Marcha - Protesto, Confiança e Luta!
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Intervenção de Jerónimo de Sousa, Secretário-Geral do PCP |
23 de Maio de 2009 | |
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Imagens RelacionadasPermitam-me que saúde todos os participantes desta inédita e combativa Marcha de Protesto, Confiança e Luta, homens, mulheres e jovens que hoje aqui se afirmam como aqueles que não se conformam, não se resignam, não desistem, que sempre que foi preciso lutaram, que sempre que for necessário lutarão contra as injustiças, as desigualdades, por uma vida melhor, por um país mais desenvolvido, mais democrático e soberano! O que nós andámos para aqui chegar, camaradas e amigos! Animando a luta, pequena que fosse, transformando o protesto e o descontentamento em luta a partir dos problemas concretos, dos anseios concretos e das propostas para a sua resolução, afinal tivemos nestes anos últimos das maiores acções e manifestações do Portugal de Abril. Estamos a viver uma fase na vida nacional de grande complexidade, inquietação mas também de possibilidades, de construção de um rumo diferente. Querem passar uma esponja por cima da brutal ofensiva que desencadearam desde o início do seu mandato e que atingiu de forma dramática os trabalhadores e as populações e levaram à contínua degradação das suas condições de vida e de trabalho. Querem apagar quatro anos de governo persistindo nas mesmas políticas que têm conduzido à degradação dos sectores produtivos nacionais e engordado o grande capital económico e financeiro que continuou a medrar à sombra dos negócios especulativos, das benesses e da posição de privilégio em mercados garantidos que tal política lhes garante, sem qualquer vantagem para o desenvolvimento da economia portuguesa, para o emprego e para a qualidade de vida das populações. Querem fazer esquecer que estes anos de governo do PS transformaram-se em anos de escandalosa apropriação de uma grande parte da riqueza nacional por uma minoria. Querem fazer esquecer que cada ano de governo do PS foi um ano de incomensuráveis lucros para a banca, para os grandes grupos económicos e para a corte, principesca e escandalosamente remunerada, que os serve e garante a sua crescente influência no poder político, o seu domínio absoluto sobre a economia nacional. Foram quatro anos de governo caracterizados pela progressiva desresponsabilização do Estado e pelo crescimento do sector privado em prejuízo dos utentes, nomeadamente com o encerramento de hospitais, de urgências hospitalares, de Serviços de Atendimento Permanente, de maternidades e de centros de saúde, as parcerias públicas/privadas para a construção de novos hospitais e o encarecimento dos cuidados de saúde, enquanto se arrasta sem solução o grave problema de milhares e milhares de portugueses sem direito a médico de família e as longas listas de espera em cirurgia. Um governo que fez dos trabalhadores da Administração Pública não só um bode expiatório das dificuldades do país, como desencadeou o mais brutal ataque depois do 25 de Abril contra os seus direitos prosseguindo a política do PSD/CDS-PP de congelamento e a diminuição dos salários reais, mas também o congelamento das carreiras, o inqualificável agravamento das condições de aposentação, a criação de novas formas de despedimento, a alteração à natureza do estatuto de trabalhador da Administração Pública, posto em causa com a introdução, em larga escala, do regime de contrato individual de trabalho. Não foi apenas com a crise do capitalismo internacional que o desemprego assumiu dimensões, cada vez mais preocupantes. Antes da crise, com este Governo, o desemprego já atingia a mais alta taxa de desemprego dos últimos 20 anos. Foi com o desemprego a crescer que o actual governo do PS alterou, para pior, a lei actual do subsídio de desemprego, particularmente retirando direitos aos jovens, excluindo quase metade dos desempregados no subsídio de desemprego. Não foi apenas com a crise internacional e por causa da crise que somos dos países da Europa com uma das maiores taxas de precariedade, foi com a política de direita desrespeitadora dos direitos laborais e do trabalho com direitos que a precariedade se tornou uma praga social, que alastrou desde o primeiro dia deste governo do PS e continua a crescer. Não foi com a crise internacional, nem por sua causa que conduziu ao agravamento da carga fiscal dos trabalhadores, dos reformados e das camadas populares e ao aprofundamento da injustiça fiscal. Situação de agravamento da carga fiscal que se estendeu também aos milhares de trabalhadores a operar com recibo verde em regime simplificado e que mais não são que trabalhadores precários forçados a trabalhar por conta de outrem enquanto se beneficiava o capital financeiro e os grupos económicos. Não foi com a crise do capitalismo internacional, mas muito antes e em resultado das desastrosas políticas de direita de desindustrialização do país, de abandono da agricultura e das pescas que levou ao agravamento dos nossos défices crónicos, das contas externas e o crescimento a um ritmo imparável da sua dívida externa que se está transformar, cada vez mais, num verdadeiro garrote que estrangula o desenvolvimento do país, conduz à hipoteca do seu futuro e à dependência crónica. Foi com este governo do PS e com os governos que o precederam que os jovens se viram absolutamente desprotegidos e que são, na prática, a linha da frente das gerações sem direitos. Foi com este governo que no ensino secundário se desenvolve uma aposta forte na conversão da escola num mero instituto de formação profissional, assim convertendo as escolas em espaços de reprodução e aprofundamento das assimetrias sociais. Foi com este governo que no ensino superior, a privatização, o processo de Bolonha, o fim da participação democrática dos estudantes e a abertura da gestão académica aos grupos económicos, a elitização e o encarecimento dos custos do ensino universitário e politécnico, não só representam uma política de desqualificação do sistema público de ensino como também significam a impossibilidade, para muitos, da continuidade dos estudos. É esta juventude que é cada vez mais vilipendiada que é sempre utilizada por aqueles que governam há mais de três décadas o país nos seus discursos políticos pré-eleitorais como um floreado da campanha, como uma preocupação que fica bem. É por isso que também aos jovens dizemos que existe outro caminho: um caminho de ruptura, de mudança de esquerda, que coloca no centro da política nacional, não o acessório, não o marketing, mas as verdadeiras preocupações, anseios e aspirações dos jovens. Esse caminho só pode ser construído com a CDU e o seu reforço. Esta força que propõe o fim do trabalho precário e a criação de uma legislação que proteja o trabalhador e o jovem trabalhador, as jovens mães e todos os jovens que buscam habitação própria, através de incentivos ao arrendamento e do alargamento da habitação social e habitação a custos controlados. A mesma força que propõe e executa uma política autárquica de juventude que é exemplo nacional de envolvimento do movimento associativo desde há décadas. O governo pode continuar a tentar esconder-se atrás da crise internacional que é real e que afecta de facto o nosso país. Mas a crise internacional não pode iludir a nossa própria crise interna, nem os problemas do país que se arrastam há anos e que conheceram um novo agravamento com o actual governo do PS. Este governo do PS, tal como anteriores governos do PSD e CDS-PP veio pedir sacrifícios aos portugueses que menos podem com a promessa de mais adiante estar garantido um futuro mais radioso, mas chegados ao fim de quatro anos da sua governação e depois dos muitos sacrifícios, Portugal está pior do que estava antes, tal como a vida dos portugueses. Daqui dizemos aos portugueses, a todos aqueles que foram e estão a ser vítimas desta injusta e desastrosa política, a todos aqueles patriotas preocupados com o rumo do seu país, para trabalharmos e lutarmos juntos e que encontram na CDU a força portadora da política alternativa e duma alternativa política capaz de assumir todas as responsabilidades políticas e institucionais com propostas que se inspiram no projecto, nos direitos e na matriz do regime democrático consagrado na Constituição da República, tendo sempre presente os ideais de Abril. Ouçam, leiam, vejam como é grande a impaciência do grande capital, os senhores do dinheiro para, passadas as eleições, garantidos que estejam por um poder político dócil, salva que seja a continuidade da política de direita, para retomarem com mais agressividade a ofensiva contra os salários e os direitos laborais e sociais, contra as reformas e as pensões, contra o Serviço Nacional de Saúde, contra a Escola Pública. Pode ser que se enganem! Como se enganaram o governo PS e a direita económica que, tendo uma maioria absoluta, o apoio e aplauso dos poderosos, os meios de comunicação social dominante, uma direita política vazia, atarantada e aperreada pela direita económica, fizeram planos para mil anos julgando que estes quatro passados iam ser uma espécie de passeio aqui pela Avenida da Liberdade abaixo! Estão zangados connosco! Uns e outros receiam a CDU. Com razão diga-se! Os trabalhadores e o povo português têm um dilema. Ou aceitam o prosseguimento do rumo desastroso para onde esta política está a conduzir o país ou consideram que é o momento de dizer basta e exigir a ruptura e a mudança pela luta e pelo voto! É no PCP e na CDU que reside a força em que os trabalhadores e o povo português podem, sem hesitação, confiar na força que honra a palavra, que leva a sério os compromissos assumidos, que não cede nem concede perante os interesses instalados que os alimentam e apoiam. É na Coligação Democrática Unitária que reside a força que dá segurança e garantias de não desiludir quem nela confia e apoia, ancorada nas mais sentidas aspirações populares, que usará esse apoio e esse voto, não para ter e para mostrar, mas para agir e lutar por uma vida melhor! Hoje, aqui, perante esta Marcha inesquecível, a maior acção alguma vez realizada por uma força política em Portugal, o sentimento que temos é de esperança e confiança! Esperança e confiança que não ficam à espera porque na força imensa que somos todos juntos, pulsa o coração e o querer para lutar e transformar! Viva a CDU! |