorre das políticas de direita e das promessas sucessivamente quebradas pelos partidos que vêm governando Portugal. Já agora, embora não seja o objectivo deste texto, importa também lembrar que o interesse pela actividade política existe junto da juventude, e que se exprime bem além das eleições, estando presente nas inúmeras lutas e iniciativas que, nos diversos sectores, envolvem largas centenas de milhares de jovens todos os anos. 

No entanto, e se dúvidas houvesse, esta campanha permitiu, de facto, esclarecê-las também nesta matéria. A campanha levada a cabo pela Juventude CDU contactou directamente largos milhares de jovens e estes responderam muito positivamente! Nas escolas, nas universidades, nas empresas, nas ruas e por toda a parte, poucos eram os jovens que não paravam para ouvir e para conversar com os activistas da Juventude CDU, tal como poucos eram os que, ao fim de alguns minutos, não exprimiam o seu acordo com a necessidade de lutar para livrar o país das políticas de direita do PS/PSD/PP. 

Fosse à porta da Citroen em Mangualde, na Universidade da Beira Interior na Covilhã, na Praça do Peixe em Aveiro, ou em qualquer uma das mais de 500 iniciativas de campanha realizadas pela Juventude CDU que permitiram contactar com milhares de jovens, era evidente que o reconhecimento dos membros da JCP, da Ecolojovem e de muitos e muitos independentes que entretanto se incorporaram na Juventude CDU era a chave para este contacto tão positivo. 

Os jovens contactados reconheciam politicamente a CDU como a força que agrega os que lutam por uma mudança séria e a sério para o país, da mesma forma que reconheciam os seus colegas de turma, de escola ou de trabalho, como aqueles que sempre lutam, lutaram e continuarão a lutar, por essa mudança, por uma efectiva ruptura. 

Desta forma, foi com satisfação e alegria que pudemos registar que o lema “Leva a luta até ao voto!” era aceite com uma profunda naturalidade e identificação e estamos seguros que foi essa uma das raízes do excelente resultado da CDU nestas eleições. Do mesmo modo, é essa alegria e força que devemos ter como inspiração para as batalhas que se seguem, para que mais um bom resultado da CDU nas legislativas e nas autárquicas sejam os alicerces de uma luta ainda mais forte pelo fim de mais três décadas de políticas contra os trabalhadores e os jovens portugueses.

Heloísa Apolónia

Heloísa Apolónia
Este Governo ficará marcado pelo profundo desrespeito que demonstrou  ter, do início ao fim do mandato, por um dos mais importantes institutos e instrumentos da política de ambiente:  a AIA (avaliação de impacte ambiental). Resumidamente a AIA é constituída  por 3 peças: o EIA (estudo de impacte ambiental), a consulta pública e a DIA (Declaração de Impacte Ambiental – assinada pelo Ministério do Ambiente, que declara se o parecer da AIA é favorável ou desfavorável).

Lembram-se da forma como o Governo quis dispensar a co-incineração de EIA?  E, já agora, lembram-se de como o Governo não quis submeter a consulta pública o Plano Nacional da Arrábida, quando o seu conteúdo era contrário ao que tinha sido submetido a anterior consulta pública?

O projecto de A32, a passar pela vila da Branca, em Albergaria-a-Velha, foi sujeito a um EIA que constituiu uma obra “louvável” de contorcionismo para chegar às conclusões já previamente decididas. O EIA consegue ignorar a existência de linhas de água de abastecimento doméstico e agrícola e consegue determinar que a solução 1 tem mais vantagens ambientais do que a alternativa 5, mas mesmo assim opta pela solução 5, a que mais prejudica a população! Quando é preciso fazer batota nos EIA é porque algo vai mal!

Também o troço do  IC2 em Estremoz foi chumbado há 2 anos por prejudicar gravemente valores ambientais importantes… e não é que agora o mesmíssimo troço, no mesmíssimo corredor / trajecto está novamente em consulta pública, com  grande expectativa, por parte da Estradas de Portugal, de que será aprovado?

E não é que agora, com a AIA da barragem do Tua, a DIA omite, misteriosamente, alguns dos contributos dados no âmbito da consulta pública? Entre essas omissões está o parecer do PEV e de  outras organizações. Questionámos o Ministério do Ambiente sobre este misterioso desaparecimento. Sabem qual foi a resposta? Foi “um lapso informático”!! Curioso, o Governo do pregão do “Plano Tecnológico” anda sempre a  tropeçar em lapsos informáticos! Mas, e não é que, por tamanha coincidência, desse lapso informático só emergiu um “apagão” sobre os pareceres que contestavam o projecto da barragem do Tua?!

Ficam apenas aqui estes exemplos, entre tantos outros que poderiam ser dados. Sabem o que vos digo? Também por absoluta necessidade de uma política para o ambiente, promotora do desenvolvimento…. este país precisava era que os eleitores decidissem simular um apagão, no seu boletim de voto, daqueles que têm governado este país! Agora, não votar naqueles que alternadamente têm (des)governado o país. Gerar um voto diferente e útil - o voto na CDU apaga a força daqueles e reforça a força do povo.

Gustavo Carneiro

Gustavo Carneiro
No domingo, a CDU obteve um extraordinário resultado nas eleições para o Parlamento Europeu, ao atingir 10,66 por  centos dos votos, naquela que é a sua maior expressão eleitoral desde há 15 anos (nas Europeias de 2004, alcançou 9,1 por cento); manter os seus dois eleitos, num quadro adverso, em que o País perdeu dois deputados; e ao ter sido a força mais votada dos distritos de Setúbal, Évora e Beja e em dezenas de concelhos, tendo aumentado a sua votação em todas as regiões do País.

Naquela que foi a sua maior votação em eleições para o Parlamento Europeu desde 1989 (que ano!), a CDU mereceu, no domingo, a confiança de quase 380 mil eleitores – um acréscimo de mais de 70 mil relativamente a 2004. Em minha opinião, esta é a questão mais importante. Porque não se fala apenas (nem fundamentalmente) de números e percentagens, mas de pessoas concretas, com as suas características e percursos diversos, com os seus sonhos, desejos e aspirações próprios – mas todas elas unidas pelo facto de terem confiado o seu voto à CDU.

É precisamente sobre este ponto que penso ser necessário reflectir um pouco. O que representa votar, hoje, na CDU? Qual o valor de um voto na coligação? Que barreiras e preconceitos é preciso derrubar para fazer esta opção?

Consciente de que a dificuldade em responder cabalmente a esta pergunta é directamente proporcional à impossibilidade de entrar no interior das cabeças destas quase 380 mil pessoas, arrisco algumas reflexões. Votar, hoje, na CDU é desferir um rude golpe no conformismo e na resignação. É rejeitar a inevitabilidade da perda de direitos, da redução de salários e pensões, do aumento da jornada de trabalho e da idade da reforma. É votar em quem não promete a salvação, mas garante que, juntos, na luta, é possível construir algo melhor.

A opção pela CDU não é apenas um «voto de prostesto». Sendo, também, uma escolha contra a política de direita do Governo PS e dos que o antecederam – que as forças que compõem a CDU combateram e combatem como nenhuma outra – é bem mais do que isso: é um voto de compromisso com um projecto de ruptura e de construção de um caminho alternativo para Portugal e para a Europa, baseado na valorização dos salários e dos direitos, na defesa da produção nacional, na garantia da soberania nacional.

Para muitos dos que votaram na CDU no domingo, tantos deles pela primeira vez, houve que vencer preconceitos de décadas e ultrapassar a avassaladora onde mediática que tão ostensivamente desvalorizou os seus candidatos, propostas e campanha (ao mesmo tempo que empurrava outras para cima, escandalosamente), vendo mais além.

Por isso, são votos preciosos, estes. Todos eles e não apenas os novos 70 mil. Porque os nossos votos nenhuma televisão nos dá. Conquistamo-los nós, um a um, no dia-a-dia da luta que travamos ao seu lado, nas empresas e locais de trabalho, nas escolas e universidades, nas cidades, vilas e aldeias do País. Uma luta que travaremos agora, todos juntos e com muitos mais que a nós se juntarão, com mais força, com mais confiança, com ainda mais determinação. 

Embora o escrutínio ainda não esteja finalizado, faltado apurar os votos Portugueses realizados no estrangeiro, os resultados apurados até à data já permitem tirar algumas conclusões marcantes sobre as eleições nacionais para o Parlamento Europeu:

1. Uma expressiva descida dos votos nos partidos de direita, face às eleições europeias de 2004. Se comparamos os votos conjuntos obtidos pelo PS e a aliança “Força Portugal” (PSD+CDS/PP), em 2004, com a soma do resultado destas três forças em 2009, vemos uma redução de cerca de 337 mil votos. Há caso para dizer que não houve só um voto de condenação da política de direita conduzida pelo Governo PS/Sócrates, mas uma derrota da política de direita como um todo. Embora não seja possível comparar directamente os votos do PSD nas eleições de 2004 e 2009, podemos constatar que a “Força Portugal”, em 2004, obteve menos votos que a soma da votação, em 2009, do PSD e CDS-PP. Embora, esta soma tenha crescido, as duas forças em conjunto não conseguiram o mesmo número de deputados conseguidos pelo PS em 2004 (mesmo tendo em conta a redução do número do círculo Português no Parlamento Europeu de 24 para 22 deputados). Por muito que o PSD queira vangloriar-se de ter “ganho” estas eleições, por ter obtido mais votos que o PS, a verdade é que as eleições expressam um derrota do “Bloco Central” e da política de direita.
2. Um expressivo crescimento das forças de esquerda, sendo muito significativo e motivo de satisfação, que a CDU tenha crescido em número de eleitores e tenha obtido a maioria de votos em vários conselhos do país, e que por uma margem relativamente pequena de votos não tenha eleito um terceiro euro-deputado. Este crescimento é sinal de insatisfação do eleitorado com a política de direita e de uma profunda vontade de mudança de rumo em Portugal e na Europa. uma expressiva. Contrariamente às hiperbólicas afirmações de comentadores, como António Barreto, o facto do Bloco de Esquerda ter ficado à frente da CDU não constitui um “marco histórico”. O BE terá sido o maior beneficiário de algum eleitorado PS, descontente com a conduta, à direita, do Governo Sócrates, e também beneficiado de um claro favorecimento da comunicação social, que tendeu sempre a obscurecer e silenciar a campanha da CDU. Esta campanha distingui-se pelo assentar no contacto directo com os trabalhadores e população, na mobilização de uma corrente por um rumo diferente para a Europa e Portugal, tendo em vista não só estas eleições, mas o futuro. De qualquer das formas, só um anti-comunismo visceral pode falar de uma derrota da CDU num contexto em que esta cresce em votação e se afirma como uma força e organização incontornável para uma efectiva mudança de rumo no país.
3. A nível europeu, há a registar um aumento preocupante do Partido Popular Europeu. O novo PE será dominado assim por forças de comprometidas com os grandes interesses económicos e financeiros europeus, com uma linha neo-liberal, com a crescente militarização da União Europeia, com o rumo federal da UE, e o com o ditames do Tratado de Lisboa. Tal trará grandes desafios, no PE, às forças opostas a este rumo, a favor de uma Europa de cooperação entre nações soberanas, e de paz com baseada no diálogo e não no intervencionismo militar.

José Neto

José Neto
Nestes dias de campanha temos assistido a trocas de mimos e a fogo mais ou menos “rasteiro”, entre os principais candidatos dos partidos da política de direita, PS, PSD E CDS/PP, cujo objectivo é encobrir as semelhanças e fugir à quase identidade que estas três forças têm relativamente às questões europeias. 

Perdem-se, e querem que os eleitores se percam, em polémicas estéreis e questões laterais, pois, na verdade, nada têm de diferente a dizer entre eles, já que, durante este mandato, votaram juntos, da mesma maneira, 93% das propostas apresentadas no P. Europeu. Não é por acaso que não fazem o balanço destes cinco anos – apenas os deputados eleitos pela CDU o fizeram. 
Seria até interessante que essas candidaturas apresentassem aos portugueses duas ou três diferenças essenciais que fossem, sobre questões europeias. Não diferenças abstractas, do tipo de ser mais ou menos europeísta ou federalista, mas sobre problemas reais e concretos. 

A verdade é que essas candidaturas têm a sua assinatura por baixo das políticas neoliberais europeias que têm levado ao crescimento do desemprego, à liquidação dos direitos dos trabalhadores, à desprotecção social e à concentração da riqueza. PS, PSD e CDS/PP aprovaram juntos a famigerada Directiva Bolkenstein, de liberalização dos serviços públicos, a malfadada Directiva da organização e tempo de trabalho, contra os trabalhadores ou a vergonhosa Directiva do retorno.

Como pode, hipocritamente, Vital Moreira criticar as leis, fascizantes, de Berlusconi sobre imigração, quando o seu Partido lhes abriu as portas na Europa? 
Como podem Vital e Rangel fingir desentender-se acerca da proposta de um imposto federalista europeu sobre transacções financeiras, quando, um dia depois, os seus partidos, mais o CDS, votam na AR contra os projectos-lei do PCP que permitiriam taxar bens de luxo, transacções bolsistas e lucros milionários das empresas, de forma agravada, neste período de crise financeira? 
E como podem, despudoradamente, as campanhas de Vital e Rangel acusar, mutuamente, os respectivos partidos de envolvimento em corrupção, quando os seus partidos não só a favorecem, como ambos têm telhados de vidro? 

Há efectivamente um bloco central em acção, na Europa. Lá, como cá, na Assembleia da República, onde PS e PSD forjaram juntos o Pacto de Justiça e juntos com o CDS votaram o Código do Trabalho ou o chamado “Tratado de Lisboa”.

Mas, e é preciso não esquecer, há também os que, como o BE, continuam a falar, de forma fraudulenta, no nosso alegado “nacionalismo” e “soberanismo”, até para esconder o seu federalismo constituinte na defesa da “Constituição europeia”. 
 

Aparecem agora, PS e PSD, muito preocupados com a previsível elevada abstenção. Que “seria uma vergonha para Portugal”, diz Vital. Que seria “má para a democracia”, diz Rangel. Os mesmos cujos partidos impediram, na prática, a discussão sobre a construção europeia e recusaram o referendo que haviam prometido sobre a Europa. A provar como não é séria a sua preocupação com a abstenção, que em última análise os pode servir. 
Estamos a dias das eleições. Como é costume, os outros têm as sondagens e as encenações da política espectáculo. Nós na CDU, como sempre, estamos no terreno, olhos nos olhos, com os trabalhadores, com os portugueses. 

No próximo domingo,dia 7, faremos do voto na CDU um grande jornada de luta contra a política de direita. 
 
 

José Neto

Uma parte significativa da Humanidade ainda vive o tremendo flagelo da pobreza, da fome e da exclusão social, apesar de, globalmente, no mundo se criar cada vez mais riqueza. 

As assimetrias entre países ricos e pobres continuam a acentuar-se, fruto das políticas neoliberais de vários estados do Mundo, cujas políticas expansionistas visam explorar e apropriar-se dos bens dos outros povos. 
É fundamental que cresçam fortes movimentos de solidariedade e reivindicativos no Mundo para que se alterem as políticas de desenvolvimento económico e social nestes países flagelados pela pobreza. 

Portugal, situa-se hoje entre os países da UE onde a taxa de desemprego é mais alta e onde tem vindo a aumentar o desemprego de longa duração, nomeadamente das mulheres e dos mais jovens. Também os jovens são os mais atingidos pela precariedade, que atinge um nível elevadíssimo.  
Esta grave situação no que concerne ao emprego associada aos baixos salários, que também nos situa na cauda da Europa, tem de provocar necessariamente pobreza nos trabalhadores, estando as suas crianças em risco, bem como os mais vulneráveis. São exemplo disso mesmo, as pensões de reforma que aufere a maioria dos idosos deste país. É inaceitável que quem trabalha não consiga obter rendimentos que confiram uma vida digna às/aos trabalhadores e suas famílias. É a chamada pobreza laboral que tem de ser combatida. 
Torna-se igualmente inaceitável e imoral que enquanto cresce a pobreza para os trabalhadores e suas famílias, simultaneamente cresce - e desmesuradamente - a riqueza para o capital e outras camadas que lhe estão associadas. Portugal é dos países da União Europeia que apresenta um maior risco de pobreza e onde as desigualdades na distribuição do rendimento são mais elevadas, isto é, onde é maior a diferença entre os 20% mais ricos e os 20% mais pobres. 

As alterações ao Código do Trabalho vêm fragilizar ainda mais as/os trabalhadores na medida em que acentua a desproporção de poderes entre as partes, quando as promessas eleitorais do partido que sustenta o Governo/PS era de rever as normas mais gravosas do Código. Onde estão os princípios éticos e democráticos daqueles que tomam medidas para se aplicarem aos outros mas que para si reclamam exactamente o contrário?    
Com os sucessivos ataques às políticas sociais vê-se reduzido o acesso e a qualidade aos diferentes bens sociais como saúde, educação e trabalho.

A redução do défice público e a sustentabilidade da segurança social continua a fazer-se à custa da larga maioria dos trabalhadores e da população, através duma forte contenção salarial e duma descida acentuada das pensões - ao contrário do prometido - e da diminuição do emprego na Administração Pública e no sector privado.  

Mas quando se fala de lucros, nomeadamente no sector financeiro, de remunerações de Gestores, Directores e Assessores, já não se fala de restrições mas, de milhões. 
A aposta no desenvolvimento do sector produtivo, não vislumbra, pelo contrário, ponfificam os encerramentos de empresas em cadeia. E aproveitando-se da crise sucedem-se as empresas que deixam no desemprego os seus trabalhadores apesar de sempre somarem chorudos lucros. Que medidas foram tomadas pelo Governo para moralizar o sistema?  

A lista de medidas em que o Governo e o patronato, têm apostado para prosseguir nesta política com consequências fortemente negativas para as populações, é longa e há em todas elas a marca da injustiça mais profunda.  
OUTRA POLÍTICA É POSSÍVEL COM A CDU 

Eu voto CDU porque acredito numa sociedade onde haja justiça social, paz, liberdade, democracia e igualdade de oportunidades para todos. A CDU faz toda a diferença. É aí que reforçamos a acção individual e colectiva, é com a CDU que construirmos um projecto de vida para todos, onde há lugar para o sonho, para a esperança, para a solidariedade, para o compromisso do sentir o Outro. É que muitos seres humanos morrem sem que a sua voz seja ouvida, ficam na fila sem chegar ao guiché.  
E porque estamos perante matérias de relevante interesse nacional e europeu com implicações profundas na vida de todos nós, não nos podemos dispensar de participar activamente, de intervir, de reafirmar a necessidade de políticas que tenham como estratégia o desenvolvimento da sociedade que integramos como cidadãs e cidadãos, portugueses/europeus e que contrariem o processo de regressão social em curso que conduz inevitavelmente à pobreza e à miséria. 

Decorridas mais de três décadas de sucessivos governos PS e PSD que conduziram o país à grave situação em que se encontra, é hora de mudar. E a mudança passa pela CDU. 

Por um Portugal com futuro e por uma Europa de rosto humano, continuará a nossa luta. 
VOTE CDU

João Corregedor da Fonseca

João Corregedor da Fonseca
A campanha eleitoral tem decorrido em tempo de crise social, cultural e política, que se prolonga, desde há vários anos, devido à actuação de sucessivos governos, com relevância para o do Partido Socialista. José Sócrates, além de ter agravado fortemente as já difíceis condições de vida da generalidade dos portugueses, tem revelado a sua incapacidade para encontrar soluções adequadas susceptíveis de minorarem os efeitos do vendaval capitalista lançado contra as populações, contra os trabalhadores. O seu comportamento demonstra  completa desorientação, anda perdido, não sabe resolver os problemas que ajudou a criar.

Nem mesmo no decurso da campanha, onde surge como muleta do seu principal candidato – constatada que foi a incompetência deste – Sócrates não hesita nas suas habituais e arrogantes provocações e em mentir descaradamente ao País. Não se demarca, antes apoia,  a política neoliberal da Comissão Europeia cada vez mais empenhada em impor directivas que afectam duramente a vida dos portugueses. Não é capaz de contrariar, como, aliás, acontece com todas as outras forças concorrentes, as propostas concretas e credíveis apresentadas pela CDU que visam fundamentalmente defender os interesses nacionais, os nossos sectores produtivos, a nossa economia, enfim, a soberania nacional.
 
Neste momento, não podemos deixar de assinalar, também, o profundo desrespeito que os nossos principais adversários têm demonstrado pela ética política, o que é típico da época actual, pois faz parte intrínseca da moral capitalista. Rever as suas intervenções torna-se um exercício penoso. E, neste quadro, não encontramos motivos para estabelecer qualquer excepção. Senão, como classificar o facto de, pelo menos, dois candidatos colocados francamente à direita da CDU, continuarem a utilizar, sem qualquer ponta de vergonha, as páginas do jornal onde são colaboradores efectivos? Isto verifica-se com o cabeça de lista do Partido Socialista e com o terceiro candidato da lista apresentada pelo federalista Bloco de Esquerda.

É caso para dizer, bem prega Frei Tomaz…

José Casanova

José Casanova
São simples e pragmáticos os critérios adoptados pela comunicação social dominante no tratamento da campanha eleitoral: valorização de todas as forças políticas que, directa ou indirectamente, poderão contribuir para o prosseguimento da política de direita e desvalorização da única força que se opõe frontalmente a essa política e se afirma, de forma  inequivoca, como componente indispensável da alternativa necessária.

Ou seja: faz-se a propaganda aos amigalhaços do PS, PSD, CDS/PP e BE e manipula-se toda a informação que diz respeito à CDU.

E é esta separação das águas – de um lado os outros todos, do outro lado a CDU - que, todos os dias, vemos, ouvimos e lemos nesses média dominantes a marcar o passo, o compasso e o conteúdo da cobertura da campanha.

Em primeiro lugar, criando uma bipolarização PS/PSD, fingindo que se trata de partidos com objectivos e políticas diferentes tanto na Europa como em Portugal - mas sabendo que ganhar um ou outro tanto faz.

Segue-se a natural promoção do CDS/PP – que é da família, ocupa por direito próprio a velha casa da direita e mais tarde ou mais cedo o PS ou o PSD vão precisar dele.

Depois, é o BE, com a importante tarefa de procurar atrair a si votos de eleitores do PS descontentes com a política do Governo de José Sócrates e impedir que esses votos vão, como seria natural, para a CDU - única força que esses descontentes viram a seu lado, lutando contra as consequências nefastas da política do Governo, todos os dias e em todos os locais.

Aliás, o BE tem todas as características para desempenhar tal tarefa: aquela pose de «esquerda radical» que ostenta e que os média do grande capital tanto aplaudem, vai mesmo a matar para captar descontentamentos à esquerda; e aquela postura anticomunista radical é selo de garantia para o grande capital e, portanto, para os seus empregados nos média dominantes – e essa função do BE  é todos os dias sublinhada e enaltecida por esses média - nos comentários, análises, notícias e, até, em legendas de fotografias...

O que é preciso – pensam, dizem e sonham eles todos - é impedir que o voto desses descontentes vá para a CDU – porque, assim sendo, esse voto vai dar mais força à luta contra a política de direita.

O que é preciso - continuam a pensar, a dizer e a sonhar eles todos - é que o voto desses descontentes vá para o BE – porque, se assim for, é voto que fica em casa...

Daí os carinhos maternais com que a campanha do BE é tratada pela comunicação social propriedade do grande capital.

Daí os tratos de polé a que é submetida a campanha da CDU.

Tudo isto a confirmar que o voto na CDU é o voto que o grande capital e os seus partidos mais temem.

Tudo isto a confirmar que o voto na CDU é o único voto certo para todos os que estão descontentes com a política do Governo e anseiam por uma política virada para a resolução dos seus muitos e graves problemas.

Tudo isto a confirmar, também, que no dia 7, contados os votos e seja qual for o resultado da contagem, para a CDU e para os seus apoiantes, a luta continua. Logo no dia seguinte.