Coimbra | Reconquista de um deputado é aposta firme da candidatura CDU

Comício monumental em Coimbra

21 Setembro

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As Escadarias Monumentais, local de expressão de lutas estudantis, acolheram, segunda-feira, 21, um grande comício da Coligação PCP-PEV. Ali estiveram muitas centenas de pessoas, que, com a sua presença, manifestaram o seu apoio à CDU, fazendo acreditar que algo está a mudar na consciência das pessoas. Jerónimo de Sousa e Manuel Pires da Rocha sublinharam a necessidade de promover a educação, a cultura e a investigação na construção do futuro.

A iniciativa começou com a actuação de alguns músicos da Brigada Víctor Jara. De seguida foram chamados ao palco, por António Moreira, mandatário distrital da Coligação, os candidatos da CDU: Manuel Pires da Rocha, Jorge Seabra, Adelaide Gonçalves, Paulo Coelho, Sérgio Dias Branco, Celeste Duarte, Alfredo Campos, Ana Jorge, António Baião, Fátima Pinhão, Cristina Janica,, Aníbal Martins, Ana Grade e Isabel Magalhães.

O momento contou ainda com a entrega, por Mário Nogueira e João Louceiro, de 850 assinaturas de professores e educadores que apoiam a Coligação PCP-PEV. «Estamos aqui no comício da CDU que é manifestamente a força que elege mais deputados que ao longo dos anos mais têm combatido em defesa da Escola Pública e pelos direitos dos seus profissionais, das crianças e dos jovens em Portugal», afirmou Mário Nogueira, Secretário-Geral da Fenprof.

Depois de Paulo Coelho, candidato da Coligação PCP-PEV e membro do Partido Ecologista «Os Verdes», que fez um balanço do trabalho dos ecologistas na Assembleia da República, interveio Manuel Pires da Rocha. «O distrito de Coimbra precisa de deputados da CDU», afirmou, dando conta de que «nestes dias andamos nas ruas todas deste distrito a falar com toda a gente». «Rumamos com os nossos argumentos contra uma maré de falsidades e criativas sondagens que inventam empates técnicos, indecisos e até tendências como nas revistas da moda», destacou, acrescentando: «lutamos contra o poder do dinheiro que paga mil vezes mil mentiras e as serve de mão beijada aos consumidores de ilusões».

«Cada deputado da CDU é mais um deputado a favor da dignidade, da produção nacional, por um ensino público de qualidade, do Serviço Nacional de Saúde, do emprego com direitos, da valorização das reformas e pensões, de um por cento do Orçamento do Estado para a Cultura, dos serviços públicos e de tudo aquilo que já conseguiu ser conquista da democracia», disse ainda.

Problemas mantém-se

Por seu lado, o Secretário-Geral do PCP referiu que, em vésperas de eleições, o Governo empurrou a abertura do ano lectivo para uma semana mais tarde, tentando fazer esquecer a «caótica situação do ano passado, em que, por grosseira incompetência técnica, milhares de professores não foram colocados atempadamente, levando a que, quase no final do primeiro período, ainda houvesse alunos e turmas sem todos os professores».

Agora «o problema não é só a colocação dos professores. Há todos os outros problemas que se mantêm e que temos vindo a denunciar. São o resultado de uma política de desvalorização da Escola Pública e de um processo de elitização da Educação com contornos políticos muito claros», denunciou, referindo-se aos «cortes na educação no valor de três mil milhões de euros, nos últimos quatro anos», às «alterações na organização das escolas que lhes retiraram horas indispensáveis para desenvolverem projectos de promoção do sucesso e combate ao abandono» e às «condições de trabalho e horários de docentes e não docentes que foram agravados e são pedagogicamente desajustados».

Jerónimo de Sousa alertou ainda para a «maior instabilidade do corpo docente, com milhares de professores com vínculo precário ao fim de 10, 20 e mais anos de serviço», o «défice de milhares de assistentes operacionais e dos mais diversos técnicos, sendo exemplo dessa situação de carência o rácio de um psicólogo por cada 1700 alunos», a «constituição de turmas com 30 e mais alunos», a «ausência de resposta adequada para milhares de alunos com necessidades educativas especiais a quem é negada igualdade de oportunidade na escola e na vida», a «existência de mais de três centenas de mega-agrupamentos, estruturas que desumanizaram a vida das escolas e dificultam a sua organização e gestão» e os «currículos escolares empobrecidos».

Revogar a municipalização

Perante centenas de pessoas, que preenchiam parte dos 125 degraus daquelas escadarias, Jerónimo de Sousa denunciou a contratualização com privados de respostas que as escolas públicas estão em condições de dar, mas também o processo de municipalização da educação que arrancou em 15 autarquias.

«Não é descentralização, isto é outra coisa! E, se dúvidas existissem, aqui bem perto, a Câmara de Águeda, logo no primeiro dia útil em que assumiu as novas competências delegadas pelo Governo, informou os professores que encerraria o 3.º Ciclo do Ensino Básico. Tal só não aconteceu dada a pronta reacção de professores, pais e encarregados de educação», salientou, informando que da parte da Coligação PCP-PEV «tudo faremos na próxima legislatura para revogar a municipalização do ensino, processo que põe em causa a autonomia das escolas».

Críticas ao PS

O Secretário-Geral do PCP teceu ainda fortes críticas a António Costa, que recentemente afirmou que vai voltar à paixão pela Educação. «A que paixão estaria referir-se?», interrogou, denunciando que, nos últimos dois governos do PS, foram encerradas mais de 3100 escolas do 1.º Ciclo do Ensino Básico.

O PS criou ainda «um batalhão de 37 mil docentes precários, facilitando a vida ao actual Governo que, nestes quatro anos, atirou mais de 20 mil destes para o desemprego» e a «Prova de Aquisição de Conhecimentos e Competências, que serve para enxovalhar os professores e excluí-los da profissão». Impôs também «um novo quadro legal da Educação Especial, retirando os apoios necessários a milhares de alunos com dificuldades de aprendizagem», levou à «criação dos mega-agrupamentos» e iniciou «os processos de alteração avulsa dos currículos escolares». «Congelou carreiras, reduziu salários e agravou o acesso à aposentação, herança que PSD e CDS agradeceram e mantiveram nos quatro anos em que governaram», acusou.