Comicio em Corroios, Seixal
Intervenção de Jerónimo de Sousa, Secretário-geral do PCP
14 de Setembro de 2009

Camaradas e amigos:


Iniciámos bem a nossa campanha eleitoral. Realizámos ontem em Évora a abertura oficial da  campanha com um grandioso comício com mais de seis mil pessoas – o maior destes últimos trinta anos naquela região.

Um comício que só uma força com um verdadeiro enraizamento popular pode fazer.  Um comício que só uma força verdadeiramente identificada com as mais profundas aspirações dos trabalhadores pode conseguir.

Um comício que mostra que a CDU é uma força que cresce e vai continuar a crescer, porque esta é uma força insubstituível na sociedade portuguesa, uma força indispensável para garantir um Portugal desenvolvido, de progresso e de justiça social.

A CDU não é uma força qualquer!

É uma força de esquerda genuína que tem no seu seio as forças mais consequentes e coerentes na luta por uma vida melhor para os trabalhadores e o nosso povo.

Uma força que junta forças com uma história e um trabalho inigualável na defesa dos interesses populares e da democracia.


Que tem as suas raízes no duro mundo do trabalho e que se afirmou como grande baluarte na defesa dos interesses de todo o povo.

É uma força com provas dadas que não se fica pela frase sonante, mas tem obra feita e um coerente caminho de luta. 

Uma obra que se vê por todo o lado onde a CDU assume responsabilidades e um trabalho sem paralelo no panorama dos partidos portugueses.

Uma luta que faz de nós a grande força de Oposição à política de direita.

Não há no país uma força de esquerda como esta.

Isso viu-se mais uma vez nos combates que travámos na Assembleia da República e fora dela contra  a política de  direita do governo do PS de José Sócrates.

Isso viu-se com o meritório trabalho dos deputados da CDU na Assembleia da República.

Nós estamos convictos de que o povo português reconhecerá no próximo dia 27 de Setembro, no dia em que o povo é chamado a votar para eleger os deputados para a Assembleia da República  quanto importante e útil tem sido o trabalho dos deputados da CDU e o contributo que têm dado para a solução dos problemas do país e do povo.

Tal como vão reconhecer em 11 de Outubro nas eleições para as Autarquias o  trabalho e a obra dos eleitos da CDU no poder local.

Camaradas:

José Sócrates anda a dizer que  se ganhar as eleições, o novo governo vai ter ministros novos. 

Não vou comentar agora se o partido que ficar à frente tem garantidas as condições para formar governo, porque estas eleições não são para primeiro-ministro, mas para eleger deputados e, como se sabe, o novo governo a formar está dependente das maiorias e dos apoios que obtenha no Parlamento.  Isto é, quem fica à frente, seja quem for, pode não ter condições para formar governo.

Mas esta afirmação de José Sócrates de que o novo governo vai ter ministros novos  não é, nem despropositada, nem inocente. Este jogo de palavras, entre mudança de governo e mudança de ministros é mais um truque, mais um artifício não só para branquear a sua desastrosa política e a sua própria responsabilidade governativa, como tem a clara intenção de alimentar falsas expectativas em relação ao que será a sua política no futuro.

José Sócrates sabe bem o mal que fez. Sabe que passou os quatro anos e meio do seu governo a atacar os direitos sociais de toda gente que vive do seu trabalho – professores, enfermeiros, elementos das forças de segurança, trabalhadores e militares, reformados do sector privado e público, e por aí fora.

Sabe bem o mal que fez quando mandou encerrar serviços de saúde, aumentar impostos e cortar nos  salários e nas reformas.

Sabe que a luta dos trabalhadores e do povo pôs a nu a verdadeira natureza anti-social das suas políticas.

Sabe bem que os seus ministros são mal vistos aos olhos do povo e que o povo tem razão! 

Tal como Ferreira Leite quer pôr o contador a zero das responsabilidades governativas anteriores do PSD, também José Sócrates quer limpar a caderneta das malfeitorias do seu governo despedindo antecipadamente os seus ministros.

Quer dar ideia que mudando as pessoas muda a política.  Mas o problema não é este ou aquele ministro são de facto as políticas.

E sobre as políticas o que José Sócrates disse é que o rumo é para manter. É para ficar tudo na mesma.

Que interessa aos trabalhadores que mude o ministro, se o Código do Trabalho é para continuar e não para revogar como nós defendemos?

Que interessa aos desempregados que mude o ministro, se o que o que se pretende é continuar a marginalizar quase metade dos desempregados negando-lhes o direito ao subsídio de desemprego?

Que interessa aos professores que a ministra mude, se não muda a política, nem se admite revogar quer o Estatuto da Carreira Docente, quer  o seu inqualificável sistema de avaliação?.

Que interessa  ... Que interessa dar a ideia de que vai mudar as caras, se a política se mantém.

Essa política que nestes quase cinco anos  leva o governo do PS agravou todos os problemas do país e criou verdadeiros dramas sociais. 

Um governo que prolongou a situação de estagnação e levou o país até à recessão. Continuou a agravar todos os nossos défices crónicos.

Uma governação cujo balanço não podia ser pior: mais desemprego, maior precariedade, menos investimento, mais dívida pública, maior défice comercial, maior endividamento externo, maior endividamento das empresas e das famílias, pior distribuição do rendimento nacional, maiores desigualdades, maiores desequilíbrios regionais, menos apoio no desemprego, mais destruição do aparelho produtivo.

É por isso que no próximo dia 27 é preciso dizer basta!, colocando o voto no sítio certo, na CDU, porque esse é o voto seguro e certo para a defesa dos interesses dos trabalhadores, dos reformados, dos agricultores, dos micro, pequenos e médios empresários, das mulheres e dos jovens.




As eleições legislativas do próximo dia 27 de Setembro realizam-se num momento excepcional da vida do nosso povo, num tempo em que se agudizaram todos os problemas nacionais e uma brutal crise que se foi arrastando, e que acabou por se instalar no país.

Do resultado das eleições que se aproximam para a Assembleia da República depende não só a evolução da situação política nacional dos próximos anos, mas particularmente a resposta à grave situação que o país enfrenta e que agora se ampliou com o impacto da crise do capitalismo internacional.

Aqueles que têm governado o país querem continuar a iludir os portugueses passando de uns para outros a responsabilidade pela situação que está criada e o governo de serviço – o governo do PS de José Sócrates – a remeter para a conjuntura internacional a causa principal e única dos nossos problemas.

Mas a verdade é que o país está a pagar hoje os efeitos de anos e anos consecutivos de políticas de direita, realizadas pela mão do PS e PSD com a ajuda do CDS.

A verdade é que a política de direita tornou o país continuamente mais frágil, mais dependente e ao mesmo tempo mais injusto e mais desigual.

A verdade é que o país se tem vindo continuamente a deteriorar de forma drástica com a acelerada destruição da capacidade produtiva nacional, do emprego e com o empobrecimento geral dos portugueses.  

A política de direita do PS e do PSD foi arruinando o país à medida que deliberadamente promovia a acumulação e a centralização da riqueza nacional nas mãos dos grandes grupos económicos e financeiros e que são hoje o principal instrumento de espoliação da economia portuguesa, dos seus sectores produtivos, dos trabalhadores, dos micro, pequenos e médios empresários e das famílias.


José Sócrates anda a dizer que o país já está outra vez no bom caminho. Que estamos no fim da crise e que o  país está em recuperação.

José Sócrates toma, certamente,  o país pelas empresas do PSI 20. Essas empresas cotadas na bolsa e que de facto estão a ganhar milhões.

Porque as melhoras para os trabalhadores e para o povo não se vêem. O que se vê é a tentativa de manter iludidos os portugueses até às eleições, escondendo a real situação do país e as suas verdadeiras intenções para o futuro.

Infelizmente e para mal dos portugueses o país continua em profunda recessão e com dramáticos problemas sociais para os quais o governo não tem nem solução, nem vontade política para lhes responder. Todos os dias temos empresas a encerrar. Novos e preocupantes aumentos do desemprego que já abrange 635 000 trabalhadores.

É tempo de acabar com as mistificações.  O País não pode adiar por mais tempo a mudança e a ruptura com as políticas de desastre nacional.

Está nas mãos dos portugueses no próximo dia 27 dizer Basta! Basta de politica de direita!

Basta de mistificações dos que governando à direita se apresentam a falar em nome da esquerda.

Sim, camaradas. Quase cinco anos a fazer a política que o PSD não desdenharia fazer e agora vem falar em nome da esquerda e pedir o voto da esquerda.

Um governo que fez uma política  de ataque aos direitos e condições de vida dos trabalhadores e das populações, aos serviços públicos e que deixou intocáveis os grandes interesses quer agora o voto dos que foram as suas vítimas.

Um governo que fez uma reforma da segurança social penalizadora de quem trabalha. Uma reforma  da segurança social  que acentua as desigualdades e vai eternizar as situações de pobreza na velhice, impondo uma pensão e reformas crescentemente desvalorizadas.

Que em nome do combate ao défice orçamental cortaram nos salários e nas reformas e aumentaram os impostos dos trabalhadores, reformados e camadas populares, quer agora o voto do povo trabalhador.

Um governo que nunca se lembrou dos micro, pequenos e médios empresários a não ser à beira das eleições, quer o seu voto para depois os  tornar a esquecer.

Abrem as portas à direita com a sua política e depois gritam que vem lá o lobo! Já gritaram muita vez. É tempo do povo não lhe dar ouvidos !
É tempo de reforçar a verdadeira força de esquerda, a CDU, a grande força da ruptura e da mudança para uma vida melhor!

O que as propostas do PS e do PSD revelam é uma alargada identidade naquilo que é essencial.

Apresentam agora os seus programas, mas o que permanece nos seus programas, apesar dos muitos disfarces, são as mesmas soluções e as mesmas orientações que conduziram o país ao atraso e à crise.

Os que têm governado o país são responsáveis pela situação a que se chegou, não têm nenhuma resposta nova e diferente para os problemas.


Vivemos um tempo de grandes opções. Um tempo que exige corajosas decisões dos portugueses. Porque não basta que a crise internacional se dissipe, são precisas respostas nacionais e com políticas nacionais com o claro objectivo de servir os portugueses e o desenvolvimento do país e combater as verdadeiras causas do nosso atraso.

A política de direita fracassou e já mostrou a quem serve: - aos grandes senhores do dinheiro, da especulação financeira, dos que apenas investem pelo seguro e em sectores de rendimento garantido a coberto da asa protectora de um Estado reconfigurado e moldado aos seus interesses.

É por assim ser que nós dizemos que o grande objectivo nestas eleições é derrotar a política de direita, derrotando os seus protagonistas.

E isso passa não só por confirmar em 27 de Setembro a derrota que o povo português impôs ao PS nas últimas eleições para o Parlamento Europeu, mas também pela redução do peso eleitoral dos partidos da direita.

É preciso romper com o actual modelo de bipolarização do “ora agora governas tu ora agora governo eu!”.

Para isso é preciso reforçar a CDU, dar força à CDU para abrir caminho à mudança que o país precisa.

Só com o voto concentrado na CDU se caminhará no sentido da ruptura e da mudança.

Porque o voto na CDU é o voto mais firme e mais contundente na luta contra as injustiças e que em todas as circunstâncias contará para construir uma vida melhor.

Porque o voto na CDU é o voto que rompe com o ciclo de declínio nacional e de regressão social, o voto na força que mais luta por uma nova política.

O voto que conta sempre para defender os interesses dos trabalhadores e do povo, para derrotar a política de direita e construir uma verdadeira política de esquerda.

O voto que o Governo, a direita os grandes grupos económicos mais temem e que mais lhes dói.

O voto na CDU é o voto que premeia os que fizeram um incansável trabalho ao serviço das populações.

Os graves problemas do país têm solução.

Aqueles que há anos governam o país e os grandes interesses que os suportam querem convencer-nos, querem convencer os portugueses que estamos condenados à pena perpétua da política única. 

Nós  temos uma opinião radicalmente diferente.

Existe uma política e um modelo de desenvolvimento verdadeiramente alternativo e uma força disponível para encontrar os caminhos da sua concretização – a CDU.

Essa política e esse modelo de desenvolvimento alternativo estão no Programa de Ruptura, Patriótico e de Esquerda que apresentámos ao país.

Um programa que perspectiva um novo rumo para Portugal, baseado nos princípios e valores da Constituição da República e que integra como principais objectivos o desenvolvimento económico e a criação de emprego, a redistribuição do rendimento e a justiça social, o aprofundamento da democracia e a afirmação da independência e soberania nacionais.

Um programa de Ruptura, Patriótico e de Esquerda que contrapõe às políticas económicas ao serviço do grande capital, uma nova política de desenvolvimento económico ao serviço do país e que têm como objectivos centrais: o pleno emprego como a grande prioridade; o crescimento económico e a defesa e afirmação do aparelho produtivo nacional como motor do crescimento económico.

Um programa de Ruptura, Patriótico e de Esquerda que contrapõe às receitas do capitalismo neoliberal dominante, a recuperação pelo Estado dos sectores estratégicos da economia, condição para a promoção do desenvolvimento geral do país e garantir um apoio prioritário e preferencial a micro, pequenas e médias empresas.

Um Programa de Ruptura, Patriótico e Esquerda que assume como um dos eixos essenciais de uma política alternativa a valorização do trabalho e dos trabalhadores, através de uma justa repartição da riqueza com a valorização dos salários e do seu poder de compra e o aumento do salário mínimo nacional, da defesa do trabalho com direitos.

Um programa de Ruptura, Patriótico e de Esquerda com uma nova política fiscal para aliviar a carga sobre as classes laboriosas e pequenas empresas.

Uma política de promoção de serviços públicos, nomeadamente um Serviço Nacional de Saúde de qualidade e uma Escola Pública que garanta a gratuitidade de todo o ensino e um sistema público e universal de Segurança Social fortalecido, na base de um novo sistema de financiamento que garanta a elevação das prestações sociais e das reformas.


Um programa que propõe um conjunto de medidas imediatas que respondem a importantes necessidades das populações e do País.

Medidas como as do  alargamento dos critérios de acesso e prolongamento do período de atribuição do subsídio de desemprego; o aumento do salário mínimo nacional para pelo menos 600 euros até 2013; a salvaguarda do direito à reforma aos 65 anos e possibilidade da sua antecipação sem penalizações para carreiras contributivas de 40 anos; distribuição gratuita dos manuais escolares para o ensino obrigatório, o acesso à consulta no próprio dia nos Cuidados Primários de Saúde, eliminação do Pagamento Especial por Conta, estabelecimento de valores referência das taxas de juro.

Este não é um programa de uma  força que se limita ao protesto e à contestação. É um programa de uma força que tem uma proposta verdadeiramente alternativa para promover o desenvolvimento do país, de uma força que não só está apta ao exercício do poder, como está pronta para assumir as mais elevadas responsabilidades no país.
O país precisa na verdade e com urgência de uma outra política e de um governo que em coerência a concretize.
Temos dito que seremos governo, se e quando o povo português quiser e quando a ruptura e a mudança de políticas forem impostas pela vontade popular.
Isto significa que não seremos governo a qualquer preço. Significa que não podem contar com este Partido Comunista Português para concretizar  a mesma política que tem sido seguida nestes anos.  Significa reconhecer que está nas mãos do povo, na sua luta e no seu voto, criar as condições para o surgimento de uma alternativa de esquerda verdadeiramente digna desse nome.
É por isso que nós dizemos aos trabalhadores e ao povo, incluindo  àqueles também que votaram no PS e foram defraudados nas suas aspirações e interesses por um governo que fez o contrário do que anunciou que dêem força a este Partido, reforcem a CDU e a alternativa chegará, num tempo tão mais próximo quanto maior for esse reforço e esse apoio. 
Porque quanto mais pesar a CDU em votos e deputados mais peso terá uma política de esquerda mais força terão os que aspiram a uma verdadeira mudança, mais perto estará a alternativa.

O reforço eleitoral da CDU que ambicionamos só pode ser construído pela intensa convergência de muitos milhares de acções e de esforços colectivos e individuais.

Sabemos que não vamos ter uma batalha fácil, mas está nas nossas mãos levar de viva voz a CDU a todos os portugueses numa campanha viva, forte e ampla.
 
Uma campanha que afirme o distinto projecto da CDU que se apresenta às eleições como uma grande força de Abril, como a grande força da esquerda portuguesa.
 
A grande força que pelo seu percurso e acção, pelos partidos que a integram e pela empenhada intervenção de milhares de homens e mulheres que lhe dão corpo, dá segurança e garantia de uma política de verdade, sempre presente e solidária com a luta em defesa dos direitos e aspirações das populações, dos trabalhadores e do povo.

Como temos vindo a afirmar, pode-se dizer que na CDU reside a força que junta, que une e torna mais próxima a possibilidade duma ruptura com a política de direita, que não se limitou nem limita a dizer «Basta!», que tudo fará também dizendo «Sim, é possível uma vida melhor!».










apoiantes_modulo.jpg

«Ainda está para nascer um primeiro-ministro que faça melhor no défice do que eu.» - José Sócrates, Fórum Novas Fronteiras, 8 de Julho de 2009

Candidatos Legislativas 2009

Não há novos eventos
Balanço de 4 anos do Governo PS/Sócrates
LegislativasNotícias e Intervenções4 anos de políticas de direita4 anos de lutaCandidatosVídeos Proposta