Intervenção de Luís Pereira Garra
CDU apresenta 1º candidato ao círculo de Castelo Branco
26 de Junho de 2009

Luís Pereira Garra, operário têxtil, dirigente sindical e membro do Comité Central do PCP, é o cabeça de lista à Assembleia da República pelo círculo eleitoral de Castelo Branco. Na sua intervenção, o candidato afirma que a CDU merece o voto e a confiança do povo do distrito, pois mesmo sem ter deputados eleitos pelo distrito, foi a força que mais trabalhou na Assembleia da República para a resolução dos seus problemas.

 

Minhas amigas e meus amigos,

Estimadas e estimados camaradas,

Obrigado a todas e a todos pela vossa presença amiga e militante. Como nota prévia devo dizer-vos que estou nervoso como se fosse a minha primeira vez e, acreditem, com esta já é a terceira.

É que, confesso, assumir a enorme responsabilidadede levar o Distrito de Castelo Branco à Assembleia da República, não é tarefa fácil e, sem falsas modéstias, devo dizer-vos que, olhando para esta sala e pensando em todos os que conheço e que aqui não puderam estar, a CDU do Distrito de Castelo Branco é uma força feliz porque não teria problemas em encontrar quem desempenhasse com elevada capacidade e qualidade a responsabilidade que a mim foi cometida.

Por isso, esta não é minha candidatura, esta é a vossa e a nossa candidatura, esta é, apenas e só, a candidatura do primeiro candidato da CDU e do povo do Distrito à Assembleia da República para uma vida melhor.

Há momentos na vida de uma pessoa em que o direito à dúvida é mais que legitima mas em que a palavra não lhe está absolutamente proibida. Foi isto que me aconteceu quando, por pura malvadeza, as mulheres e os homens do PCP, do PEV, da ID e independentes se lembraram de me lembrar que ainda tinha que dar algo mais à intervenção e à luta que venho travando com todos vós.

Tive dúvidas, tantas dúvidas! Será que vou ser capaz de estar à altura do que me é exigido? Será que ainda tenho tempo para cumprir com rigor, qualidade e disponibilidade mais esta obrigação cívica?

Não haverá incompatibilidade entre aquilo que sou e o que me propõem que venha a ser? Reflecti, reflecti e reflecti e conclui: Se os outros consideram que és capaz para que estás tu com dúvidas? Então o colectivo, mesmo quando não acerta, não tem mais razão que tu? Então olha lá, se é verdade que és sindicalista a tempo inteiro, dirigente partidário e associativo, filho, pai, e marido e ainda assim te resta tempo para o convívio e para a amizade, não podes dar mais um pouquinho de tempo ao povo do teu distrito?

E onde é que foste buscar essa da incompatibilidade?

Então não és tu também que ouves os trabalhadores queixar-se da injustiça das leis laborais e sociais, dos salários miseráveis, do mau funcionamento da justiça e dos tribunais e do ataque aos direitos dos trabalhadores da Administração Pública e do sector privado?

Das más políticas económicas que provocam a desertificação, o envelhecimento do distrito eo encerramento de escolas, de extensões de saúde, de postos de correio e da GNR e que levam à destruição do aparelho produtivo, ao encerramento das empresas e ao aumento dodesemprego e da precariedade, aos salários em atraso e aonão pagamento das indemnizações?

Da cada vez maiordificuldade de conciliação entre a vida familiar e profissional,da degradação da saúde, dos ataques à Segurança Social, da destruição dos serviços públicos e das funções sociais do Estado, da crescente dificuldade de aceso dos filhos dos trabalhadores ao ensino e do ataque aos professores, aos trabalhadores administrativos e auxiliares das escolas e à escola pública e do aumento das injustiças, das arbitrariedades e do aumento dos corruptos e da corrupção sem que os responsáveis sejam severa e exemplarmente condenados?

E já agora, não será verdade que é na Assembleia da República que as leis se fazem e que se a CDU tiver mais deputados mais fácil será a luta de quem trabalha e melhores condições haverá para que as leis sejam menos injustas e mais favoráveis aos trabalhadores e à maioria da população?

E não é também verdade que, para haver uma rotura com a política de direita e construir uma alternativa de verdade, são necessários mais votos e mais deputados da CDU?

E não é por demais evidente que entre a esquerda que só fala e a esquerda que fala e faz é preferível a CDU que fala e faz quando outros só falam e se limitam a cavalgar a onda? E já agora onde é que está escrito, na Constituição da República não está, que um sindicalista não pode ser deputado e que um deputado, neste caso eu, não pode continuar a ser sindicalista?

E desde quando é que temos de abdicar dos nossos direitos e deveres de cidadania que a Revolução dos Cravos nos legou?

No meio de tantas dúvidas, que a reflexão individual e o apoio do colectivo debelaram, concluí que só podia dizer Sim, porque queremos dar esperança e confiança aos mais de 10000 trabalhadores, homens, mulheres, jovens, operários, empregados, quadros técnicos, aos menos qualificados e aos licenciados que se encontram no desemprego e para quem o futuro é incerto e a quem é urgente alargar e garantir aprotecção social. Sim, porque não nos resignamos à destruição do aparelho produtivo, ao encerramento de empresas e à falência de milhares de micro, pequenos e médios empresários e porqueé necessário atrair investimento público e privado para adiversificação das actividades económicas, a instalação denovas empresas que criem novos postos de trabalho com direitos e a construção das infra-estruturas de apoio ao desenvolvimento do Interior e para defender e promover a Agricultura e a Floresta e dar valor e importância à Campina de Idanha, ao Campo Albicastrense, ao Regadio da Cova da Beira e à Zona do Pinhal.

Sim, porque não toleramos a impunidade com que se violamos direitos de quem trabalha e porque queremos ter força para alterar um código de trabalho injusto, violento e destruidor dedireitos individuais e colectivos dos trabalhadores e porque não permitiremos o fecho de tribunais e não desistiremos de melhorar e facilitar o acesso à justiça por parte dos trabalhadores e camadas mais desfavorecidas da população.

Sim porque tudo faremos para por fim ao modelo de desenvolvimento baseado nos baixos salários e na precariedade laboral pois, a diminuição do poder de comprados portugueses é um dos factores que contribui para a quebra da carteira de encomendas e portanto para a quebrado mercado interno, deitando por terra as teses de que o preço de trabalho tem de ser baixo para garantir o emprego. Sim porque não nos submetemos à ideia de continuarmos a ser o parente pobre do investimento público e a ser discriminados no Orçamento de Estado.

Sim, porque não toleramos os ataques e ofensas que têm sido feitas aos trabalhadores da administração pública, aos professores e à escola pública, aos médicos, enfermeiros, administrativos e pessoal auxiliar e ao direito à saúde. Sim porque não aceitamos a destruição e empobrecimento dos serviços públicos.

Sim, porque é ponto de honra alterar uma lei de cálculo depensões de reforma que diminui o rendimento dos reformados e alarga a idade de reforma e que não defende asustentabilidade e o carácter público e universal do sistema de segurança social. Sim porque não podemos assistir à destruição do meio ambiente e porque é necessário promover o Turismo e valorizar o património histórico e ambiental numa perspectiva integrada, de qualidade, ambientalmente sustentável eacessível a todos e sem deixar cimentar a ideia de que o turismo é o principio e o fim do desenvolvimento.

Sim, porque queremos construir um distrito que dê condições aos que cá vivem e trabalham e que seja desenvolvido para fixar a nossa juventude e os jovens licenciados e para atrair e promover a competência, o saber, a inovação, a arte e acultura, porque somos os que seriamente querem e lutam pela regionalização e porque é urgente concluir as ligações rodoviárias e ferroviárias. Sim porque nos comprometemos a depois de eleitos apresentar contas do trabalho realizado, a ouvir e a aprendercom as pessoas e com as organizações e entidades representativas pois é uma vergonha que a população do não saiba quem são os deputados eleitos pelo distrito.

Sim porque, ao contrário do PS e do PSD que são as duas almas gémeas da política em Portugal, partimos com a consciência de termos feito tudo para merecer a confiança e o voto do povo do distrito. É que sem deputados aqui eleitos a CDU foi a força que mais fez e mais trabalhou na Assembleia da República. Foram os deputados da CDU que mais vezesvieram ao distrito, que mais contactos fizeram e que mais perguntas e requerimentos apresentaram. Ainda agora está para votação a proposta de resolução apresentada pelo PCP para o lançamento de um plano de emergência para o Distrito. Estamos cá para ver qual vai ser o voto dos deputados dos outros partidos e cá estaremos para os confrontar com as suas responsabilidades pelo estado de calamidade a que isto tudo chegou.

Amigas, amigos, camaradas

Eu sei que não faltarão os que, incapazes de fazer o confronto de ideias e de projectos e que acossados pelo crescente prestígio e influência da CDU que a marcha de mais de 85 mil mostrou e as eleições para o PE comprovaram, recorrerão à mentira, à calúnia, à deturpação, à falsidade, ao boato e à provocação. A todos eles responderei e responderemos com serenidade, com lucidez, com inteligência mas sem transigência. Não, nós não daremos uma face e depois aoutra. Nós iremos ao combate firme, determinado e sem tréguas. Não nos calaremos e não deixaremos que nos calem.

A nossa força é a força da razão e é a força que nos dãoaqueles que em nós confiam, os que, seja na empresa, nosserviços, no local de trabalho, na escola, no centro de saúdeou no hospital, no bairro ou na rua nos procuram nas horasmás e de aflição para os apoiarmos e defendermos e que jáperceberam que não basta termos razão, que também temosde ter força e que para termos força precisamos de votos e dedeputados que ajudem a construir a alternativa às politicas eaos políticos de direita que no PS, no PSD e no CDS/PP temdesgovernado o País e abandonado e discriminado o distrito.Sim, não tenhamos medo das palavras e não nos venhamdizer que elegemos o PS como inimigo principal pois isso éconversa de falsos anjos para enganar incautos.A verdade é nua e cruel. O governo de José Sócrates/PSimpõe sacrifícios aos mais fragilizados e dá benesses,mordomias e prebendas aos poderosos senhores do dinheiro.

E bem pode Sócrates/PS proclamar o seu amor aos mais desfavorecidos que estes já lhe descobriram as manhas, já não vão em mais falsas promessas e já perceberam que tudoo que agora venha a fazer não tem outro objectivo que não seja o de tentar recuperar os votos que todos os dias lhe fogem.Sim, porque ele sabe que nós sabemos que as sondagens são fabricadas para o entusiasmar e incentivar a continuar a destruição dos direitos sociais e laborais e a descaracterizar o regime democrático e todos sabemos que nas únicas e verdadeiras sondagens, que foram as eleições, ele perdeu sempre e a única que aparentemente ganhou, que foram as de Lisboa, ganhou-as por falta de comparência do povo. Já nem as mudanças de estilo o salvarão porque o problema não é o estilo.

O problema é a política de direita, é a prepotência, é a arrogância, é a falta de palavra, são as promessas não cumpridas, são as trapalhadas judiciais e outras. Por isso, bem pode mudar o estilo que já tem o destino marcado: Vai ser removido pela luta e o voto dos trabalhadores, dos jovens, das mulheres, dos reformados, das populações do distrito e do Povo Português. Mas não é só ele que precisa de ser removido. Os partidos e as políticas de direita também têm de ser removidas porque a essência e a causa dos problemas se mantêm e porque, tal como sempre dissemos, o capitalismo é irreformável e não tem soluções para os problemas da economia e é, pornatureza, um sistema desumano, imoral, belicista, corrupto,anti-social, anti-laboral, anti-cultural e anti-económico.

Já sei! Alguns dirão: Lá estão eles com as suas teorias dopassado. A esses eu apenas responderei que os tempos quevivemos nos estão a dar razão e sejamos todos interventivos,proponentes, unidos e lutadores e mostraremos que Sim! Épossível uma sociedade nova liberta da exploração do homempelo homem. Amigas, amigos, camaradas, a partir de hoje damos continuidade a uma caminhada longa, prolongada, por vezes dolorosa mas ainda assim gratificante.

Temos o primeiro candidato a deputado, estamos a preparar uma lista qualificada e representativa, que apresentaremos no próximo dia 11 de Julho, vamos discutir e apresentar o nosso compromisso eleitoral e vamos falar e ouvir o povo do distrito. Aos trabalhadores que represento e me elegeram como sindicalista quero dizer que a condição de candidato a deputado não vai interferir com as minhas tarefas sindicais. Estarei onde os problemas e os trabalhadores o reclamem. Não defraudarei as vossas expectativas.

E quanto a nós, CDU? Vamos a todos os Concelhos e vamos estar onde for preciso estar e na hora certa. É evidente que nesta batalha só devemos contar connosco. Sabemos que a linha de silenciamento, deturpação e omissão vão continuar e vão intensificar-se, que alguns sem pouco fazer terão tempo de antena a rodos e serão apresentados como vencedores mesmo que depois assim não seja, que as sondagens serão fabricadas para nos dar em queda enquanto outros em grande subida. Sabemos tudo isso e porque o sabemos não podemos dar a isso mais importância que aquela que a coisa tem.

Ainda assim, aproveitando para agradecer a presença das senhoras e senhores representantes da Comunicação Social, quero dizer-lhes que esperamos que continuem o vosso trabalho de rigor, de qualidade e de respeito pelo pluralismo, garantindo regras de tratamento igual para todas as forças em presença. Estou certo que assim será. A vós muito obrigado! Agora voltando à CDU. Nós sabemos que há desiludidos, que há descontentes e que há descrença!

A todos esses que se sentem traídos apenas direi que venham ter connosco, dêem noso vosso apoio e voto e verão que não se arrependerão. É que, desiludidos, descontentes e descrentes apenas devem estar os nossos inimigos e adversários que julgavam que veriam finalmente realizado o seu sonho de destruir o PCP e a CDU e, por via disso, enfraquecer a luta contra a política dedireita. Enganaram-se!· Estamos a resistir.·

Estamos a crescer em votos e em percentagem.· Estamos a atrair nova gente e gente nova.· Estamos a fazer mossa porque os nossos votos são os que verdadeiramente atemorizam a direita.· Estamos em condições de obter um grande resultado eleitoral para a Assembleia da República e para as Autarquias Locais.· E, muito importante, estamos a renovar e a rejuvenescer porque somos, e vamos continuar a ser, um projecto de futuro.Tal como dizia Bertold Brecht Nada é impossível de mudar Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo.E examinai, sobretudo, o que parece habitual.

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