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85% dos nossos reformados vivem com menos de 360 €. Ou seja, num universo de 1,9 milhões de reformados 1,5 milhões recebem menos de 360 €, incluindo a pensão social, a dos trabalhadores agrícolas e outras pensões menores. Forma de cálculoCom as alterações introduzidas pelo governo PS as pensões passaram a ser calculadas com base numa média ponderada, sem permitir a opção pelo cálculo com base em toda a carreira contributiva, que é um sistema mais favorável para os trabalhadores, nomeadamente para os trabalhadores com mais baixos salários e longas carreiras contributivas. Este Decreto-Lei retirou dos bolsos dos reformados 70 €, 80 € ou, mesmo, 90 €, em pensões muito baixas que rondavam os 350 € a 400 €. O PCP apresentou, na devida altura, um projecto de lei e interpelou o Governo, por diversas vezes, com casos concretos.O PS chumbou o nosso projecto de lei, com abstenções do PSD e do CDS-PP - que, assim, foram cúmplices desta fórmula de cálculo absolutamente injusta! E foi com a luta dos trabalhadores, com a insistência da CGTP e do PCP, que o Governo recuou, no Orçamento do Estado para 2009, e alterou a fórmula de cálculo. O Governo, porém, corrigindo a fórmula de cálculo, no Orçamento para 2009, não permitiu o pagamento dos retroactivos, indevidamente retirados aos pensionistas. Indexante dos Apoios Sociais (IAS)É necessário interromper com o ciclo de insuficientes aumentos anuais das pensões que resultam das alterações legislativas que tiveram lugar em 2006, quando o actual Governo criou o Indexante dos Apoios Sociais (IAS). Segundo esta lei, enquanto o crescimento económico do País for inferior a 2% (sendo essa a situação actual), as pensões cujo valor seja inferior a 1,5 IAS (o que corresponde a €611,12 em 2008 e abrange mais de 90% dos reformados), são aumentadas de acordo com a taxa de inflação do ano anterior, o que significa que não há qualquer melhoria no seu poder de compra. E para as pensões de valor superior àquele montante verifica-se uma continuada redução do seu poder de compra. E numa situação eventual de inflação muito baixa ou mesmo negativa, que não “beneficie” a totalidade dos reformados, porque a sua estrutura de despesa é diferente da utilizada no cálculo do IPC, associada à contracção do PIB, a aplicação daquela lei poderá levar a situações absurdas, qual seja de congelamento das pensões mais baixas ou mesmo de redução do valor nominal das pensões. Exemplos de baixas prestações sociaisEntre 2007 e 2008, a pensão média dos reformados com pensão inferiores a 330 euros aumentou apenas 6 euros (ou seja 20 cêntimos por dia) e para 1.994.661 reformados, a pensão média passou de 395,86 para 404,61, ou seja, uma subida de 8,75 euros por mês, o que corresponde a 29 cêntimos por dia. Em 2009, a actualização das pensões de invalidez e velhice do regime geral tiveram um aumento que oscila entre os 2,9% (para as pensões de montante igual ou superior a 628,83 euros); os 2,4% (para as de valor superior a 628,83 euros); 2,15% (para as pensões de montante superior a 2 515,32 euros). No que se refere às pensões mínimas do regime geral foi fixado para 2009 o valor de:
Também na Administração Pública se repete a situação de baixas pensões. De facto, 40,6% dos reformados e aposentados da Administração Pública recebem pensões inferiores a 750 euros, existindo mesmo 13,4% que auferem pensões inferiores a 250 euros por mês. Em 2009, uma parte dos reformados e os aposentados da Administração Pública tiveram aumentos ainda inferiores aos do sector privado, que foram muito baixos: até 628,83€, 2,9%, de 628,83€ até 2515,32€, 2,5% e de 2515,32€ até 5030,64€, 1,5%. Em 2009, os aumentos nas pensões dos aposentados e reformados da Administração Pública variaram entre 2,9% e 0%. Existem mais de 20 mil aposentados da administração pública que recebem cerca de 200 euros por mês e mais 126 mil pensionistas recebem uma pensão inferior a 611 euros (valor do 1,5 do IAS em 2008). Factor de sustentabilidadeO PCP foi o primeiro partido a denunciar e a propor a revogação do chamado «factor de sustentabilidade», que mais não é que um factor de redução das reformas dos trabalhadores portugueses, representando um verdadeiro imposto sobre a esperança média de vida. O factor de sustentabilidade, que reduz o valor da reforma em função do aumento da esperança média de vida, é um indecoroso aproveitamento de uma importante conquista social. Se é verdade que o número de activos por pensionista, entre 1975 e 2004, baixou de 3,78 para 1,63, também é verdade que a riqueza criada por empregado aumentou 41 vezes, isto é, passou de 641 € para 26 332 €. Importa, assim, questionar se parte dessa riqueza não deveria servir para financiar a segurança social, até porque o Governo nada fez para diversificar as fontes de financiamento, como propõe o PCP. Já quanto ao cenário negro de falência da segurança social que o Governo apresentou, os números falam por si. O Governo previa, em 2005, no Relatório de sustentabilidade da Segurança Social, um saldo zero. No entanto, o saldo que se verificou foi positivo e atingiu 787 milhões de euros. Quer em 2006, em 2007 e também em 2008, os saldos foram positivos quando o Governo previa saldos negativos. Ora, o cenário de falência foi, claramente, exagerado pelo Governo para justificar este factor de sustentabilidade, que penaliza as já baixas reformas dos trabalhadores. O Governo PS não quis discutir medidas, propostas pelo PCP, que garantiam a sustentabilidade financeira da segurança social sem penalizar os trabalhadores, entre muitas outras, a diversificação das receitas tendo em conta o valor acrescentado bruto das empresas, que iria colocar as empresas a contribuir de uma forma mais justa para a segurança social. Assim, as alterações introduzidas pelo Governo do PS já estão a reduzir o valor das pensões dos trabalhadores e, em 2030, irão implicar uma redução de menos 21% e, em 2050, menos 34%. O efeito conjugado destas duas medidas implica, de acordo com dados do próprio Governo, que a taxa de substituição, que hoje ronda os 84%, passe a ser, em 2050, de apenas 55%. Se tivermos em conta que 85% dos reformados em Portugal vive, ou melhor, sobrevive, com menos de um salário mínimo por mês, facilmente se conclui que o resultado vai ser mais miséria, mais exclusão social e mais pobreza entre os reformados. Complemento solidário para idososApesar da simplificação que o PS introduziu no processo, não alterou o problema central que é a consideração dos rendimentos dos filhos para a atribuição da prestação. O Governo não pode ignorar que existem muitos idosos em situação de pobreza, cujos filhos dispõem de recursos insuficientes para os apoiar, mas que, por diversos motivos, não o fazem, ou porque estão em ruptura com o resto da família ou porque perdem o contacto. O exemplo mais flagrante é o dos filhos que estão imigrados, mas a quem, mesmo assim, é exigida a declaração de IRS para completar o processo. A diversificação das Fontes de FinanciamentoCódigo ContributivoO Governo PS, quando discutiu a Lei que aprovou as Bases Gerais do Sistema de Segurança Social, usou a questão da sustentabilidade financeira para impor cortes ilegítimos e imorais nos valores da reforma dos trabalhadores Portugueses. Nessa altura em que se discutiam as "despesas" da Segurança Social o Governo PS utilizou um discurso alarmista em que anunciou a pré falência da Segurança Social para justificar essas medidas. Agora, passados menos de 3 anos dessa discussão e numa altura em que se discutem as "receitas" da Segurança Social, através do Código Contributivo, o Governo não fala da sustentabilidade da Segurança Social, recusa diversificar as suas receitas e não altera o sistema das contribuições para a Segurança Social que está claramente ultrapassado. Além de não se preocupar com as receitas e recusar propostas concretas do PCP como as contribuições terem em conta também o Valor Acrescentado Liquido das empresas, o Governo, sem a devida fundamentação técnica, cria um conjunto de mecanismos de isenções e redução da taxa contributiva para as empresas, que pode comprometer a sustentabilidade financeira da Segurança Social e penaliza sectores produtivos fragilizados como a pesca e a agricultura. O Governo PS, com esta Lei agrava de uma forma injustificada e inaceitável, a taxa contributiva das IPSS´s, das colectividades e do sector cooperativo, não tendo assim em conta o papel que desempenham na sociedade. O Governo PS continua a colocar o orçamento da Segurança Social ao serviço das políticas activas de emprego que deveriam ser pagas pelo Orçamento de Estado. O Governo PS altera a taxa contributiva que as empresas têm que pagar em função do vínculo que o trabalhador tem com a empresa. A redução de 1% da taxa contributiva para os trabalhadores que têm um contrato de trabalho sem termo pode representar uma perda de receita muito significativa. Privatização da Segurança SocialSendo verdade que PSD e CDS já propuseram a privatização de parte Segurança Social, o que provocaria a sua inevitável descapitalização, também o PS alimenta a possibilidade do plafonamento em relação aos salários e às pensões dos contribuintes com mais elevados rendimentos, tendo introduzido na lei de bases essa possibilidade. O PCP não deixou de denunciar a aplicação de 21 por cento das contribuições dos trabalhadores no Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social [FEFSS] na especulação bolsista, designadamente nos EUA, com prejuízos de centenas de milhões de euros. Assim o que se verifica é que ao mesmo tempo que o PS apresenta um discurso contra a privatização, pratica politicas que não lhe correspondem e que a médio prazo terão consequências desastrosas no actual sistema de segurança social. Se o PS quer de facto uma segurança social pública deve então aceitar o fim da aplicação dos recursos do FEFSS em investimentos bolsistas de alto risco e a revogar as normas da lei de bases que permitem o plafonamento quer horizontal quer vertical. O reforço da protecção social para os cidadãos deficientesO PCP propõe o reforço das prestações sociais, na melhoria da atribuição de ajudas técnicas e na garantia de celeridade, eficácia e qualidade nas respostas às suas necessidades específicas a partir dos serviços do Sistema de Segurança Social em articulação com outras importantes áreas, a criação de uma Rede Pública de Equipamentos e Serviços Sociais nas diversas valências, com uma adequada distribuição nacional (apoio a crianças e jovens, idosos, cidadãos deficientes, vítimas de prostituição e tráfico e de violência doméstica) As propostas do PCP para o financiamento do Sistema Público de Segurança Social
As propostas do PCP para uma nova política para a Segurança SocialA defesa do direito à Reforma e a uma pensão digna garantindo:
A implementação de critérios de justiça na atribuição das prestações sociais devidas aos trabalhadores, garantindo:
O reforço da protecção social das crianças e jovens e de apoio à família que assegure uma adequada protecção social das crianças e jovens, de apoio à maternidade e paternidade e de apoio à família, garantindo:
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