Intervenção de Jerónimo de Sousa, Secretário-geral do PCP
CDU: Soluções para uma vida melhor
03 de Julho de 2009

ImageJerónimo de Sousa participou no Algarve em iniciativas de apresentação do cabeça de lista e do mandatário da CDU às eleições legislativas pelo círculo eleitoral de Faro e de candidatos autárquicos da CDU no concelho de Lagoa. O Secretário-Geral do PCP chamou a atenção nas suas intervenções para a amplitude e a gravidade dos problemas sociais que o Algarve enfrenta e para a necessidade do reforço da CDU no sentido de se criarem condições para pôr termo a esse círculo vicioso da alternância sem alternativa entre PS e PSD, que está na origem da falta de resposta aos verdadeiros problemas do país.

Jerónimo de Sousa

 

 

Amigos e Camaradas: 

Apresentámos aqui hoje o cabeça de lista da CDU às eleições para a Assembleia da República pelo ao Círculo Eleitoral de Faro.  

Um círculo que corresponde a um distrito, cujos problemas  são bem o espelho das dificuldades e dos dramas que os trabalhadores e as populações enfrentam e que o nosso primeiro candidato - o camarada  Paulo Sá - aqui ilustrou.  

Problemas que são o resultado de um modelo de desenvolvimento e de uma política que há  muito fracassou e se revelou incapaz de promover não só o desenvolvimento desta região, como do próprio país.   

Uma realidade que confirma quanto delirante é a visão do governo sobre a real situação do país e que ainda ontem José Sócrates revelou no debate sobre o estado da Nação na Assembleia da República.  

Um debate onde se revelou igualmente quanto desnorte e crispação trespassa por aquele governo com aquela inqualificável atitude do Ministro da Economia, Manuel Pinho de provocação em relação à nossa bancada parlamentar e que não deixou outra saída a José Sócrates senão o da consideração e concretização da sua demissão. 

A estrondosa derrota do PS nas recentes eleições para o Parlamento Europeu que evidência o crescente isolamento social do governo explicará muito da desorientação de um governo que tem feito muito mal ao país e aos portugueses e que Manuel Pinho foi incapaz de conter e disfarçar.  

Eleições cujos resultados em relação à CDU, mostraram a nossa Coligação a crescer, atraindo muitos milhares de novos eleitores para o campo da nossa Coligação Democrática Unitária e esse é um motivo da redobrada confiança com que encaramos a batalha eleitoral que aí está já marcada para o próximo dia 27 de Setembro e que aqui damos o primeiro passo da nossa candidatura. 

Uma candidatura de uma força política que é reconhecida por honrar os compromissos assumidos, fazer o que diz, cumprir o que promete.  

Uma candidatura que se orgulha de apresentar candidatos que assumem esse compromisso solene de estar sempre do lado dos que lutam por mais justiça social e no combate às desigualdades sociais, com um olhar e intervenção atentos aos problemas concretos e aos dramas dos que enfrentam o desemprego, o trabalho precário, os baixos salários, as baixas reformas e os baixos rendimentos das suas actividades, os que não têm acesso aos serviço de saúde e à educação, à segurança social.  

Uma candidatura de uma Coligação que se diferencia pelo seu distinto projecto alternativo e de ruptura com a política de direita e pela sua enorme capacidade de intervenção e realização.  

Projecto e capacidades de uma organização que o país precisa para superar a crise e os graves problemas que a sociedade portuguesa enfrenta.   

Camaradas:

Vamos para a próxima batalha das eleições legislativas com o claro objectivo de prosseguir o nosso ascendente processo de reforço eleitoral, de forma a garantir um novo êxito que se traduza em mais votos e mais deputados e num substancial reforço do campo dos que se batem pela concretização uma verdadeira alternativa de esquerda para o país e que tem na CDU a grande força capaz de protagonizar tal projecto de mudança e de ruptura.

A próxima batalha eleitoral que temos pela frente é, sem dúvida, o mais importante e decisivo combate que no imediato temos que travar pela tão necessária mudança de rumo da política e da vida nacional.

Uma batalha complexa, porque a sua ultrapassagem com êxito exige mais do que confirmar a merecida derrota do PS. Exige igualmente que do seu resultado final resultem condições que permitam derrotar a política de direita.

Essa política que tem sido protagonizada não apenas pelo PS, mas também pelo PSD e CDS e seus governos que nestas últimas três décadas conduziram ao afundamento do país.

Por isso, a grande batalha que temos pela frente nestas eleições para Assembleia da República é criar as condições para pôr termo a esse círculo vicioso da alternância sem alternativa entre PS e PSD e que está na origem da falta de resposta aos verdadeiros problemas do país.

Vamos para estas eleições com o objectivo de romper com este falso dilema que alimenta uma bipolarização artificial entre dois partidos tão próximos nas propostas e nas soluções.  

O êxito do combate pela viragem da situação da vida nacional a que aspiramos, só é  possível alargando ainda mais a nossa influência e confirmando a CDU de forma reforçada como a grande força nacional promotora da viragem e da mudança da vida política nacional. 

Mudança que se tornou cada vez mais imperiosa face à greve situação do país como ontem o demonstrámos  no debate sobre o estado da Nação.  

Na verdade, chegamos ao fim de mais um ciclo governativo, dirigido por um governo e suportado por uma impositiva maioria absoluta, que não só não vai concretizar nenhum dos grandes objectivos a que se propôs e que lhe deram  a maioria que tão mal utilizou, como vai deixar o país em profunda e grave crise.  

Mais um ciclo governativo perdido para a resolução dos problemas que o país há muito enfrenta, na esteira da fracassada acção governativa anterior do PSD e CDS-PP.  

Um ciclo governativo perdido que mais não fez que prolongar e aprofundar a situação de estagnação e de crise que tem levado à degradação da vida da maioria dos portugueses. 

Por isso afirmámos que o estado da Nação é o estado de regressão e declínio em que esta maioria e anos sucessivos de política de direita deixam o país.  

A gravidade da crise e do estado do país está bem patente no elevadíssimo desemprego, no aumento da desigualdade na distribuição da riqueza, na contínua destruição do aparelho produtivo, no agravamento de todos os défices estruturais e do conjunto das suas balanças com o exterior que expressam uma cada vez maior dependência externa do país.  

O balanço ao estado do país, bem se pode ver no negro balanço da acção do governo na legislatura.  Nas respostas que deu e nos problemas que criou ao país, aos trabalhadores e ao povo.  

Ao fim de mais de 4 anos de governo PS, a generalidade dos portugueses sabe que a sua vida piorou.

Piorou a vida dos trabalhadores e dos reformados com a continuação da desvalorização dos seus salários e das reformas, ao mesmo tempo que se agravava a carga e a injustiça fiscal.  Uma situação ainda mais sentida numa região como a do Algarve onde os baixos salários e por essa via as baixas reformas são uma marca da injusta e desequilibrada distribuição do rendimento nacional.

Piorou com o aumento do custo de vida e o brutal aumento do desemprego gerador de pobreza e de degradação rápida das condições de vida que atinge já 625 mil pessoas, dos quais mais de 300 mil não recebem qualquer subsídio de desemprego, porque este governo o recusa, apesar das nossas insistentes propostas.

Uma situação dramática aqui no Algarve.

A evolução do desemprego na região do Algarve nos últimos quatro anos constitui um verdadeiro libelo acusatório contra este governo. Quando este governo tomou posse no 1º trimestre de 2005, a taxa de desemprego na região era a segunda mais baixa do continente, com uma taxa de desemprego de 7,3%.

Hoje esta região enfrenta a mais alta taxa de desemprego do país, com 10,3%. São 22.700 os trabalhadores algarvios no desemprego, sendo a taxa de  desemprego das mulheres de 12,6% e a taxa de desemprego jovem de 25,3%.

Não sei até onde querem ir com esta política de desastre nacional!

Piorou a precariedade no trabalho que nestes quatro tiveram um grande aumento que eleva para 31,3% os trabalhadores com um trabalho precário.  

Dois problemas que pela sua dimensão se transformaram num enorme flagelo social que atinge, particularmente os jovens que este governo do PS desapossou de direitos para lhes impor como única saída os baixos salários, os contratos a prazo e o trabalho temporário.

Dois problemas que acentuaram um enorme sentimento de insegurança da grande maioria da população, seja quanto ao emprego, à manutenção da habitação, ou à  garantia do sustento diário, seja quanto à falta de segurança e tranquilidade pública.

Segurança das populações que não pode ser apenas assegurada no Verão aqui no Algarve, mas o ano inteiro, com mais apoio às forças de segurança e com mais meios.

A amplitude e a gravidade dos problemas sociais que o Algarve apresenta não podem também ser desligados de um modelo de desenvolvimento regional que foi afunilando as suas actividades muito para um único sector – o turismo – que apesar da sua importância para a região e para o país.

Importância que mereceu ainda recentemente uma iniciativa do nosso Partido com a apresentação de um projecto de criação de um Conselho Superior de Turismo que nós consideramos muito necessário para a defesa e desenvolvimento do sector. 

Um modelo de desenvolvimento que subestimou a importância e necessidade da existência, muito visível em momentos de crise, de sectores diversificados, particularmente sectores produtivos ligados à produção de bens materiais de que o país também carece.

Não foi esse o caminho que foi seguido. As políticas de desenvolvimento regional e as políticas nacionais deixaram à sua sorte a defesa das pescas, da agricultura e da industria e as consequências para as populações são muito evidentes.

Perante a gravidade dos problemas a batalha para atrair novas actividades regionais, apoios mais substanciais para a defesa das actividades produtivas instaladas. Isso faz-se com uma activa política de desenvolvimento regional e meios e investimentos direccionados à concretização desse objectivo, coisa que os responsáveis pela condução do país e da região negligenciaram.

Piorou a vida dos trabalhadores e das populações com a resposta que deu e os problemas que criou este governo que agora renega em palavras o neoliberalismo que promoveu com as suas chamadas reformas de “modernidade” que são inaceitáveis retrocessos civilizacionais.

Reformas que se traduziram em significativos passos atrás nos domínios dos direitos laborais com as alterações ao Código de Trabalho e a fragilização de direitos essenciais, bem como na segurança social com a imposição de critérios de actualização e formação das reformas que vão eternizar as situações de pobreza na velhice e obrigar os trabalhadores a trabalhar mais tempo para receber uma pensão ainda mais baixa no futuro.

Reformas que são também inadmissíveis retrocessos civilizacionais e que deram cobertura a uma ofensiva brutal contra o direito das populações à saúde e à educação, mas também cobertura à subversão da natureza da administração pública do Estado de Abril e na criação de dificuldades no   acesso aos serviços públicos pelas populações.  

Ofensiva brutal que só  não foi mais longe na sua fúria destruidora pela oposição que entre-puseram os trabalhadores e as populações com a sua luta.  

Um governo e uma maioria que nada faz no combate à corrupção que permanece e corrói a democracia portuguesa e que nada adiantou na resolução dos verdadeiros problemas que enfrenta a justiça.  

Vivemos num país em que os grandes grupos económicos gozam da protecção da política do Governo para aumentaram a exploração e maximizarem os lucros, enquanto a generalidade da população vê degradadas as suas condições de vida. 

Mas não é  só isso. De facto, nesta legislatura o combate à criminalidade económica e financeira, à corrupção, à promiscuidade e ao compadrio político ou marcou passo ou andou para trás.  

Na área da Justiça, a política deste governo do PS fica marcada pela criação de mais dificuldades para os cidadãos no acesso à justiça cada vez mais dependente de recursos económicos longe do alcance da maioria da população e pela criação de mais obstáculos à investigação e combate à criminalidade mais grave e organizada.  

Mas o estado do país  vê-se na evolução da economia portuguesa, na grave e profunda recessão que país enfrenta, no contínuo processo de desindustrialização do país, de abandono da agricultura e das outras actividades produtivas que levou ao agravamento dos nossos défices crónicos e ao crescimento avassalador da dívida externa que se está transformar cada vez mais num verdadeiro garrote que estrangula e hipoteca o desenvolvimento do país.  

Entre 2005 e 2008 as actividades produtivas definharam, enquanto a especulação imobiliária e a financeirização da economia tiveram um crescimento médio anual de 2,6%.  

Talvez não seja por acaso que os lucros líquidos dos cinco maiores grupos financeiros sempre em forte crescimento nestes anos de governo PS, tenham em tempo de crise profunda, os mesmos cinco, um lucros neste primeiro trimestre de 2009 de 523,9 milhões de euros e os 17 principais grupos económicos no mesmo período 1 172,2 milhões de euros de lucros.  

Por aqui se vê  e confirma que as medidas de apoio ao sector financeiro e aos grandes grupos económicos têm na verdade surtido bom resultado, pois continuam a crescer a um ritmo invejável, enquanto as micro, pequenas e médias empresas, apesar da sua importância no emprego e no desenvolvimento económico, continuam a ver negadas as medidas de fundo indispensáveis ao apoio à sua actividade.

(...)

 

Mais vídeos
Sobre os resultados das eleições autárquicas 2009
Marcha Protesto, Confiança e Luta, 23 de Maio de 2009, Lisboa
denuncia_responde_modulo1.jpg

Sabia que - ver mais
apoiantes_modulo.jpg

«A avaliação de desempenho é uma reforma ganha.» - Maria de Lurdes Rodrigues, ministra da Educação, Correio da Manhã, 17 de Julho de 2009

Candidatos Legislativas 2009

Não há novos eventos
LigaçõesPartido Comunista PortuguêsPartido Ecologista - Os Verdes